Andreza Maynard
Doutoranda em História Unesp
Membro do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)
O filme “Diana” estreou nos cinemas brasileiros em 18 de outubro de 2013. Dirigido por Oliver Hirschbiegel, a produção com 1h53min., que foi classificada nos gêneros de drama e biografia, conta a história dos últimos anos da vida de Lady Diana Frances Spencer, a Princesa de Gales, também conhecida como Lady Di. Os principais papeis são interpretados por Naomi Watts (Princesa Diana), Dr. Hasnat Khan (Naveen Andrews), Geraldine Janes (Oonagh Toffolo), Charles Edward (Patrick Jephson), Juliet Stevenson (Sonia) e Cas Anvar (Dodi Al-Fayed). Esperando encontrar na tela as polêmicas que cercavam a “Princesa do povo”, o público tem se deparado com o enfoque num aspecto particular da vida de Diana: o romance entre ela e Hasnat Khan.
Já no início do filme temos a sensação de que Diana está sendo vigiada. As opções de tomadas feitas pelo diretor dão a impressão que uma câmera persegue a mulher mais famosa do mundo. A narrativa começa em 1997, em Paris, e volta no tempo para contar os últimos dois anos da vida de Lady Di. Esse é o momento em que ela está se divorciando do Príncipe Charles.
Vivendo separada do marido e dos filhos, Diana mantém uma rotina em que aparece em situações públicas como um ícone fashion, elegante, polida e voltada para causas humanitárias. Por outro lado a película explora seu lado reservado. Ela retira o salto alto ao chegar ao seu ambiente privado, usa chinelos e moletons quando está em casa. Uma das características mais marcantes do filme é justamente a tentativa de mostrar que intimamente Diana desejava ser uma pessoa comum.
A maior parte da trama é dedicada à relação entre Diana e o cardiologista paquistanês Hasnat Khan. O tratamento inicial que o cardiologista dispensa à princesa é justamente o contrário do que se esperava. Ele a trata como uma pessoa comum e isso encanta Diana. Os dois engatam um romance. As idas e vindas entre os dois são intercaladas pelos compromissos humanitários assumidos por Diana. Outro aspecto ressaltado pelo filme é a perseguição dos paparazzi à princesa.
O filme procura evitar polêmicas. Assim as raras menções à família real, e mesmo ao príncipe Charles e aos filhos do casal, são notáveis na película. A crítica tem apontado que para um filme que se pretende biográfico, muitos aspectos e personalidades importantes na vida de Lady Di foram mencionados superficialmente. Sobretudo para os ingleses, que acompanhavam com afinco as fofocas sobre as traições de Charles (inclusive há rumores de que isso tenha ocorrido com uma babá de William e Harry), a película simplificou demais a complicada relação conjugal da alta nobreza britânica.
Outros problemas têm sido apontados, como por exemplo, o fato dos protagonistas não convencerem muito como um par romântico. Além disso, o filme retrata Diana como uma mulher desesperada para encontrar um homem. Para manter o romance com Hasnat, Diana chega a fazer uma faxina no apartamento do cardiologista. Ela é capaz de se submeter a qualquer situação para ter o amor do parceiro. No entanto a pressão da mídia sobre a Princesa e os interesses particulares do médico paquistanês acaba afastando os dois. Ao fim do filme surge Dodi Al-Fayed, retratado como alguém sem muita importância na vida de Diana.
O ponto alto do filme é a atuação de Naomi Watts, no papel de Diana. A atriz copiou alguns trejeitos da princesa de Gales, como o jeito de andar, o sotaque, o sorriso e principalmente o olhar. Isso para não falar da caracterização física, os cabelos, as roupas, etc. Na película todas as capas de jornais e revistas com as notícias verídicas sobre Diana foram reproduzidas com a imagem de Naomi Watts. A atriz tem um desempenho notável ao encarnar Diana durante a entrevista que a princesa concedeu à BBC, na qual falou publicamente sobre a traição de Charles com Camilla Parker Bowles.
De uma forma geral o filme é favorável à imagem de Diana. Trata-se de uma homenagem, mas que conforme já foi dito, deixa aspectos importantes da vida da Princesa de lado. A película pouco se refere à relação que ela manteve com os súditos ingleses e a sociedade da época. De maneira semelhante, não há especulação a respeito das causas de sua morte, em 31 de agosto de 1997. Isso aparece na película como uma fatalidade, um grande pesar causado provavelmente pelo assédio dos fotógrafos. Em todo caso vale conferir o filme. Dezesseis anos após sua morte, a “Princesa do povo” continua despertando a curiosidade alheia.