Diferente Déda, JB quer tudo para PMDB

“O jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter.” Cláudio Abramo.

As lideranças políticas do bloco de sustentação do governo estadual começam a sentir a falta do estilo republicano do eterno governador Marcelo Déda.

Quando assumiu o governo, Déda entendeu que o PT já tinha o cargo maior e procurou revezar com os aliados a prefeitura de Aracaju. A eleição de 2008 (a primeira com ele governador) o grupo apresentou Edvaldo Nogueira, quando alguns petistas, a exemplo de Nilson Lima, queriam disputar. Déda preferiu brigar com o amigo e compadre para fortalecer a aliança. Já em 2012, quando o PT novamente queria a prefeitura, Déda teve um embate duro com Rogério Carvalho e no fim – mesmo com o boicote do grupo de Rogério na campanha – prevaleceu a aliança e o nome de Valadares Filho, do PSB.

Agora a ganância do PMDB assusta as lideranças aliadas ao “bater o pé” na candidatura do peemedebista Zezinho Sobral, que mesmo com um marketing diário não consegue chegar aos dois dígitos nas pesquisas. Até o próprio PT está dividido. Alguns entendem que Rogério só pensa em 2018 e para tornar o projeto viável que matar dois coelhos com uma cajadada só: agradar a Jackson apoiando Zezinho e jogando Eliane Aquino na fogueira como vice, numa derrota vexatória.

As lideranças – de pelo menos três partidos aliados – acenderam o sinal de alerta e tentam agora costurar uma aliança que até a semana passada seria impossível: um diálogo maduro do PCdoB e do PSB, onde os pré-candidatos Edvaldo e Valadares Filho possam sentar pensando não só em 2016, mas em 2018.  A tese é que o  PMDB  trabalha para isolar Edvaldo e Valadares para que eles sejam forçados a desistirem das candidaturas.

Na aliança está claro que o radicalismo de Jackson em torno de Zezinho Sobral é sinal que ele não quer vestir o pijama em 2018, como já anunciou. E chegam a duvidar da “briga” de Jackson e Robson Viana que trocou de partido e é aliado de João Alves. Será a abertura do caminho para 2018?  O blog não acredita: Jackson não vai querer levar a pecha de mentiroso no fim de carreira.

A certeza é que se as lideranças conseguirem unir Edvaldo e Valadares Filho a nau do PMDB naufragará antes mesmo de sair do estaleiro.

Edvaldo defende frente ampla de partidos
O pré-candidato a prefeito de Aracaju pelo PC do B, Edvaldo Nogueira, compareceu na sexta-feira, 6, à Convenção Estadual do PDT, que foi realizada no plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe. A convenção contou com as presenças do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi e do ex-ministro Ciro Gomes. Em seu discurso, Edvaldo saiu em defesa da democracia e do fortalecimento dos partidos. Ele também falou sobre as eleições municipais de 2016.

Militância
O pré-candidato fez questão de ressaltar a importância da formação de uma frente nas eleições municipais de 2016. “Estou aqui porque vejo no PDT coragem e luta. Vejo uma militância aguerrida, companheiros que já vi nas ruas, nas batalhas no dia-dia, e que estão aqui defendendo as liberdades, a democracia e a ideia de uma cidade, estado e país melhor. Vamos ter uma batalha agora em outubro e precisamos unificar os partidos da nossa frente. Precisamos encontrar na diversidade um caminho que leve à vitória em 2016”, defendeu Edvaldo Nogueira.

PT em Sergipe ficará dividido se confirmado apoio ao PMDB
Engana-se quem pensa que o PT vai sair unido na disputa das eleições municipais em outubro próximo para prefeito de Aracaju. Ainda que Rogério Carvalho ou mesmo Francisco Gualberto confirmem o apoio à candidatura de Zezinho Sobral para prefeito com Eliane Aquino como vice, uma parte significativa do PT não vai acompanhar essa orientação e possivelmente vai estar alinhada à candidatura de Edvaldo Nogueira.

