DESCER DO PALANQUE

O governador eleito Marcelo Déda (PT) desceu do palanque em que disputava as eleições estaduais. Venceu o pleito e manteve-se de tênis. A vitória expressiva não alterou o comportamento de um cidadão que sempre se comportou com civilidade e solicitude. Não se ouviu dele uma única palavra de agressão, como se quisesse tripudiar sobre os vencidos. A política é para quem sabe perder e ganhar. Marcelo Déda, entretanto, não parou um minuto sequer, porque trabalha para manter o presidente Lula no Planalto, o que não está fácil em razão do crescimento de Geraldo Alckmin (PSDB), neste segundo turno.

Além disso, o ex-prefeito Marcelo Déda está conversando sobre a equipe de transição, que deve começar a atuar já a partir da próxima semana. Nos primeiros dias de novembro avançará nos contatos para formação definitiva do secretariado. Até o Natal tudo estará concluído para assumir o Governo em primeiro de janeiro. Imediatamente após, o governador já empossado vai trabalhar, junto aos deputados estaduais, para fazer o presidente da Assembléia Legislativa. Vai precisar de muita conversa e paciência, porque terá que ceder para conquistar objetivos que garantam tranqüilidade aos seus projetos. Não será apenas ter a Mesa Diretora do legislativo a seu favor, mas também buscar a maioria na Casa, o que não será tão fácil.

Marcelo Déda sabe ser adversário, sem necessariamente se tornar inimigo.

Quando foi eleito deputado estadual, em 1986, Déda subiu à Tribuna para responder a uma acusação do também deputado Rosendo Ribeiro, que tentou jogá-lo contra o seu colega, general Djenal Tavares de Queiroz: “quero dizer que tenho divergências ideológicas com o general Djenal, mas somos grandes amigos e às vezes recebo dele conselhos e sugestões”. Realmente Déda sentava logo atrás de Djenal e os dois conversavam sobre problemas naturais das atribuições que exerciam, um respeitando o ponto de vista do outro. O governador João Alves Filho (PFL), quando não estava em campanha, sempre manteve um relacionamento amistoso como então prefeito Marcelo Déda e, no dia 2 de outubro, reconheceu a derrota e telefonou para o governador eleito cumprimentando-o e desejando-lhe sucesso na sua nova missão de administrar o estado.

Evidente que ficam mágoas da campanha, mas o resultado das urnas, que representa a vontade soberana do povo, supera tudo isso. Certamente Déda e João jamais serão aliados. Também não serão inimigos.

Diferentemente do governador eleito Marcelo Déda, que se comporta dentro da postura que o novo mandato lhe impõe, assim como o fez quando se elegeu deputado estadual, federal e prefeito da capital, o deputado federal Jackson Barreto (PTB), do alto dos seus mais de cem mil votos, o que fortalece o seu mandato, passou a agredir de forma muito violenta aos adversários, formando inimigos e, quem sabe, até prejudicando o trabalho de Marcelo Déda que, como o também deputado federal eleito Jerônimo Reis disse, vai precisar da bancada que lhe faz oposição. Em algumas discussões importantes para o estado, como as emendas orçamentárias, o futuro governador vai precisar de todos os membros da bancada, assim como aconteceu com governantes anteriores. E se de repente Jerônimo deixar de atender a um pedido simples de Marcelo Déda, apenas por birra com Jackson Barreto? Não seria bom para ninguém, principalmente para o estado.

Em razão disso está na hora de retornar à planície, tirar os sapatos altos, descer do palanque e desentrançar ranços que se formam na adversidade da vida pública. Insultos, deboches e xingamentos não levam a muita coisa, num momento em que um novo governo precisa somar, para administrar com tranqüilidade. O deputado federal Jackson Barreto não precisar expor um estilo que não corresponde ao montante de votos que recebeu. É preciso mais humildade, menos arrogância e tranqüilidade. O ódio é um sentimento pequeno e digno dos fracos e pobres de espírito.

 

 

MINAS

O governador João Alves Filho (PFL) participou, ontem, do apoio que os prefeitos de Minas Gerais deram ao candidato a presidente Geraldo Alckmin.

João Alves estavam ao lado do seu colega de Minas Aécio Neves, no salão Lapa Multishow, quando Alckmin garantiu aumento de 1% no FPM.

 

CHEGADA

João Alves Filho estava em Brasília na segunda-feira passada e participou de reunião do comando nacional da campanha de Geraldo Alckmin.

No final da tarde, João Alves viajou para Belo Horizonte e teve um encontro com Aécio Neves. Ontem participou da solenidade ao lado de Alckmin.

 

MODELITO

De Denise Rothenburg, do Correio Brasiliense: “o governador eleito de Sergipe, Marcelo Déda (PT), acredita que Geraldo Alckmin vai deixar de lado o terno e a gravata e usar um outro modelito”.

Veja só: “Alckmin deixou a batina de bom moço do lado de fora do estúdio e vestiu o figurino Heloísa Helena. No próximo debate, se brincar, vai vestido de calça jeans e bata branca”.

 

AGENDA

O governador eleito Marcelo Déda tem uma agenda cheia até sexta-feira, quando fará visitas a várias cidades do interior.

Déda está em campanha pela reeleição do presidente Lula da Silva, que disputa segundo turno com Geraldo Alckmin.

 

BELIVALDO

O deputado Belivaldo Chagas (PSB), vice-governador eleito, disse ontem que ninguém está com pressa para eleger o presidente da Assembléia Legislativa.

