“Nada como um dia após o outro”. Frase muito gasta, mas com resultados infalíveis. Faz ,exatamente, duas semanas que evoquei um discurso, inusitado, em sala de aula para vários alunos acerca do que poderíamos elaborar para o resqate da cultura sergipana. Em meio ao conteúdo central, sabemos que é real o escárnio praticado por outros estados, a exemplo , Bahia e Pernambuco, quando se trata de discutir as raízes da cultura sergipana.
Se temos cultura? sim, senhor! Mas com o decorrer dos tempos, temos visto e previsto uma desvalorização, ou melhor, uma valorização insípida por parte dos poderes públicos para fazer sobressair as raízes tipicamente sergipanas. Claro que o esperado é termos um resultado positivo a partir do momento em que as críticas são feitas como prospecto para que acordemos e façamos a edificação real das riquezas desta terra, na dança, na literatura, da dramaturgia, na música , com a presença de poetas e artistas que precisam, somente, de apoio para criar a identidade real do sergipano pelo sergipano através das múltiplas faces das artes.
Vale elencar que neste processo, seja genuinamente sergipano ou adotados como tal, por direito, caso particular, depois de ter letrado e auxiliado tantos outros a aprenderem e entenderem melhormente a língua portuguesa, todos fazemos parte de um mesmo espaço e queremos nele perceber a presença das artes. É meio frustrante, muitíssimo aliás, vermos que nenhum nome da música sergipana conseguiu ultrapassar as barreiras do mercado fonográfico, com música de qualidade, para corroborar no intuito de ligarmos o rádio , e sem jabá pré-estabelecida , podermos ouvir Amorosa cantando o máximo de “Coco da Cápsula”, mixando a música à capacidade teatral, peculiar aos verdadeiros artistas. É magnânimo poder vivenciar, de perto, a luta destas pessoas que abrem espaço para que outros artistas encontrem um público mais consciente das bases, valorizando o que é da terra para poder frutificar a própria terra. Não sei em que momento,de forma concreta, os baianos começaram a fazê-lo, o ato da valoração, no qual até a vendedora de Acarajé transforma-se em patrimônio de uma cidade cultural made in Bahia. É interessante como letras de músicas determinantes , somente, de sonoridade, ganham a Bahia , rompem padrões e lotam o Maracanã para , todos em coral, cantarem “abalou, abalou, abalou,,,, somatizando à outra “brilhante” que insistentemente diz “porque meu coração é asa, é asa, é asa… quebra aê, quebra aê, olha o asa aê”, fazendo valer a intenção de que , qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, dita mil vezes passa a ser verdade ou aceita pelo público como o máximo…”desculpem os letristas baianos, mas neste momento me reporto à qualidade esquecida pelas pessoas e viva em mulheres de Atenas de Chico, em Oceano de Djavan, de Renato Russo, de Gal, da sutileza de João Gilberto e de Tom Jobim. Quais os jovens que os escutam? Quase nenhum. Esta realidade é que aplaca, e , talvez, devêssemos aprender com a persistência da Bahia em reconhecer os nosso valores , vivos ou não. Faço o mérito até as faculdades e universidades, que resgatem as respectivas faculdades e façam os jovens lerem mais as literaturas da terra, porque as temos. Como podemos falar em Jorge Amado, Eça , Graciliano e , ao mesmo tempo, nos vestibulares, ignorar o talento de Silvo Romero, Tobias Barreto ? Por favor, se no-los tivéssemos, ok, mas os temos e isto já se faz o bastante para lermos.
Queridos, vejam que por intermédio do intelectual e professor de Direito da Universidade Federal, Prof. Dr Anderson Nascimento, a Academia Sergipana , aberta, no centro, com raridades em obras originais, de maneira tristonha, é ignorada pela geração atual. Posto isto, não haverá a cultura preservada , somente, através do forró, produzido pela TV Sergipe, não. A intenção é benéfica, comercial, mas os meios de comunicação de massa deveriam abrir este espaço para bombardear, neste prisma positivamente, a mente dos jovens telespectadores para feira de livros, idas ao teatro. De maneira infeliz, isto nem sempre acontece. O que queremos é mais. Queremos, por que não, as pessoas com o livro de Araripe Coutinho, bem recebido no Tribunal de Contas do Estado pelo respeitável presidente Carlos Pinna de Assis, Conselheiros, dentre eles, Isabel Nabuco, mais o chefe de Cerimonial, o competente Lupércio, para uma manhã, bela, na qual, de portas abertas, o grande poeta vivo pôde autografar as obras e ler poesias profundíssimas, de conteúdo, do seu mais novo livro, do qual fui , com orgulho, corretor, para resgatar parte da cultura Sergipana.
Negar a riqueza cultural desta terra, dos talentos, trabalhados todos os anos no período do Prêmio Banese de Literatura é impossível. Todavia, que os professores de hoje, que somente fazem resumo de romances, ignorando o incentivo à leitura, cumpram o papel a cada um cabível para disseminar o desejo pelas literaturas, dentre elas a Sergipana. Estas transformações começam a acontecer em vários espaços , antes fechados, como as exposições realizadas na Assembléia Legislativa, na Gestão do então Presidente Antônio Passos, em Faculdades que aguardam o Curso de Letras, responsável por parte desta disseminação, a exemplo a Faculdade Pio Décimo, na qual o diretor José Sebastião dos Santos e a ex-secretária adjunta de Educação do Estado Lenalda Dias, Diretora Acadêmica Da Instituição proferiram ao processos a possibilidade de expansão da Literatura Sergipana no curso em gestação.
Visto este processo, as evoluções começam a ser reais. Que as Amorosos, poderosas, surjam, que os Araripes continuem entoando as canções entoadas, sempre, por Abujamra e que novos gestores, sensíveis e intelectuais, estabeleçam possibilidades para a manutenção da arte nas sua infinitas dimensões “Dare Lumina Terris”.