Mulheres avançam juntas: Projeto Elas por Elas

Nesta semana, convidei a cientista social, Sissa Carvalho, para me contar sobre o Projeto Elas Por Elas, uma iniciativa da Secretaria de Mulheres do Partido dos Trabalhadores (PT) com o objetivo de fortalecer, dar visibilidade e inserir as mulheres nos espaços de poder. O projeto surgiu em 2018, oferecendo condições políticas e materiais para a consolidação de lideranças mulheres, criando uma rede de influência e fortalecimento das mulheres por todos os estados brasileiros, pois, há no país, uma sub-representação ostensiva das mulheres nos espaços da política institucional em todos os níveis de poderes da República.

 

De acordo com as diretrizes do Elas por Elas, a ideia é que as candidaturas das mulheres sejam competitivas e reais, já que o conceito político de paridade não é novo e elas entendem que somente  a luta coletiva transformará essa situação historicamente construída dos últimos séculos. Segundo Sissa, a consolidação de líderes mulheres é uma política afirmativa deliberada como prioritária na democracia interna do PT. Para virar esse jogo da política, predominante patriarcal e machista, o Elas Por Elas vem para dizer a essas mulheres candidatas que elas não estão sozinhas. O projeto buscar dar dicas, orientações e o apoio necessário para colocar a voz das mulheres na tribuna para o enfrentamento do processo eleitoral.

 

Apesar da obrigatoriedade legal de 30% das candidaturas serem de mulheres, os partidos ainda têm significativas dificuldades em preenchê-las. Muito embora o número de candidaturas  tenha crescido, é possível observar a redução do potencial de votos recebidos por elas. Como consequência, as mulheres continuam subrepresentadas no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais.

 

Por isso, o Elas por Elas oferece formação política, formação de candidatas, formação na área de comunicação,  formação jurídica e contábil e está à disposição de qualquer filiada do partido que tenha a intenção de concorrer em processos eleitorais. O projeto existe há três pleitos e tem abrangência nacional. Vale destacar que nas eleições de 2020, o partido triplicou o número de vereadoras por todo o país, e é fundamental registrar que  metade das eleitas são mulheres negras.

 

As consequências da baixa representatividade das mulheres são percebidas, principalmente, na construção e execução de políticas públicas que proporcionem um debate amplo sobre as agendas fundamentais de direitos. Quando queremos saúde para as nossa famílias, educação para nossos filhos, geração de emprego e renda e oportunidades de trabalho são reivindicações que atingem a maioria da população. Quando as mulheres conseguem transformar suas pautas em realidade,  melhoram a vida de todo mundo, por isso a importância de garantir a participação das mulheres na política.

 

Ao final da entrevista, Sissa rememora as ideias de uma das maiores intelectuais e ativistas brasileirais, que por sinal é sergipana, Beatriz Nascimento, uma mulher racializada que, nos anos 1980 descrevia o seguinte cenário político: ”A profunda desvantagem em que se encontra a maioria da população feminina repercute nas suas relações com o outro sexo. Não há a noção de paridade sexual entre ela e os elementos do sexo masculino”. Ou seja, é fundamental e necessário que nós, mulheres, ocupemos cada vez mais, todos os espaços que são nossos por direito.

*Com informações de Sissa Carvalho, Secretária de Mulheres do Partido dos Trabalhadores (PT) e Coordenadora Estadual do Projeto Elas Por Elas.

 

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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