Celebrado anualmente no dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher é marcado pela luta feminina em prol dos direitos igualitários — que inclui, entre outras coisas, os direitos aos cuidados com a saúde sexual feminina.
Aproveitamos o momento para chamar à atenção da necessidade de discutir as principais barreiras que impedem as mulheres de se prevenirem das Infecções Sexualmente Transmissíveis, principalmente do HIV e da Sífilis.
Levantamentos recentemente realizados pela Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe mostraram que, no período dos últimos 10 anos, foram registrados 6.872 homens vivendo com HIV/Aids e 2.109 de mulheres com o mesmo agravo. Essa diferença entre homens mulheres com relação ao HIV já foi bem maior no passado. Vários fatores podem indicar essa aproximação do número de mulheres com HIV/Aids em relação ao número de homens: a mulher procura mais os serviços de saúde para fazer os testes rápidos, principalmente diante da possibilidade de engravidar. Também a própria mulher procura bem mais os serviços de saúde para se cuidar, de um modo em geral. Já os homens realizam bem menos, os testes rápidos nas Unidades de Saúde.
O registro de mulheres soropositivas além de indicar dificuldades no uso do preservativo pelo parceiro sexual ou pela própria mulher, traz uma grande preocupação: a possibilidade de gravidez estando soropositiva e o nascimento de crianças expostas ao HIV ou até infectadas, caso não seja feito um pré-natal de qualidade.
Um outro dado levantado pela Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe foi que, também no período dos últimos 10 anos, foram detectadas 5.160 mulheres com sífilis adquirida, 4.416 homens com o mesmo agravo e 5.994 gestantes com sífilis, o que vem trazendo, como consequência, o nascimento de muitas crianças com Sífilis Congênita.
A infecção pelo HIV e Sífilis nas mulheres são dois agravos que não comprometem apenas à saúde sexual feminina, mas a qualidade de vida das crianças.
A vulnerabilidade Feminina
Existem vários fatores que colaboram para aumentar o risco e agravar o quadroclínico das IST na população feminina.
A violência baseada em gênero, a exploração sexual e o uso de drogas estão entre os muitos fatores que podem aumentar a vulnerabilidade ao HIV e Sífilis, entre mulheres jovens e meninas adolescentes.
Outro fator é decorrente de uma maior demora em diagnosticar o HIV entre as mulheres, resultando em uma intervenção tardia e consequentemente em uma diminuição do tempo de sobrevida.
Mulheres soropositivas ainda enfrentam muitas barreiras, tanto no nível da prevenção quanto no tratamento da infecção pelo HIV. A mulher com HIV sofre problemas de saúde ginecológicos que, devido à infeção por HIV, são mais difíceis de tratar. A mulher com HIV é mais vulnerável, por exemplo, à infeção pelo vírus do papiloma humano (HPV), o qual pode levar ao aparecimento de verrugas genitais ou desenvolvimento de câncer do colo do útero. Além disso, pode surgir herpes genital recorrente ou candidíase vaginal.
Um fator que torna a mulher mais propensa a adquirir o HIV diz respeito às suas próprias características físicas. A mucosa da vagina, ao ter contato com o esperma de um homem soropositivo, facilita que o vírus da Aids se instale no corpo. Além disso, a superfície de contato do órgão genital feminino é muito maior comparada ao masculino, o que também favorece a infecção.
Outra questão que influencia no fato de a mulher estar contraindo o HIV é a vulnerabilidade do ponto de vista social, o que faz com que a prevenção seja deixada de lado. Muitas mulheres casadas não acham que podem contrair a infecção do marido, e há solteiras que costumam ter dificuldade em negociar o uso do preservativo com o parceiro sexual.
Por outro lado, mulheres com sífilis muitas vezes não conseguem convencer seus parceiros sexuais de que a realização dos exames e o tratamento tem que ser do casal e que o preservativo é importante como auxiliar no tratamento dessa infecção bacteriana tão frequente hoje.
Sexualidade e Prevenção
A sexualidade é um aspecto fundamental para a qualidade de vida da mulher, sendo importante que ela conheça o próprio corpo e se mantenha informada a respeito da saúde sexual feminina.
Aproveitamos ainda o Dia Internacional da Mulher para lembrar a todas as mulheres e seus parceiros sexuais que novas medidas de prevenção às IST/HIV/Aids estão sendo disponibilizadas pelo SUS, não ficando a prevenção limitada apenas ao uso do preservativo. Trata-se da Prevenção Combinada que inclui, além dos métodos tradicionais de prevenção (preservativos, redução de danos), as novas tecnologias usando medicamentos para prevenção, como a PEP – Prevenção Pós-exposição ao HIV, PrEP – Prevenção Pré-exposição ao HIV e Tratamento como prevenção. Uma mulher soropositiva que está grávida, por exemplo, terá uma grande chance de gerar um bebê saudável, se todas as medidas profiláticas forem corretamente utilizadas. Um casal sorodiferente (quando um é soropositivo e outro não) pode evitar a transmissão sexual do HIV caso faça o uso regular de medicamentos antirretrovirais.
BOA SAÚDE SEXUAL PARA TODAS AS MULHERES E SEUS PARCEIROS !