Toda a documentação que a Polícia estava esperando da ex-Telergipe Celular, hoje Vivo, já chegou e foi juntada ao inquérito. Ontem mesmo foi enviada ao procurador geral de Justiça, Luis Walter, para que ele faça a avaliação da necessidade de solicitar a prisão preventiva do deputado Antônio Francisco, ou apenas denunciá-lo para julgamento da Justiça. O procurador já confidenciou que não pretende passar a Semana Santa com esse encargo na mão e deverá se pronunciar ainda hoje, em seu parecer sobre o deputado estadual Antônio Francisco. Até segunda-feira passada o procurador comprovou indícios processuais que levariam à denuncia do parlamentar, mas estava lhe faltando as provas materiais que poderiam partir para um pedido de prisão preventiva. Essas provas lhe foram enviadas ontem pela Polícia e devem estar sendo avaliadas por Luis Walter, que vem trabalhando com a responsabilidade de não cometer equívocos e nem oferecer um parecer que facilite a ação dos advogados de defesa. A Polícia agora está em busca do telefone celular de número 9979-5071. Ele começou a funcionar do início de janeiro e calou a partir do dia 28 do mesmo mês, 24 horas depois do assassinato do deputado Joaldo Barbosa. A Polícia está meio atônita com o número de telefonemas, partido deste aparelho, para o indiciado Antônio Francisco Garcez Júnior. Foram mais de 200 ligações, inclusive para outros familiares do deputado Antônio Francisco que já anunciou que não era dele. Segundo uma influente fonte policial, este aparelho andou por alguns caminhos que levariam ao crime e se localizou sempre na cidade de Itaporanga D’Ajuda, coincidentemente onde reside Antônio Francisco. Este mesmo aparelho esteve em Própria, no mesmo dia que o deputado Adelson Barreto, um dos escolhidos para ser eliminado, estava lá. A Telergipe Celular não sabe informar a quem pertencia o aparelho, já que se tratava de um pré-pago, mas não há dúvida que se a Polícia chegar ao homem que mantinha o aparelho em mãos, aumenta as provas da participação do Antônio Francisco pai e filho. Quanto ao bilhete encontrado e divulgado pela imprensa, que teria sido enviado por Brás para o deputado Antônio Francisco, a Polícia se divide em relação à sua autenticidade. Uma ala acredita que se trata de uma jogada dos advogados, porque o soldado Brás não teria tanta intimidade para chamar um deputado de “velhinho”, inclusive em tom jocoso. Uma busca feita, ontem, na Polícia Militar constatou que outros bilhetes, com o mesmo teor, estavam com o soldado envolvido, o que demonstrariam a farsa. Outra ala da Polícia, entretanto, não tem dúvida de que o bilhete é verdadeiro e deve constar do processo como uma das peças importantes para incriminar o parlamentar. Embora esteja agindo com muita rigidez, um dos receios de segmentos da Polícia é que o soldado Brás consiga fugir do Quartel, onde se encontra detido. Caso ele escapa e sua prisão seja dificultada, inclusive porque ele passa a se expor como queima de arquivo, dificilmente o processo terá uma conclusão no judiciário, já que se trata do pivô do crime de Joaldo, ao lado de Marcos Munganga. Há também um fato interessante: em todo o processo ninguém se refere a Floro Calheiros. Mesmo assim ele foi indiciado e teve sua prisão preventiva pedida e decretada. Ontem, se espalhou o boato de que Antônio Francisco Júnior havia se suicidado. O que aconteceu foi sua transferência para a Penitenciária de São Cristóvão, que o fez cair em depressão, sendo assistido por um psicólogo, que não descartou a tendência dele para esse ato. Está sob observação. Entretanto, o que haverá de mais importante hoje será o parecer final do procurador geral de Justiça, Luis Walter, que deve denunciar o deputado Antônio Francisco à Justiça, com possibilidade de pedir sua prisão preventiva, dependendo das provas materiais juntadas ao processo pela Polícia. É bom também saber que esse não é crime de levar seus autores à cadeia em curto prazo. Muita coisa ainda vai rolar e alguns fatos dramáticos e escabrosos podem acontecer. Inclusive novos assassinatos que servirão para preservar arquivos. É processo para muitas violências e até vinganças, que podem atingir pessoas inocentes ou que estejam cumprindo o seu dever de denunciar e julgar. Todo cuidado é pouco, porque essa gente não tem mais nada a perder… RIVANDA A ex-vereadora Rivanda Farias esclareceu, ontem, que em nenhum momento revelou que tivesse usado recursos para compra de votos, com o objetivo de eleger-se. Explicou que quando o Ministério Público acionou os cinco vereadores acusados, o seu suplente também entrou com processo e apresentou testemunhas. APENAS UMA Segundo Rivanda Farias, todas as testemunhas apresentadas negaram que foram contratadas para boca de urna por ela. Apenas a testemunha de acusação do Ministério Público foi que confessou a contratação. Essa única testemunha influenciou na condenação da vereadora. CHATEADOS Alguns deputados estaduais estão chateados porque não estão conseguindo um bom entrosamento com os secretários de Estado. Acham que a maioria resolve pouco. O deputado Gilmar Carvalho, por exemplo, já advertiu que não vai perder voto por culpa de auxiliares do Governo. CEM DIAS O secretário de Comunicação, Carlos Batalha, se desdobrou para marcar os 