Golpe do PMDB nacional
Esse pessoal dissidente do PT não perdoa o golpe que o PMDB nacional empreendeu contra a Presidente Dilma, e parece que as querelas nacionais desaguaram nas questões paroquiais. Um fato curioso, mas representativo, é que desde a morte do saudoso Marcelo Déda que o PT em Sergipe se ressente de um líder, de alguém que inspire confiança e que seja um pouco do PT de outrora, mas programático do que pragmático. O PT precisa urgentemente se reencontrar com suas raízes e com suas bases.

Turma jovem
E parece que aos poucos vem surgindo dentro da agremiação aqui em Sergipe uma turma jovem, composta por jovens advogados e algumas figuras de renome da velha guarda petista dispostos a mudar o “establishment” atual. Esse pessoal tem motivação, tem engajamento, tem um viés acadêmico, tem determinação e, sobretudo, tem vontade de fazer uma política com “P” maiúsculo.

PT, erros e necessidade de um recall
O PT, em que pese os erros que cometeu, foi e ainda é um partido importante no processo democrático brasileiro. É bom que faça um recall de suas ações, faça uma assepsia nos seus quadros de filiados (mais qualidade e menos quantidade) e que sobretudo redobre o cuidado com o rol de alianças que vai firmar doravante. Como diria Gonzaguinha: “Eu acredito é na rapaziada”.

PP no governo estadual indicando controlador geral?
E tem gente da oposição que não tem escrúpulos para plantar inverdades. No domingo, 08, ao comer caranguejo num dos bares da praia da Sarney um deputado estadual da oposição jurava que o colega Venâncio Fonseca, do PP, está com malas prontas para apoiar Jackson. E para isso vai indicar o novo Controlador Geral.

Arquivos
Já imaginou o indicado do PP tendo acesso aos arquivos da Operação Navalha, da Operação Castelo de Cartas, da Fubras, na ONG da Maternidade, poderá não fazer nada, mas também poderá sumir com o acervo de provas das irregularidades que o Governo João Alves cometeu contra o Estado de Sergipe! Realmente só pode ser boato.

Porto da Folha fará homenagem justa a José Moreira Matos
O município de Porto da Folha teve a louvável iniciativa de homenagear o militante  comunista José Moreira Matos. Na década de 60, ao lado de Antônio Garcia lutou pela implantação da escola de medicina. No primeiro vestibular, em 61 ele não conseguiu passar. Passou em 62, mas com o golpe, chegou a estudar na clandestinidade, mas não conseguiu se formar.

Ex-vereador Marcélio Bomfim estará presente
Um dos convidados da programação das homenagens em Porto das Folha, será o ex-vereador de Aracaju e ex-preso político Marcélio Bomfim. Ele vai relatar fatos que vivenciou com o homenageado e a sua percepção política, esperando com isso contribuir para o resgate de uma historia que não pode e não deve cair na vala do esquecimento. “Será um momento de lembrar histórias que desejamos que outras gerações não mais possam repetir. É lembrar momentos que não devem, jamais, retornar à cena”, ressalta Marcélio

A programação em Porto da Folha
Na quinta-feira, 12, às 20h, na sede da Associação do Banco do Brasil, o ex-vereador Marcélio Bomfim fará uma explanação e um debate para estudantes e professores, sobre fatos por ele vivenciados, juntamente com inúmeros e inesquecíveis companheiros de luta. Na sexta-feira, 13, às 7h, Marcélio Bomfim concederá entrevista a Rádio Rio FM. Depois, às 10h, será realizada uma solenidade no hospital local, onde será inaugurada uma placa alusiva a José Moreira Matos. Depois, às 11h, será realizada uma sessão solene na Câmara de Porto da Folha, onde Marcélio Bomfim fará um depoimento sobre a atuação política do homenageado, José Moreira Matos.

