Doença do refluxo gastroesofágico: generalidades diagnósticas

“ Não erramos quando damos muito de nós a alguém. Erramos quando esperamos o reconhecimento de alguém que não sabe valorizar a sinceridade que lhe damos “ ( desconhecido )

O simples refluxo (“voltar às origens”) de conteúdo ácido do estômago para o esôfago não é considerado como doença; pois normalmente ocorre várias vezes durante o dia, porém sempre em curtos períodos de tempo e que o organismo administra muito bem quando os dois órgãos envolvidos estão íntegros, ou seja, com o funcionamento normal.

Ele deixa de ser normal e passa a ser considerado como Doença do Refluxo Gastroesofágico quando ocorre redução da resistência da mucosa do esôfago ou quando o ácido do estômago refluir muitas vezes, ou por um período maior de tempo, além da capacidade normal de resistência da mucosa do esôfago.

Nesse caso, o ácido pode atingir a garganta, atingir a entrada da árvore respiratória (traquéia) e junto à irritação do esôfago ocasionar sintomas graves e muitas vezes difíceis de serem diagnosticados.

Causas Principais

• Condições que aumentam a pressão intra-abdominal:

Obesidade, Ascite (barriga d´ água), gravidez, exercícios físicos exagerados

• Condições que reduzem a pressão intra-abdominal (pressão negativa do estômago para o esôfago / esforço para respirar):Doenças pulmonares,                       doenças otorrinolaringológicas

• Hérnia de Hiato

• Alcoolismo e/ou tabagismo

Sintomas Típicos

• Azia (queimor na região posterior do tórax, que geralmente sobe até a base do pescoço) presente em 80% dos casos.

• Dor ao deglutir o alimento: raro, ocorre principalmente se existe lesão grave ou úlcera no esôfago (decorrente de infecção por vírus, fungos e/ou bactérias).

• Regurgitação – é o retorno ao esôfago e em seguida para a boca de pequena quantidade de alimento ácido,em geral após às refeições (apenas 35% dos indivíduos com a doença a apresentam).

Obs.: Pode ocorrer em pessoas normais após uma refeição mais exagerada.

Manifestações Atípicas

1) Dor Torácica não cardíaca

2) Tosse crônica

3) Desencadeamento de crise asmática

4) Pneumonia de repetição

5) Aftas

6) Pigarro

7) Rouquidão

8) Mau hálito

9) Alterações na Gengiva

10) Disfagia (dificuldade para engolir)

11) Na apnéia do sono

12) No enfizema pulmonar

13) Na sinusite crônica

14) Na laringe crônica ou aguda

15) Úlcera de laringe

16) No gotejamento nasal posterior

17) Na estenose de laringe, traquéia ou glote.

Obs: Não existe correlação importante entre a frequência e a intensidade dos sintomas com a gravidade da lesão esofágica e/ou gástrica.

Diagnóstico

• Endoscopia digestiva alta – 26 a 48 % apresentam exame normal

• Avaliação 24 horas da acidez do conteúdo esofágico (PHmetria de 24 h)

• Teste Terapêutico – principalmente em jovens e com sintomas clínicos

• A melhora ocorre em 8 dias, em 78% dos portadores, o que configura o seu diagnóstico.

Obs: Esse é um problema clínico que preferencialmente deve ser acompanhado por um gastroenterologista, que certamente terá outras opções diagnósticas  mais apuradas e refinadas

Tratamento Comportamental (é complementar e não específico)

• Suprimir o uso do cigarro

• Elevar a cabeceira da cama em mais ou menos 15 a 25 cm (colocar tijolo ou similar no pé da cama e nunca elevar apenas o colchão ou os travesseiros).

• Não deitar até 2 horas após as 3 principais refeições

• Não usar alimentos ácidos

• Abolir ou reduzir ao mínimo: alho, cebola, doces, chocolates, frituras, gorduras, mentolados, bebidas alcoólicas, refrigerantes, tomates, molhos de tomate, café, chá mate ou chá preto

• Medicamentos selecionados pelo seu gastroenterologista para não utilizá-los.

Tratamento Medicamentoso

Existem medicamentos, no momento, que conseguem inibir a liberação dos ácidos no esôfago de forma segura e adequada ao problema clínico; porém o tratamento deve durar de 6 a 12 semanas, com redução gradual da dose.

Enquanto alguns podem se manter assintomáticos por longos períodos sem o uso de medicação, outros precisam de um tratamento contínuo e muitas vezes perene, com doses mínimas, para continuar sem sintomas.

Tratamento Cirúrgico

Indicado pelo gastroenterologista em comum acordo com o cirurgião, tem algum sinais para sua indicação:

Manifestações atípicas

• Necessidade de uso de medicação em indivíduos com poucas condições financeiras para a sua manutenção

• Necessidade do uso contínuo e prolongado em menores de 40 anos

• Sinais de Alerta para doenças mais graves

• Anemia

• Hemorragia Digestiva

• Dor ao deglutir

• Perda acentuada de peso

• Dificuldade para deglutir

• Náuseas e vômitos

• Queixas principalmente durante a noite

• Sintomas muito intensos

• Casos de câncer na família (pais, irmãos, tios, filho, avós, tios avós, bisavós, etc.)

É saudável procurar o gastroenterologista ao primeiro sinal de um problema digestivo. Prevenir é sempre melhor que remediar. O diagnóstico precoce é o único meio que a medicina possui de devolver a saúde ao indivíduo de forma plena e integral.

Boa Semana com muita saúde, paz e consciência comportamental.

MAKTUB!!!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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