Que as produções em audiovisual são extremamente importantes, isso todo mundo sabe, ou será que sabe mesmo? De toda forma, durante os meses de isolamento social em decorrência da pandemia da COVID-19, a sociedade percebeu que a indústria do entretenimento e do audiovisual tem o seu valor e o quanto é fundamental para a nossa saúde mental e emocional. Porém, passada a pandemia e todas as implicações e discussões que afloraram sobre isso, as gestões públicas parecem ainda fazer pouco caso da importância de produções e artistas do audiovisual, especialmente em Sergipe.

Vejamos, temos festivais e projetos de grande porte, gratuitos, com alta relevância sociocultural, os artistas locais são convidados para esses espaços, mas como esses artistas e toda a equipe técnica que compõe esse quadro do audiovisual sergipano têm sido tratados pelo poder público sergipano e brasileiro? Por que a diferença significativa nos cachês e nas datas para recebimento? Como podemos mensurar a qualidade artística de alguém? É pelo número de seguidores nas redes sociais? É pela quantidade de streams? É por fama?

Caso a resposta para qualquer uma dessas três últimas perguntas seja sim, deixo como reflexão mais uma: Como artistas locais terão projeção nacional, fama, alto número de seguidores, se não há investimento em sua arte? É possível que o amor e o talento paguem contas, comprem bons equipamentos, faça deslocamentos entre cidades, estados, países, pague o aluguel de estúdios? Eu acredito que não e acredito que você, que está lendo esse texto, também acredite no que digo. Portanto, apoiar artistas é mais do que necessário e cobrar do poder público essa valorização é também o nosso papel.

Pensando nisso, abri a coluna para trazer algumas informações importantes sobre o que é e para que serve o Fórum Permanente do Audiovisual Sergipe (FPA), uma organização social civil sem representação jurídica, que tem o objetivo de diagnosticar, monitorar, debater, planejar e propor projetos para a construção de políticas públicas voltadas para a cadeia do audiovisual no estado de Sergipe. O Fórum foi criado em 2010 e já passou por diversas configurações.

Foi a partir de 2017, que passou a ser composto por 3 comissões permanentes: jurídica, comunicação e planejamento. Além disso, atualmente, possui dois grupos de trabalho que visam discutir a possibilidade de criação de uma Associação ou Sindicato para a classe de trabalhadores do Audiovisual local e um segundo grupo, que atuará na pesquisa e levantamento de dados sobre o mercado de trabalho Audiovisual em Sergipe. O Fórum atua diretamente para facilitar o acesso a editais, promover a divulgação das ações, fortalecer a rede de artistas e cadeia produtiva, além de cobrar diretamente aos gestores das pastas da cultura por melhorias e ampliação de espaço para trabalhadores do setor.

É fundamental discutir e ampliar o debate de maneira acessível para que as pessoas entendam minimamente sobre direitos, deveres e instituições responsáveis pela criação, pela execução e pela regulamentação de políticas públicas em nosso país. E, nesse sentido, nós, enquanto sociedade, mesmo não fazendo parte diretamente de nichos de trabalhadores do audiovisual, somos consumidores de seus produtos. E, como consumidores, precisamos ter consciência e ajudar a fomentar essa luta por uma cena sergipana com mais recursos, valorização e acesso. Afinal, o audiovisual beneficia a todos nós e se mostrou tão essencial quanto outros segmentos. Pense nisso.