Onda de assaltos no terminal UFS continua, mas trabalho da polícia prendeu ladrões armados
Alguns alunos da UFS, que utilizam o terminal e as três principais linhas que levam os estudantes (050, 060 e 070), continuam apreensivos, teve até um arrastão com os criminosos disparando tiros. Porém, na semana passada deu resultado o trabalho da SSP, que conseguiu interceptar dois ônibus e prender ladrões armados com revólveres e facas. Que a polícia continue com o trabalho e que sejam instaladas câmeras de vigilâncias nos ônibus e no terminal do Campus para coibir a onda de assaltos.

Tribuna Livre CRESS/SE, mudada para quarta-feira, 11
O Conselho Regional de Serviço Social 18ª Região – Sergipe (CRESS/SE) informa que, devido aos debates e votação do PL que regulamenta o Estatuto do Servidor Municipal de Aracaju, a Câmara Municipal de Aracaju solicitou o adiamento da palestra com Clara Bezerra, conselheira do CRESS, no Projeto Tribuna Livre, que aconteceria terça-feira, dia 10, para quarta-feira, dia 11. A palestra acontece no mesmo horário e local: no plenário da CMA, às 9h30.

PELO TWITTER

www.twitter.com/igormangueira  Bom dia! Sempre é dia de recomeçar, fazer diferente e aprender com nossos erros.

www.twitter.com/oMarioSousa  Bom dia, seus cabrunquentos.

www.twitter.com/higorfb  As pessoas estão perdendo a noção, existe amizade entre pessoas de partidos diferentes sim.

www.twitter.com/Rafael_Salomao  Nós temos um Dom chamado vida. Não desperdice este dom.

www.twitter.com/WilliamFonseca  Receber elogios verdadeiros são o melhor incentivo que alguém pode ter. Coisa que a gente não compra por dinheiro algum.

www.twitter.com/clovis_silveira  Aprenda a levantar-se, sem precisar que ninguém lhe dê uma mão!

ARTIGO PARA DEBATE

Crise interna na PMSE – Não será fácil comandar uma polícia de insatisfeitos. Por Cláudio Nunes, cidadão preocupado com o rumo da PMSE em Sergipe

Nunca antes na história da Polícia Militar do Estado de Sergipe se viu uma promoção tão conturbada como a prevista para ocorrer em 21 de abril deste ano.

Estas promoções ainda não ocorreram, mas diversos foram os artifícios para adiar: proposta de mudança da regra do jogo para beneficiar parentes e amigos palacianos; procrastinação das reuniões necessárias e obrigatórias para análise dos currículos dos candidatos. Todos estes artifícios foram rejeitados pela PGE. Até que finalmente a querela foi parar no Judiciário. Liminares concedidas. Liminares canceladas. Muito vai e vem. Este jornalista acredita que nunca os juízes foram tão procurados por oficiais fardados para esclarecimentos das reais intenções por trás de tanto atraso, tanta protelação, mas enfim parece que as promoções serão realizadas.

Quem perdeu com toda essa crise? Todos os integrantes da PM, pois não saberão ao certo a que regras a sua carreira está submetida, pois a cada promoção, o comandante geral de plantão pode tentar mudar as regras para beneficiar apaniguados.

Politicamente quem perde é o governador, pois esta crise interna, desnecessária, atinge em cheio o chefe do executivo, que em ultima instancia terá que decidir sobre a promoção dos coronéis.

Lembrando que os mais antigos, que possuem direito de fato a promoção e têm todos mais de 10 anos no posto de coronel, foram surpreendidos com manobras escusas, articuladas nos "porões" do poder, envolvendo diversos atores da sociedade, estarão concorrendo a promoção com oficiais que sequer tem o tempo mínimo para almejar a promoção a última patente da corporação.

Não será fácil comandar uma polícia de insatisfeitos.

MAIS TROVAS

A fala de um coxinha
Sai Cunha, vem Maranhão,
Outro de grande lisura,
Veio abaixo a corrupção,
Nossa pátria está segura.