100 dias de Governo, com obras já realizadas e projetos que serão executados no decorrer da Administração. Batalha demonstrou a que veio e contou com a equipe do Núcleo, que também fez todo esforço para que os Cem Dias não tivessem nenhuma falha. HÉRNIA O governador João Alves Filho está com hérnia de disco. O problema foi detectado ontem pelos médicos, depois de uma ressonância magnética. O tratamento já está sendo iniciado através de fisioterapia, mas os médicos ainda estão analisando como intensificar os procedimentos. ENCONTRO Em razão do problema, o governador João Alves Filho ainda não tinha certeza se viajaria para a reunião dos governadores com o presidente Lula da Silva. Ontem, em casa, João Alves Filho despachou com alguns secretários e já se submeteu a sessões de fisioterapia. Está trabalhando normalmente. VIAGEM Só no final da tarde, foi que o governador João Alves Filho resolveu não viajar, atendendo a determinação médica, que exigiu repouso absoluto. João Alves Filho manteve contato telefônico com o ministro José Dirceu para desculpar-se e explicar as razões da ausência. João será representado pela vice-governadora Marília Mandarino. FRITURA Uma fonte do Governo revelou, ontem, que não há fritura de nenhum auxiliar, mas admitiu que o secretário da Educação, Marcos Dias, trabalha com certa morosidade e não atende bem aos políticos. A mesma fonte antecipou que não há a menor hipótese do ex-deputado Nicodemos Falcão ocupar um lugar no primeiro escalão do atual Governo. JACKSON O deputado federal Jackson Barreto (PMN) disse, ontem, que depois da semana santa viaja a São Paulo para ter um encontro com o seu partido e mostrar as dificuldades de permanecer nele. Já a partir de primeiro de Maio, Jackson iniciará o ingresso no PTB com o seu grupo e está disposto a comandar o partido em Sergipe, como já foi conversado com os Reis. DIFICULDADE Jackson Barreto disse que tem dificuldade em exercer um melhor trabalho na Câmara, porque o PMN não tem liderança e não conseguiu número para funcionar. “O nosso mandato tem legitimidade, mas o nosso partido tem dificuldade de atuar na Casa e, em razão disso, estamos fazendo outra opção”, Revelou. ROLLEMBERG Também no próximo mês, quando tiver iniciando as filiações, o deputado Jackson Barreto fará um convite ao ex-senador Francisco Rollemberg para ingressar no PTB. Jackson Barreto disse que Rollemberg é um cidadão que não pode ficar distante da política sergipana e que será de grande importância para o seu novo partido. CASSAÇÃO Um advogado, que teve acesso ao inquérito do assassinato de Joaldo Barbosa, revelou, ontem, que a Assembléia Legislativa não deverá cassar Antônio Francisco por envolvimento ou não no crime. Diz que a Assembléia vai julgar o decoro parlamentar, as contradições em relação ao mandato e cassa-lo dentro do Regimento Interno do legislativo. PREOCUPAÇÃO O mesmo advogado lembrou que a Assembléia Legislativa não pode julgar ninguém por infringir leis ou se envolver em crimes, porque isso cabe à Justiça. A cassação por falta de decoro será muito diferente, porque a Comissão processante está julgando o que foi praticado pelo parlamentar que fere o mandato. HELENO O deputado federal Heleno Silva (PL) usou o grande expediente, ontem, para dá sugestões, aos ministros, de como resolver alguns problemas graves do Nordeste. Heleno chegou à conclusão que reclamar não adianta mais e agora vai usar das estratégias de orientar, sugerir e mostrar as deficiências do Governo em relação à região. Notas COMISSÃO O deputado estadual Belivaldo Chagas (PSB) foi indicado relator da comissão processante que pode cassar o mandato do deputado estadual Antônio Francisco, mas depois desistiu da função embora permaneça integrando a comissão. Já o deputado Walker Carvalho (PFL) foi indicado a integra-la, mas não aceitou com receio de ser eliminado. Belivaldo disse, ontem, que não aceitou a relatoria, porque o seu colega Ulisses Andrade havia sido o relator da Comissão de Constituição e Justiça e ele considerou que deveria continua na mesma função ao participar da Comissão Processante. DIFÍCIL Na opinião de um grupo de deputados, Antônio Francisco poderá ser cassado – há subsídios para isso – mas não será fácil e nem ocorrerá nos próximos 30 dias. Lembrou que o deputado tem 10 dias, podendo passar a 20, para depor e o relator terá 30 dias para preparar o parecer, depois de ouvir outras testemunhas envolvidas no crime. A recente prova de “um bilhetinho enviado por Brás ao velhinho” deve ser apurado. Um dos deputados acha que o próprio Brás deve ser ouvido para dizer quem é o “velhinho” a que ele se refere. O processo será realmente demorado. EXPECTATIVA De qualquer forma há uma certa expectativa em relação ao que acontecerá com o deputado estadual Antônio Francisco, que está se sentindo encurralado pelos fatos que estão acontecendo a cada dia que se analisa o processo criminal. Ele prometeu que falaria todos os dias, mas ontem ele já não estava inscrito para ir à tribuna. Como observou o procurador geral de Justiça, Luis Walter, a sociedade se mostra convencida da participação de Antônio Francisco, mas isso não pode ser considerado relevante, porque a Justiça tem que se até em fatos para poder denunciar alguém. brayner@infonet.com.br