Domingos Pascoal entrevista Expedito de Souza

A nossa conversa de hoje é com José Expedito de Souza, originário de Riachão dos Dantas, escritor memorialista da história urbana das ruas, esquinas, bodegas e quitandas do centro antigo da cidade de Aracaju. Expedito pertence ao Movimento de Apoio Cultural de Sergipe da Academia Sergipana de Letras e à Academia Lítero-cultural de Sergipe.

DP – Quem é José Expedito de Souza?

ES – Sou Economista e iniciei minha vida profissional no CONDESE (Conselho de Desenvolvimento Econômico do Estado de Sergipe); trabalhei no CEAG, hoje, SEBRAE onde fui Gerente de Estudos e Pesquisas e publiquei livros e (Diagnósticos) sobre os principais setores econômicos do Estado de técnicos (Estudo da Mão-de-Obra nos Municípios de PDRI – Tabuleiros Sul do Estado de Sergipe). Trabalhei também na CODISE, na EMSURB e em Secretárias da Prefeitura Municipal de Aracaju e do Governo do Estado de Sergipe. Fui professor no Centro Federal de Educação Tecnológica de Sergipe, na FASE e UNIT. Fui funcionário da Petrobras durante oito anos e empresário no ramo metalúrgico.

DP- Qual a sua origem e trajetória?

ES – Sou o mais velho dos nove filhos de Seu Zuza do Bilhar e Dona Eulina. Nasci em Riachão do Dantas em Sergipe, onde meu pai durante mais de quatro décadas teve um bar que era conhecido por: Bilhar de Seu Zuza… O romancista Francisco Dantas fala do bilhar de meu pai em seus livros. Óbvio que jogo sinuca e bilhar desde criança.Tive uma infância de menino do interior, com muito jogo de bola, banho em tanques, em riachos, pescarias, caçadas, jogo de marraio (gude) e outros. Comi mel-cabaú com farinha de mandioca no engenho Salgado de seu Manezinho, junto com um bando de meninos.
Com onze anos de idade, vim morar em Aracaju na casa de meus avós maternos e tias, que possuíam bodegas.

DP – Fale de sua formação.

ES – Em Riachão, estudei no Grupo Escolar e fiz banca na escola de Dona Mariana. Em Aracaju, estudei no Grupo Escolar Manoel Luiz, no colégio Graccho Cardoso, na Escola Industrial de Aracaju, no Atheneu Sergipense, na Escola Técnica Federal de Sergipe. Formei-me em Economia na Universidade Federal de Sergipe no ano de 1973. Durante o curso de Economia estagiei um mês no Congresso Nacional, em Brasília. Fiz curso de Consultoria Comercial e Pesquisas na USP – Universidade de São Paulo, em São Paulo. Mestrado em Mediação e Arbitragem. Foi tutor de Cursos online e presenciais sobre Mediação e Arbitragem. Assessor da Câmara de Mediação e Arbitragem da Associação Comercial e Empresarial de Sergipe. Fiz vários cursos na área gerencial e pesquisas em centros de treinamento nas cidades de Belo Horizonte, Brasília, Pirenópolis, Recife, São Paulo e outras.

DP – Durante seu aprendizado existiam vozes dissonantes? Você poderia citar algum exemplo e como você reagiu e superou.

ES – Os percalços que vivenciei em minha caminhada serviram de motivação e experiência para continuar produzindo.

DP – Como você se tornou um escritor.

ES – Quando exerci a atividade de Economista escrevia por dever de ofício. Fotografo a cidade de Aracaju desde o ano de 1974 e formei um acervo de imagens que me possibilitaram realizar exposições e publicar álbuns e livros. No arrojo das fotos, escrevi romances e crônicas que também publiquei.

DP – Fale um pouco sobre sua produção literária.

ES – Publiquei os álbuns de fotografias: “Memórias de Aracaju”, em 2012 e “Memórias de Aracaju II”, em 2013 e 2017. Os livros: “Relógio do Tempo”, em 2014 e 2015; “Tempo de Almas e Anjos”, em 2016; No “Tempo de Cada Um”, em 2018 e “Memórias de Aracaju Bodegas”, em 2019. Os álbuns de fotografias contrapõem fotos de locais da cidade em anos remotos com os dias de hoje, demonstrando as mudanças arquitetônicas, geográficas e outras, ocorridas na cidade de Aracaju num lapso de quase 50 anos. Os livros são estórias sobre as estripulias de minha infância em Riachão do Dantas, da adolescência e as mudanças ocorridas com a minha vinda do interior para a capital.

DP – Você tem algum trabalho para publicar?

ES – Sim. “Memórias de Aracaju III” (álbum fotográfico), “Aracaju 50 anos de Fotografias” (catálogo e 39 quadros). E um novo livro de contos e crônicas (rememorações) ainda sem título.

DP – Mande uma mensagem aos jovens que querem escrever.

ES – Que leia muito. Registre todos os seus momentos de lazer, estudo e trabalho. Um dia você poderá transformá-los em livros.

DP – Fale sobre as suas realizações como participante de tantos movimentos envolvendo a produção cultural e literária.

ES – Participo dos movimentos literários: Bienal do Livro de Itabaiana; Encontro de Escritores; O Escritor vai à Escola e O escritor na livraria. E outros. Sou membro da Academia Literária de Sergipe – ACLS e do MAC – Movimento Cultural Antônio Garcia Filho da Academia Sergipana de Letras e da Academia Lítero-Cultural de Sergipe, como já foi dito.

DP – Avalie momento crítico que atravessamos.

ES – Apesar de estarmos num tempo difícil, a produção de livros e as atividades literárias têm crescido. Ultimamente surgiram novas academias em Aracaju e no interior do Estado e este é um movimento cultural de suma importância. Elas reúnem escritores, mesmo virtualmente, que publicam livros, fazem antologias, realizam concursos e descortinam um mundo novo e promissor para jovens estudantes em rincões onde o livro é um objeto raro. Graças ao semeador de academias, o incansável Domingos Pascoal, apoiado pela Academia Sergipana de Letras, esse momento crítico que atravessamos tem sido menos traumático.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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