Acrescentou que falta muito tempo: “a eleição do novo presidente ainda se dará no dia primeiro de fevereiro”, disse.

 

NAMORO

Belivaldo Chagas admite, entretanto, que esse período será de namoro estilo “tempo antigo”, que se começa com o piscar de olho.

Até lá muita água vai rolar e tudo pode acontecer, dependendo inclusive de que se eleja presidente da República: “espero que seja Lula”, antecipou.

 

BOSCO

O deputado federal Bosco Costa (sem partido) disse que vai aguardar até o próximo ano para tomar uma posição quanto à filiação em uma outra legenda.

Bosco acredita na possibilidade de uma reforma política logo no início da nova legislatura, para que se ofereça uma nova legislação partidária.

 

EXEMPLO

Bosco Costa revelou que desde 1998 votou no candidato a governador do PT, José Eduardo Dutra, “e o então governador Albano Franco concordou com isso”.

Acha que Albano não precisava fazer coligação esse ano com ninguém para eleger-se deputado federal: “eu mesmo seria candidato à reeleição para ajudá-lo”, disse.

 

KÉRCIO

O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Kércio Pinto, recebeu convite formal para ser secretário da Segurança Pública daquele Estado.

A Polícia Federal quer que Kércio seja adido na Colômbia. Kércio Costa Pinto foi superintendente da PF em Sergipe por muitos anos.

 

OPOSIÇÃO

O líder do Governo na Assembléia Legislativa, deputado Venâncio Fonseca (PP), disse ontem que o governador eleito Marcelo Déda pode ficar tranqüilo.

“Faremos uma oposição com muita responsabilidade e sem prejudicar o estado de nenhuma maneira, porque esse não é o nosso estilo”, disse Venâncio.

 

SUCESSÃO 

Geyvson Andrade, através de e-mail, diz que em Monte Alegre já estão tratando da sucessão municipal e o “prefeito João Aragão (PTB) está preocupado”.

O vice-prefeito Dinho (PL), irmão do deputado federal Heleno Silva (PL), declarou-se candidato a prefeito em 2008.

 

JERÔNIMO

O deputado federal eleito Jerônimo Reis, em entrevista ao radialista George Magalhães, respondeu a Jackson Barreto (PTB) quanto a recusa para compor o futuro governo.

Disse que Jackson pode ficar tranqüilo: “vou ficar na oposição, mas tenho certeza que o seu governo é que vai me procurar”.   

 

CONDOLÊNCIAS

O senador Valadares apresentou condolências às famílias das vítimas do acidente com o avião da Gol, ocorrido no dia 29 de setembro, expressando sua consternação.

Valadares fez uma menção especial à tripulação da aeronave e aos quatro passageiros que tinham o estado de Sergipe como destino final.

 

 

Notas

 

ALMEIDA

O senador Almeida Lima (PMDB) criticou com veemência o que chamou de estratégia do PT, que para ele tentou excluir o tema ética do debate promovido domingo passado, entre os candidatos à Presidência, com o argumento de que esse tema não faz parte do plano de governo dos dois candidatos.

Para Almeida, Lula fugiu às atribuições de presidente, ao se eximir da responsabilidade de demitir os então ministros da Casa Civil, José Dirceu, e da Fazenda, Antonio Palocci, ao ficar evidenciada a participação de ambos em irregularidades.

 

VALADARES

Ao informar que diversas prefeituras do país estão enfrentando dificuldades financeiras devido endividamento com a Previdência Social, o senador Valadares (PSB) defendeu a aprovação, de um mecanismo estabelecendo que a parcela da dívida com a Previdência não ultrapasse 13% de suas receitas.

Há prefeituras sendo obrigadas a retirar 40% de suas receitas totais para depositar nas contas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Lembrou que esse depósito é compulsório, sob pena de intervenção no município.

 

CPMF

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, manifestou-se a favor da prorrogação da CPMF cujo fim está previsto para o ano que vem. O ministro também defendeu o aumento da vigência do tributo por 10 ou 15 anos e, ao mesmo tempo, a redução gradual de sua alíquota, dos atuais 0,38% para 0,08%.

O ministro disse que é possível regulamentar gastos com saúde este ano e classificou o assunto como “uma caixa de abelhas, do ponto de vista político”, por envolver disputas por receitas entre a União, os estados e os municípios.

 

 

É fogo

 

A perspectiva é que os programas eleitorais tenham o mesmo tom do debate ocorrido domingo na Bandeirantes.

 

Alguns candidatos a deputado estadual e federal eleitos viajaram para descansar de uma campanha acirrada.

 

Alguns deputados eleitos também estão percorrendo municípios para agradecer a votação que tiveram de parte do eleitorado.

 

Discute-se nos bastidores a formação da nova mesa diretora da Assembléia Legislativa. O assunto ainda está entre os parlamentares.

 

Jorge Araújo (sem partido) fica fora da Assembléia no próximo ano, mas é um nome para ocupar um cargo no setor agrícola.

 

Ulices Andrade (PSDB) ainda se mantém no partido, mas a tendência e ingressar em outra legenda ao lado do mesmo grupo que deixou o ninho tucano.

 

O PSB pode dar uma engordada em Sergipe nos próximos meses, com o ingresso de alguns parlamentares.

 

Tanto Alckmin quanto Lula vão visitar Sergipe neste segundo turno. Nada que demore mais de três horas para um comício.

 

O Banco do Brasil deverá registrar neste ano forte crescimento no crédito consignado ofertado aos seus clientes.

 

brayner@infonet.com.br

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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