Posso me regozijar,
A nação está mais pura.
Quando o Temer viajar,
Tem substituto à altura.
                       Trovador Totó

Um sonho qui aconteceu
Um sonho que tive antonte
Mi deixô bem sastifeito,
Sonhei que o Brasi tem jeito,
Pois si abre novo horizonte,
Premitam qui aqui eu conte.
Mais uma gang si istôra,
O seu grande chefe fôra
Chutado, isso si impunha.
Chutaro as parte de Cunha,
Fraturaro a mão de Môra.                       

E o chute pegô ainda
Nos dedo de um minerim,
Um que si chama Aecim,
E qui andou na berlinda.
Por emborsar  bom bocado,
Ele agora istá calado.
Até bem pouco si expunha,
Falava contra a indecência,
Mas butou na prisidência,
O tar de Eduardo Cunha.

                           Trovador Totó

ARTIGO

O PT continua  por Sérgio Alves*

Eu sou forjado na luta. Nos movimentos sociais. Sempre acreditei numa sociedade mais justa, mais fraterna, mais igualitária.

No PT me criei. Aprendi valores que não aprenderia em outro lugar. Entendi as minorias, o respeito ao contraditório, compreendi política de Ação Afirmativa, lutei pela aplicação de políticas públicas efetivas na busca de um pequeno equilíbrio social.

No PT eu tive a honra de secretariar a Juventude de Aracaju por 4 anos. Eleito democraticamente em Congresso. Cercado de Zé Eduardo, Marcelo Déda, Oswaldo Vilela… Homens íntegros, que se foram, mas, por muito me nortearam e inspiraram.

Não vim de família abastada. Tudo o que tenho foi fruto de muita luta. De muita batalha. De muita guerra. Mas não há como negar. Poder estudar numa Universidade Pública não sucateada, num curso novo, cheio de novos doutores, com certeza fez a diferença.

E vi todas essas mudanças em todos os lugares por onde passei. Gente que não podia ter carro, de carro. Que não tinha onde morar, de apartamento novo. Andando de avião, comendo sushi, no cinema, numa mesa de um show de Roberto Carlos.

O PT errou. Absorveu práticas que não lhe cabiam, se juntou a aliados que nunca lhe viram como aliado. Por vezes guinou ao Centro, algumas vezes quase chegou na direita. Mas, entre tantos erros, ainda foi absolutamente melhor do que esses que tentam voltar através de um golpe.

Vejo esse momento, um momento em que o PT precisa se reorganizar, se reinventar, de uma reoxigenação, como um momento até certo ponto bom. Somos milhares de jovens construindo a maior Juventude partidária da América Latina. Não nos furtaremos da luta, das disputas, de defender a democracia.

E, reafirmo, leio, sou bom em interpretação de texto, exercito meu senso crítico, não comungo do senso comum, não sou alienado, incapaz, cego de amores; mas, no universo de "Plano Temer" e "Aécio solução", continuarei petista convicto.

* Coordenador de Direitos Humanos da Juventude Petista de Sergipe.Ex-secretário da Juventude Petista em Aracaju.

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA FRANCISCO PARA O 50º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS

Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo

[8 de Maio de 2016]

Queridos irmãos e irmãs!

O Ano Santo da Misericórdia convida-nos a refletir sobre a relação entre a comunicação e a misericórdia. Com efeito a Igreja unida a Cristo, encarnação viva de Deus Misericordioso, é chamada a viver a misericórdia como traço característico de todo o seu ser e agir. Aquilo que dizemos e o modo como o dizemos, cada palavra e cada gesto deveria poder expressar a compaixão, a ternura e o perdão de Deus para todos. O amor, por sua natureza, é comunicação: leva a abrir-se, não se isolando. E, se o nosso coração e os nossos gestos forem animados pela caridade, pelo amor divino, a nossa comunicação será portadora da força de Deus.

Como filhos de Deus, somos chamados a comunicar com todos, sem exclusão. Particularmente próprio da linguagem e das ações da Igreja é transmitir misericórdia, para tocar o coração das pessoas e sustentá-las no caminho rumo à plenitude daquela vida que Jesus Cristo, enviado pelo Pai, veio trazer a todos. Trata-se de acolher em nós mesmos e irradiar ao nosso redor o calor materno da Igreja, para que Jesus seja conhecido e amado; aquele calor que dá substância às palavras da fé e acende, na pregação e no testemunho, a «centelha» que os vivifica.

