Discursos de Lula

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não se sai bem quando discursa de improviso. Mesmo entre os seus ex-companheiros de sindicato, os seus pronunciamentos se tornam um desastre, quando não são escritos. É possível que ainda não tenha caído a ficha e Lula se imagine apenas presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, que podia gritar palavras de ordens que agitavam a galera. Coisa de principiante na difícil tarefa de conduzir os destinos de uma classe. Hoje, uma aberração vomitada pelo presidente pode provocar uma crise institucional e transformar o país em uma balburdia. Embora tenha disputado a Presidência da República por quatro vezes, o presidente Lula demonstra que não se preparou para ocupar o mais alto cargo do Brasil. Se o fez, não aprendeu bem a lição ou a decorou pelo avesso. De cabeça para baixo, talvez. Evidente que o presidente da República, Lula da Silva, deveria evitar uma queda de braço com os demais poderes, principalmente o Judiciário. Coincidentemente, em todos os seus improvisados, Lula faz referência a algum segmento da Justiça, sempre com um sentimento que aparenta revanchismo. Claro que não é de se surpreender ressentimentos contidos de um ex-líder sindical, que sempre esteve às voltas com o judiciário, pela coragem de pregar uma ideologia que contrariava o regime, mas hoje ele é o presidente da República e declarar que o Judiciário e o Legislativo não poderão impedi-lo de realizar as reformas que defende para o Brasil, é de uma arrogância que não cabe a um democrata. Praticamente repetiu o ditador João Batista Figueiredo, que ameaçou “prender, quebrar e arrebentar” quem não quisesse a abertura política do país. Ainda bem que era por uma boa causa, mas o estilo do Lula durão está mais para quem deseja fechar os poderes e amedrontar uma sociedade que começa a ficar atônita com esse tipo de arrobo que confronta com o estado democrático que o Partido dos Trabalhadores ajudou a conquistar. A assessoria política do presidente, principalmente o seu “golbery” José Dirceu, deveria começar a orienta-lo para que estudasse a lição por maior tempo e seguisse direitinho o que determina a cartilha editada pela direita petista. Agora em julho, o presidente vai precisar de votos do Poder Legislativo, para empurrar as suas reformas da Previdência e Tributária. Alguns deputados estão ressentidos com o discurso de Lula. Sentiram-se atingidos e desafiados. Entretanto, o Legislativo sempre foi maleável, conversável e que se dobra até mesmo a uma convocação extraordinária. Mas o Judiciário tem uma postura absolutamente diferente. Embora também conserve mazelas políticas e em alguns momentos abusa da força da caneta, os ministros do Supremo é que julgam as causas constitucionais e podem brecar muitas pretensões do da atual arrogância executiva. Lula sabe que a provocação foi exagerada e, como um menino maluquinho, vai choramingar nos braços do paternal José Dirceu, para que ele consiga consertar suas travessuras. Até os petistas que se acomodaram ao estilo maroto do presidente e o acompanham em suas traquinagens, não podem deixar de reconhecer que Lula da Silva precisa levar mais a sério o mandato que ocupa. Ele perdeu um pouco os limites e, quando solta a língua, passa a impressão que não tem mais controle sobre ela. A sociedade está assustada, porque quem esperava um Governo reformista, avançado, de esquerda e popular, está sendo vítima de um regime continuista, retrógrado, de direita e elitista. Além disso, já há quem entenda que Lula pretende passar mais anos do que os demais presidentes e, com absoluta certeza, vai aumentar o seu mandato para cinco anos. Se reeleito, o Brasil terá que suportar o lulismo por 10 anos o que, sinceramente, é demais. A Reforma Política que deve ser encaminhada ao Congresso certamente trará esse novo período para prefeitos, governadores e presidentes, além da fidelidade partidária e da propriedade dos mandatos pelos partidos. Lula não veio para mudar, mas para fomentar a oligarquia de um novo grupo que se apegará ao poder por algumas décadas. FRANCISCO Quinta-feira passada fez um mês que Antônio Francisco teve o seu mandato cassado. Até o momento não se apresentou à Justiça. Ontem, um integrante influente da Polícia disse que ninguém está fazendo buscas ao deputado cassado. Antônio Francisco está tranqüilo onde se encontra… MENDONÇA O secretário da Segurança, Luiz Mendonça, que se encontra em Porto Alegre, disse que iria prender Antônio Francisco e quem estiver lhe dando cobertura. Mas a informação é que a Polícia estaria cruzando os braços, porque a juíza Iolanda Guimarães não determinou a prisão para o dia da cassação. HÁBEAS O advogado José Cláudio continua aguardando o resultado do pedido de hábeas corpus, que está em mãos do desembargador Gilson Góes. Como o judiciário ainda funciona na próxima semana, há esperança da concessão do hábeas corpus. Se não acontecer, só em agosto, quando terminar o recesso. DEFESA O deputado estadual João da Graça, que está sendo avaliado pela Comissão de Ética, terá que apresentar sua defesa na segunda sessão plenária da Assembléia, em agosto. A tese de defesa do advogado de João da Graça baseia-se na legítima defesa, embora os tiros tenham atingido a bunda da vítima. DEPÕE Depois da defesa de João da Graça, a Comissão vai ouvir o procurador Luiz Walter, o secretário Luiz Mendonça, e o delegado Ewerton, sobre o processo policial. Caso seja confirmado o indiciamento por tentativa de homicídio, a Comissão de Ética determina que seja cassado o mandato. REUNIÃO Se o presidente Lula pensar que conta com o Partido Liberal para aprovar a Reforma da Previdência da forma como