Meus quatro gatos e o Bruce (meu cão), não precisam de meditar, de rezar, de fingir que praticam boas ações para conseguirem conquistar, seja lá o que for. Afortunadamente, eles não têm de lidar com essa nossa condição única, que é a de ter consciência da nossa finitude.
Isso os torna ao meu ver, ainda mais superiores do que nós, que mesmo sabendo desta verdade inevitável, agimos e pensamos de forma exclusivista.
Ao longo da semana passada, levei um choque. E sem moralismo (diferente de moralidade) adoeci. Adoeci de tristeza.
Vivendo nesse mundo de altíssima tecnologia, me fazia crer que éramos modernos. Doce ilusão, pois que modernidade é essa que vive sufocada debaixo de tanto preconceito? que modernidade é essa que nos últimos dias se rebelou mostrando vestir uma camisa de força da ignorância e da alienação?
Nos últimos dias, tive minhas emoções mexidas drasticamente ao constatar quantas pessoas ainda estão presas em suas vaidades, egoísmos e devaneios. Talvez eu também seja uma delas.
É verdade, o conhecimento e a consciência do real, me geraram grande sofrimento, foi repugnante ver, tantas pessoas queridas, apartadas do mundo, imersas em suas ideologias individualistas e consumistas com tanta falta de visão social e política, diante dessa realidade que nos circunda.
Foi um choque. E o jeito que estou encontrando para processar tudo isso é refletir. Ando revendo conceitos, elaborando alguns valores, pois minha alma tem que continuar crescendo.
Desde então, estou num momento de introspecção, repensando a vida e todas as coisas que nela me causam tamanho susto. Reflito com melancolia e um imenso incômodo. Eu sei, não existem garantias para lhe dar com gente, nem receitas. Mas, estou reformulando algumas coisas, deletando outras, criando novas, também. Não quero me tornar uma pessoa tediosa, sem graça, nem fervor, não quero permitir que o meu pessimismo com o mundo, me deteriore.
Talvez seja a minha desordem emocional a culpada por tamanho mal estar, estou excessivamente fragilizada, desesperançosa e entristecida. Nesses últimos dias, estou tão confusa…
Será que sou eu a desajustada? Me recuso a constatar que vivemos num mundo onde a maioria das pessoas está lutando para se enquadrar em um desses modelos absurdos que a sociedade nos impõe e que vivem apenas para arcar com suas dívidas morais, financeiras e emocionais. Onde nascer, trabalhar e morrer parecem as coisas mais normais a se fazer. Se for isso, estou perdida.
Nunca vou aceitar nenhum tipo de ideia pré concebida, minha natureza é inquieta, sempre vou me debater e ficar perplexa com conceitos sem sentido, com tradições mal explicadas.
O que sei é que não posso me deteriorar…. Preciso me expandir… (nem que seja através da arte), continuo exercitando o hábito de não julgar. Como é difícil!! essa semana , cai. Preciso exercitar mais a compaixão, por mim e pelo outro, também. Não quero ter uma existência pacata, e caminhar pela vida, enxergando apenas o que me convém.
Desejo que os próximos dias me tragam um pouco mais de humor e que os meus bons afetos me ajudem a viver melhor. Vou voltar a ler Saramago, não quero me cegar, jamais!!
Que os meus animais de estimação, mesmo que de maneira silenciosa, mas tão eficaz, me ajudem com sua ternura a voltar a acreditar.