A comunicação tem o poder de criar pontes, favorecer o encontro e a inclusão, enriquecendo assim a sociedade. Como é bom ver pessoas esforçando-se por escolher cuidadosamente palavras e gestos para superar as incompreensões, curar a memória ferida e construir paz e harmonia. As palavras podem construir pontes entre as pessoas, as famílias, os grupos sociais, os povos. E isto acontece tanto no ambiente físico como no digital. Assim, palavras e acções hão-de ser tais que nos ajudem a sair dos círculos viciosos de condenações e vinganças que mantêm prisioneiros os indivíduos e as nações, expressando-se através de mensagens de ódio. Ao contrário, a palavra do cristão visa fazer crescer a comunhão e, mesmo quando deve com firmeza condenar o mal, procura não romper jamais o relacionamento e a comunicação.

Por isso, queria convidar todas as pessoas de boa vontade a redescobrirem o poder que a misericórdia tem de curar as relações dilaceradas e restaurar a paz e a harmonia entre as famílias e nas comunidades. Todos nós sabemos como velhas feridas e prolongados ressentimentos podem aprisionar as pessoas, impedindo-as de comunicar e reconciliar-se. E isto aplica-se também às relações entre os povos. Em todos estes casos, a misericórdia é capaz de implementar um novo modo de falar e dialogar, como se exprimiu muito eloquentemente Shakespeare: «A misericórdia não é uma obrigação. Desce do céu como o refrigério da chuva sobre a terra. É uma dupla bênção: abençoa quem a dá e quem a recebe» (O mercador de Veneza, Acto IV, Cena I).

É desejável que também a linguagem da política e da diplomacia se deixe inspirar pela misericórdia, que nunca dá nada por perdido. Faço apelo sobretudo àqueles que têm responsabilidades institucionais, políticas e de formação da opinião pública, para que estejam sempre vigilantes sobre o modo como se exprimem a respeito de quem pensa ou age de forma diferente e ainda de quem possa ter errado. É fácil ceder à tentação de explorar tais situações e, assim, alimentar as chamas da desconfiança, do medo, do ódio. Pelo contrário, é preciso coragem para orientar as pessoas em direcção a processos de reconciliação, mas é precisamente tal audácia positiva e criativa que oferece verdadeiras soluções para conflitos antigos e a oportunidade de realizar uma paz duradoura. «Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. (…) Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus» (Mt 5, 7.9).

Como gostaria que o nosso modo de comunicar e também o nosso serviço de pastores na Igreja nunca expressassem o orgulho soberbo do triunfo sobre um inimigo, nem humilhassem aqueles que a mentalidade do mundo considera perdedores e descartáveis! A misericórdia pode ajudar a mitigar as adversidades da vida e dar calor a quantos têm conhecido apenas a frieza do julgamento. Seja o estilo da nossa comunicação capaz de superar a lógica que separa nitidamente os pecadores dos justos. Podemos e devemos julgar situações de pecado – violência, corrupção, exploração, etc. –, mas não podemos julgar as pessoas, porque só Deus pode ler profundamente no coração delas. É nosso dever admoestar quem erra, denunciando a maldade e a injustiça de certos comportamentos, a fim de libertar as vítimas e levantar quem caiu. O Evangelho de João lembra-nos que «a verdade [nos] tornará livres» (Jo 8, 32). Em última análise, esta verdade é o próprio Cristo, cuja misericórdia repassada de mansidão constitui a medida do nosso modo de anunciar a verdade e condenar a injustiça. É nosso dever principal afirmar a verdade com amor (cf. Ef 4, 15). Só palavras pronunciadas com amor e acompanhadas por mansidão e misericórdia tocam os nossos corações de pecadores. Palavras e gestos duros ou moralistas correm o risco de alienar ainda mais aqueles que queríamos levar à conversão e à liberdade, reforçando o seu sentido de negação e defesa.

