Na semana em que comemoramos a Sergipanidade no dia 24 de outubro, nós celebramos também a excelência acadêmica e a trajetória da professora Beatriz Góis de Dantas, antropóloga e pesquisadora sergipana, que muito fez e muito faz pela preservação dos saberes da cultura popular de Sergipe. Um dia após o dia da Sergipanidade, dia 25 de outubro, Beatriz, que é professora emérita da Universidade Federal de Sergipe, recebeu o Prêmio Anpocs de Excelência Acadêmica em Antropologia, promovido pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs).
É extremamente significativo que a professora Beatriz tenha recebido esse prêmio na semana em celebramos o orgulho à nossa identidade, não somente pela sua trajetória acadêmica, pela sua primorosa produção, mas, sendo uma mulher numa sociedade machista, patriarcal, na década de 80, onde a academia ainda era um local pouco habitado por nós. Beatriz se dedicou à academia, ao mesmo tempo, também se dedicou à sua família, aos seus filhos, ao seu marido, também pesquisador, historiador, Ibarê Dantas. E ainda assim, mesmo com tantas barreiras, ela conseguiu com muito louvor, com muita dignidade, realizar a produção de pesquisas inéditas e importantíssimas sobre as manifestações culturais no nosso estado.
Para quem ainda não sabe, a professora Beatriz é uma fonte de inspiração para mim, e foi por causa dela que eu segui a pós-graduação em Ciências Sociais. Quando eu ainda era estudante de jornalismo, na UFS, era a minha vontade fazer uma pesquisa sobre o folclore sergipano, na época a gente ainda utilizava esse termo, atualmente é um conceito que não se utiliza mais, foi quando a minha orientadora, a professora doutora Lílian França, me apresentou a professora Beatriz, que me recebeu em sua casa com tamanha generosidade e gentileza, abrindo caminhos para que eu pudesse desenvolver pesquisas em áreas semelhantes.
Assim é professora Beatriz, receptiva, acolhedora e que impulsiona, se empolga em ajudar as pessoas a desenvolverem pesquisas, a divulgar Sergipe e as suas tradições e saberes de uma maneira respeitosa, ética e séria. Se hoje eu tenho uma relação próxima às Mulheres Nagô da Irmandade Santa Bárbara Virgem e se tenho uma publicação de livro, foi porque a professora Beatriz me recebeu, me acolheu e me ajudou a direcionar as ideias de pesquisa, me impulsionando a seguir.
E é por isso que celebro esse prêmio com muita felicidade, e celebro a existência da professora Beatriz, a minha primeira inspiração para cursar o mestrado e o doutorado nas áreas das Ciências Sociais, e que deve ser celebrada como grande inspiração para todas as mulheres sergipanas que fazem pesquisa e que sabem que o caminho só existe quando andamos juntas e porque tivemos mulheres como as nossas Beatrizes, Dantas e Nascimento.
Viva Beatriz!