DISCURSO NÃO ENCHE BARRIGA

A Câmara de Vereadores de Aracaju retornou ontem às suas atividades e foi prestigiada com a ilustre presença do prefeito da capital, Marcelo Déda, que abriu os trabalhos legislativos fazendo um balanço pra lá de positivo de seus cinco anos de administração. Eloqüente, perspicaz, de inteligência invejável, Déda fez o que sabe fazer muito bem: discurso. Aliás, nós jornalistas já estamos acostumados com a oratória fantástica desse jovem político que, como poucos, consegue, em duas horas de conversa, quase acabar com a mortalidade infantil em Aracaju, realizar um grande programa habitacional (PAR) com muito “esforço”, além de distribuir o dinheiro do Bolsa-Família do governo federal como nenhum outro administrador público seria capaz.

No entanto, esse brilhante discurso de Marcelo Déda nos leva a uma reflexão: o que seria da cidade caso recursos federais não fossem aqui aplicados? Como estaríamos hoje sem essa substancial ajuda do compadre Lula?

Um caso a se pensar, principalmente, agora, quando sabemos das pretensões do prefeito de Aracaju em ser candidato a governador do Estado de Sergipe. Temos que avaliar também a possibilidade concreta de o PSDB – com o apoio decisivo do PFL – conquistar a Presidência da República nas próximas eleições. O que será de Sergipe se tiver um governador do PT, acostumado a lidar com fartura de recursos federais, e o Brasil for governado por um José Serra do PSDB, aliadíssimo ao PFL?

Temos um bom exemplo dessa dificuldade de relacionamento hoje com João Alves no governo e Lula na presidência. Os recursos não chegam a contento e o governador João Alves tem que se virar pelo avesso para não deixar o Estado paralisado. Mas o perfil de João é completamente diferente do de Déda. Não há como negar. Os anos de estrada e a experiência do atual governador têm contado favoravelmente, diante da má vontade da cúpula do PT para com Sergipe. Aliás, façamos justiça ao governador João Alves. Ele tem feito uma administração surpreendente com os parcos recursos que dispõe em caixa.

Diante dessa constatação, só nos resta torcer agora por dobradinhas que nos sejam favoráveis nas eleições de outubro próximo: João/Serra ou Déda/Lula , caso contrário vamos amargar anos difíceis pela frente. Até porque apenas discurso não dá empregos nem enche barriga.

 

 

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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