Discurso surrado

O discurso de terra arrasada predomina entre os novos prefeitos. Eles se queixam que os antecessores rasparam o tacho e deixaram os cofres abarrotados de dívidas. Em alguns casos a reclamação procede, mas na maioria é puro disfarce para não cumprir as promessas de campanha, ganhar tempo para refazer contratos e aboletar os apadrinhados na administração. A cada quatro anos, esse discurso surrado protege os prefeitos por pelo menos 100 dias, tempo em que boa parte do eleitorado já esqueceu o que foi prometido no calor da disputa. Eles ainda contam em seu favor com os menos avisados. Estes, além de acreditar na fantasia, ajudam a propagá-la. Os eleitores conscientes, contudo, não devem aceitar que lhe encham as ventas de folha, e checar a veracidade de cada denúncia antes que lhes comprem como bobos.

Posse coletiva

Empossado ontem à tarde, o prefeito de Aracaju, João Alves Filho (DEM), dará posse coletiva aos secretários daqui a pouco na sede da Prefeitura. Ontem, ele anunciou mais um auxiliar do 1º escalão: o ex-vereador Juvêncio Oliveira (DEM) será secretário municipal de articulação política. O jornalista André Carvalho, que responde pela comunicação da Secretaria Estadual de Turismo, também foi convidado para ser secretário-adjunto da comunicação do município, ao lado de Carlos Batalha.

Disparidade

A base da pirâmide social começou 2013 com o mínimo valendo um tiquinho a mais. Reajustado em 9%, o menor salário do país passou da ninharia de R$ 622 para a bagatela de R$ 678. Enquanto isso, os ministros do Supremo Tribunal Federal, que nivelam o teto salarial, saíram dos R$ 26,723,13 recebidos até dezembro, para R$ 28.059,29.

Recado

A presidente da Assembleia, Angélica Guimarães (PSC), disse que tão logo o governo reencaminhe o pedido para fazer um empréstimo de R$ 727 milhões colocará o projeto em votação. Segundo ela, não há interesse do Legislativo em atrasar a tramitação da matéria. Advertiu, contudo, que no Parlamento vence quem possui mais votos. Em outras palavras, se não reconquistar a maioria dos deputados, o governador Marcelo Déda (PT) corre o risco de sofrer uma nova derrota.

Destino

Eleito presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe para o biênio 2013-2015, o desembargador Cláudio Déda Chagas pode ocupar interinamente o governo de Sergipe, como antecessores dele já o fizeram. Para tanto, basta que o irmão, governador Marcelo Déda (PT), e a presidente da Assembleia, deputada Angélica Guimarães (PSC), se ausentarem do país em missão oficial. Em isso acontecendo, seria a primeira vez que dois irmãos governariam o estado num único mandato.

Sobreviventes

Conversa numa barraca de carne frita do mercado central de Aracaju: “Ultrapassamos 2012, né?”. ‘Nada mais natural para quem, como nós, já ultrapassou um século, um milênio e sobreviveu ao fim do mundo’.

Em baixa

A cada ano tem diminuído em Aracaju o número de embarcações no cortejo fluvial da procissão de Bom Jesus dos Navegantes. Ontem mesmo, eram apenas vinte e poucos barcos, e assim mesmo contando com os da Marinha e do Corpo de Bombeiros. A continuar assim, nos próximos anos a Igreja Católica terá que alugar algumas canoas para seguirem a imagem pelo estuário do poluído rio Sergipe.

Juntos e separados

Um acordo de última hora garantiu ao PT uma vaguinha na nova Mesa Diretoria da Câmara Municipal de Aracaju, presidida pelo demista Vinícius Porto. O petista Emmanuel Nascimento foi eleito 2º secretário. Além dos dois, a chapa única foi composta por Jailton Santana (vice-presidente), Daniela Fortes (1ª secretária) e Adelson Barreto Filho (2º secretário). Apenas dois vereadores não votaram na chapa vitoriosa.

Transporte

Em poucas palavras, o vice-prefeito José Carlos Machado (PSDB) definiu o transporte coletivo de Aracaju: “O preço da passagem é alto e os ônibus são de péssima qualidade. É preciso fazer algo rapidamente para mudar esse quadro, que só prejudica os usuários do sistema”. Machadão tá certíssimo!

Luto

A crônica esportiva sergipana chora a morte do jornalista Joel Batalha. Ele teve uma parada cardíaca ontem à tarde no Hospital Primavera, onde estava internado. Com 61 anos, Batalha era aposentado da Petrobras e comentarista esportivo da rádio Aperipê. O corpo será sepultado hoje no cemitério São João Batista, em Aracaju.

Do baú político

Esta quem escreveu foi o jornalista Luiz Eduardo Costa: Jose Novais era um militar da Aeronáutica. Foi transferido para Sergipe castigado por ter, incidentalmente, se envolvido no episódio um tanto rocambolesco que ficou conhecido como Rebelião de Aragarças, uma mazorca comandada, no fim da década de 50, por oficiais destituídos de juízo. Figura simpática, amistosa, Novais tornou-se logo pessoa bastante conhecida em Aracaju, e juntou-se à chamada turma da Gazeta, o grupo que fazia o combativo jornal de Orlando Dantas. Frequentador do Iate, ele imaginou que poderia romper o círculo fechado da ‘igrejinha’ dirigente do chamado Clube Aristocrático da Praia 13 de Julho. Lançou-se, ingenuamente, candidato ao cargo de comodoro. Amargou uma acachapante derrota. Um tanto triste, comentava com o senador Passos Porto o insucesso, e deste ouviu a surpreendente observação: “Novais, você não tem do que se lamentar, pois conseguiu um feito extraordinário”. Atônito, sem entender nada, Novais retrucou ríspido: ‘Poxa, Passito, eu me rebento numa eleição e você, meu amigo, fica com gozação’. E o senador, sorridente: “Novais, o feito foi mesmo extraordinário, você conseguiu ser derrotado por unanimidade”.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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