apresentou, está muito enganado. Numa reunião do partido, em Brasília, os deputados federais, inclusive Heleno Silva, querem manter a posição anterior da sigla e votar contra a taxação dos inativos. ALENCAR Na mesma reunião do Partido Liberal, ocorrida quarta-feira passada, a posição dos seus membros é a favor do vice-presidente José Alencar. Os deputados liberais estão defendendo a redução das taxas de juros e outras medidas necessárias ao país. COLUNA O deputado João Fontes (PT) tem realmente se destacado na mídia. Ontem ele foi notícia na chafurdada coluna de Cláudio Umberto. É atribuída a Fontes a seguinte ironia: “o único lugar que José Genoino (presidente nacional do PT) não recebeu vaias, foi na Parada Gay, em São Paulo”. BATALHA O governador João Alves Filho terá que enfrentar uma batalha para escolha do coordenador da bancada na questão das emendas orçamentárias. São quatro deputados aliados a João e quatro contra, embora no Senado o governador leva vantagem, porque tem dois senadores. AÇÃO O deputado estadual Belivaldo Chagas (PSB) disse, ontem, que todos os parlamentares da oposição vão assinar a Ação Direta de Inconstitucionalidade, contra a chamada Lei da Graça. A lei dá direito a entidades que não sejam de utilidade pública receberem recursos do Pronese. Têm disponíveis 15 milhões de reais. ANTERIOR Belivaldo Chagas lembrou que o governador Albano Franco também tentou entrar com projeto de lei idêntico, durante a sua administração, mas houve reação do PFL. Assim como está fazendo a oposição hoje, o PFL e outros partidos contrários ao Governo, também ameaçaram entrar com Ação Direta de Inconstitucionalidade. DESEMBARGADOR Quando a vaga de desembargador deve ser preenchida por um membro do judiciário, quem recebe a lista tríplice e nomeia o ocupante da cadeira é o presidente do Tribunal de Justiça, no caso Pascoal Nabuco. O governador João Alves Filho nomeia apenas os advogados e procuradores de Justiça que forem escolhidos em listra tríplice, quando a vez for deles. DISCUSSÃO É possível que a escolha do novo desembargador só aconteça em agosto, quando o Tribunal de Justiça retorna do recesso. Dos onze nomes podem assumir ser escolhidos, o juiz Cláudio Deda já esteve na lista tríplice duas vezes. Se ficar na terceira será nomeado automaticamente. Notas FASCISTA O deputado Augusto Bezerra (PMDB) mostrou-se preocupado com os métodos adotados pelo Governo Federal, os quais considera “facistas, porque utilizam as técnicas da mentira e enganação. O parlamentar lamentou e protestou quanto a afirmação do presidente Lula da Silva, divulgada em matéria pelo Estado de São Paulo”. Para o deputado, quando o presidente Lula da Silva fala de improviso sempre comete estas asneiras. Mas uma vez Lula criticou não só o Poder Judiciário, como também o Legislativo, numa cerimônia no Senai, em Brasília. REPERCUSSÃO As declarações improvisadas de Lula da Silva têm sido consideradas pelo Poder Judiciário como um insulto, porque geralmente o presidente envolver setores da Justiça nos pronunciamentos mais eloqüentes, como se fosse um desafio à sua autoridade. Alguém deve dizer a Lula que essa provocação não leva a nada. Quanto ao Poder Legislativo, que é quem aprova as coisas que Lula da Silva manda ao Congresso, é difícil analisar esse desafio sem propósito. Lula depende exatamente dos parlamentares para aprovar suas reformas. DRIBLOU Um hábil assessor político do governador João Alves Filho, que não gosta de aparecer e trabalha fazendo observações que repassa à cúpula do Governo, analisou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva surpreendeu aos seus próprios correligionários: “quando todos pensava que Lula se mantivesse na esquerda, ele foi para a direita”. O assessor diz que em termos nacionais não existe qualquer divisão ideológica e todos andam no mesmo barco. Ocorreu uma reação apenas no caso da Previdência. Sinal de que Lula esqueceu a cartilha da contestação. É fogo O Forrocaju continua reunindo milhares de pessoas, como ontem, em que se apresentou artista como Wagner e o grupo Quinteto Violado. O Forro Siri, em Nossa Senhora do Socorro, teve uma primeira noite, quinta-feira, superlotada. Ontem a festa reuniu milhares de pessoas. Hoje e amanhã a cidade de Capela promove os festejos de São Pedro, que inicia com o levantamento do mastro, até a guerra dos buscapés. Ontem à noite, no Palácio de Veraneio, aconteceu a festa junina dos funcionários do Palácio, organizada pela Secom. O deputado federal José Carlos Machado se encontra em São Paulo. Desembarca hoje em Sergipe para os festejos juninos. O deputado federal João Fontes, em apenas seis meses de mandato, ganhou espaço nos jornais mais do que qualquer outro parlamentar sergipano durante os quatro anos. Pela sua posição adotada, João Fontes conseguiu, inclusive, superar o então deputado federal Marcelo Déda, que sempre teve bom espaço na mídia. A crise financeira do Hospital São José preocupa a vários deputados. Seria bom que também chamasse atenção do Governo. O Hospital São José recebe pessoas carentes e, com a escassez dos recursos, a tendência será fechar suas portas. A secretária Maria do Carmo Alves está animada com a repercussão que vem tendo o Banco do Povo, implantado por sua Secretaria no Estado. O deputado estadual Belivaldo Chagas está preocupado com a mania de oposição ao prefeito de Aracaju, Marcelo Déda. Um leitor, através de e-mail, sugere que a população ajude a cidade na questão do lixo, e não suje as ruas ou terrenos baldios. Considera que a responsabilidade de limpeza da cidade não é apenas da Prefeitura, mas de toda a sociedade. brayner@infonet.com.br

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