Alguns pensam que uma visão da sociedade enraizada na misericórdia seja injustificadamente idealista ou excessivamente indulgente. Mas tentemos voltar com o pensamento às nossas primeiras experiências de relação no seio da família. Os pais amavam-nos e apreciavam-nos mais pelo que somos do que pelas nossas capacidades e os nossos sucessos. Naturalmente os pais querem o melhor para os seus filhos, mas o seu amor nunca esteve condicionado à obtenção dos objectivos. A casa paterna é o lugar onde sempre és bem-vindo (cf. Lc 15, 11-32). Gostaria de encorajar a todos a pensar a sociedade humana não como um espaço onde estranhos competem e procuram prevalecer, mas antes como uma casa ou uma família onde a porta está sempre aberta e se procura aceitar uns aos outros.

Para isso é fundamental escutar. Comunicar significa partilhar, e a partilha exige a escuta, o acolhimento. Escutar é muito mais do que ouvir. Ouvir diz respeito ao âmbito da informação; escutar, ao invés, refere-se ao âmbito da comunicação e requer a proximidade. A escuta permite-nos assumir a atitude justa, saindo da tranquila condição de espectadores, usuários, consumidores. Escutar significa também ser capaz de compartilhar questões e dúvidas, caminhar lado a lado, libertar-se de qualquer presunção de omnipotência e colocar, humildemente, as próprias capacidades e dons ao serviço do bem comum.

Escutar nunca é fácil. Às vezes é mais cómodo fingir-se de surdo. Escutar significa prestar atenção, ter desejo de compreender, dar valor, respeitar, guardar a palavra alheia. Na escuta, consuma-se uma espécie de martírio, um sacrifício de nós mesmos em que se renova o gesto sacro realizado por Moisés diante da sarça-ardente: descalçar as sandálias na «terra santa» do encontro com o outro que me fala (cf. Ex 3, 5). Saber escutar é uma graça imensa, é um dom que é preciso implorar e depois exercitar-se a praticá-lo.

Também e-mails, sms, redes sociais, chat podem ser formas de comunicação plenamente humanas. Não é a tecnologia que determina se a comunicação é autêntica ou não, mas o coração do homem e a sua capacidade de fazer bom uso dos meios ao seu dispor. As redes sociais são capazes de favorecer as relações e promover o bem da sociedade, mas podem também levar a uma maior polarização e divisão entre as pessoas e os grupos. O ambiente digital é uma praça, um lugar de encontro, onde é possível acariciar ou ferir, realizar uma discussão proveitosa ou um linchamento moral. Rezo para que o Ano Jubilar, vivido na misericórdia, «nos torne mais abertos ao diálogo, para melhor nos conhecermos e compreendermos; elimine todas as formas de fechamento e desprezo e expulse todas as formas de violência e discriminação» (Misericordiae Vultus, 23). Em rede, também se constrói uma verdadeira cidadania. O acesso às redes digitais implica uma responsabilidade pelo outro, que não vemos mas é real, tem a sua dignidade que deve ser respeitada. A rede pode ser bem utilizada para fazer crescer uma sociedade sadia e aberta à partilha.

A comunicação, os seus lugares e os seus instrumentos permitiram um alargamento de horizontes para muitas pessoas. Isto é um dom de Deus, e também uma grande responsabilidade. Gosto de definir este poder da comunicação como «proximidade». O encontro entre a comunicação e a misericórdia é fecundo na medida em que gerar uma proximidade que cuida, conforta, cura, acompanha e faz festa. Num mundo dividido, fragmentado, polarizado, comunicar com misericórdia significa contribuir para a boa, livre e solidária proximidade entre os filhos de Deus e irmãos em humanidade.

Blog no twitter: http://www.twitter.com/BlogClaudioNun

Frase do Dia
“Breve é a loucura, longo o arrependimento.” Friedrich Schiller, poeta, filósofo e historiador alemão, morreu em 09 de Maio de 1805. (nasceu em 10 de Novembro de 1759).

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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