DOMÍNIO PESSOAL: QUAL O SEU SIGNIFICADO E IMPORTÂNCIA PARA AS NOSSAS VIDAS?

Encarar a vida como um trabalho criativo, vivê-la da perspectiva criativa, ou seja, com a finalidade de aprender a gerar e a sustentar a tensão criativa – é a isso que chamamos “domínio pessoal”. O que é realmente importante para nós? Como ver a realidade atual com mais clareza? A tensão criativa é justamente a justaposição da visão (o que queremos, o nosso objetivo maior de vida) e uma imagem nítida da realidade atual (onde estamos em relação ao que queremos). Assim sendo, a tensão criativa é a força, a energia de precisamos gastar com a finalidade de unir a nossa visão com a realidade desejada. Desta forma, poderemos afirmar que o domínio pessoal é a essência do aprender a gerar e a sustentar a tensão criativa em nossas vidas. Todavia, aprender, nesse caso, não significa adquirir mais informações, mas sim expandir a capacidade de produzir os resultados que realmente queremos da vida. O alto domínio pessoal faz com que as pessoas tenham um senso de propósito especial que está por trás das suas visões e metas. Elas vêm à realidade atual como uma aliada e não como inimiga, por esse motivo aprenderam a trabalhar com as forças da mudança, em vez de resistir a elas. São interconectadas e acreditam ser parte de um processo criativo maior, o qual pode ser influenciado, mas não pode ser controlado unilateralmente. Deve ficar claro, no entanto que o domínio pessoal não é algo que se possua e sim um processo. É uma disciplina a vida inteira. Por esse motivo, as pessoas com alto domínio pessoal são conscientes da sua ignorância, da sua incompetência e dos seus pontos que precisam ser melhorados; no entanto são pessoas de elevado grau de autoconfiança. Isso pode ate parecer paradoxal, mas é uma realidade! Por qualquer que seja o motivo não buscamos o nosso desenvolvimento emocional com a mesma intensidade com a qual buscamos o nosso desenvolvimento físico e intelectual. As pessoas com altos níveis de domínio pessoal comprometem-se mais, tomam mais iniciativas, têm senso mais abrangente e profundo, do seu trabalho. Aprendem mais rápido. Buscar a realização pessoal apenas fora do trabalho, ignorando a parte significativa das nossas vidas que passamos no trabalho, seria limitar as oportunidades de vivemos como seres humanos felizes e realizados. A maioria dos adultos tem pouca noção da verdadeira visão. Temos metas e objetivos, mas isso não é visão, por este motivo quando nos perguntam o que queremos, geralmente respondemos coisas que nos queremos livrar. Muitos de nós não sabemos sequer fazer uma distinção entre um propósito de vida e uma visão pessoal; ou seja, um propósito é algo que poderemos associar a uma direção geral; ao passo que uma visão é um destino específico, uma imagem do futuro desejado. Assim sendo um propósito é algo abstrato, ao passo que uma visão é completa, pois trata-se de uma imagem de algo que desejamos conquistar. Por exemplo, poderemos dizer que durante a corrida espacial o propósito dos USA era “ser o melhor possível”, mas a sua visão foi “fazer o homem chegar à lua ao final da década de 60”. Poderemos afirmar que a visão é algo que se deseja pelo seu valor intrínseco e, não pela posição que ocupa em relação aos outros, assim sendo a coragem de assumir a sua visão pessoal é o que distingue as pessoas que possuem alto domínio pessoal; daquelas de fraco domínio pessoal. Ao hiato (tempo necessário) entre a visão pessoal a realidade acontecer, ou seja, ter a visão realizada, o que poderá ser uma fonte de energia criativa, dá-se o nome de tensão criativa e, podemos afirmar que existem duas formas que podem exprimir a resolução da tensão criativa, são elas: 1) Empurrar a realidade até a visão. Ou seja, investir na geração de energia para tornar a visão pessoal realidade; ou 2) Puxar a visão até a realidade. Por exemplo, se no primeiro caso, o meu sonho pessoal fosse conhecer os Alpes. O que preciso fazer para tornar isso realidade. Trabalhar, juntar dinheiro, me preparar e, num determinado dia viajar para a Europa e, finalmente, tornar real a minha visão pessoal. No segundo caso, não me preparei, não desprendi nenhuma energia e um belo dia comprou um “pôster” muito bonito dos Alpes e coloquei na minha sala e “dei por realizada a minha visão”. Todavia, é importante considerar que a tensão criativa pode dar origem a emoções negativas as quais, nesses casos devem ser consideradas como tensão emocional. E, muitas vezes por não conseguirmos separar nitidamente o que é tensão criativa do que é tensão emocional poderemos ficar predispostos a reduzir a nossa visão. Portanto, a interação entre a tensão criativa e a tensão emocional é uma dinâmica de transferência da responsabilidade, semelhante àquela que ocorre com as metas declinantes. As pessoas criativas usam o hiato entre a visão e a realidade atual para gerar energia da mudança. Nas organizações as metas muitas vezes sofrem erosão porque as pessoas não conseguem lidar com a tensão emocional. Ninguém quer ser o mensageiro das más notícias, o que se faz, nesses casos, é fingir que não há más notícias e acima de tudo declarar vitória; pois “afinal, fizemos o que estava ao nosso alcance”. Portanto, ter domínio sobre a tensão criativa transforma nossa forma em enxergar um “fracasso”. Por outro lado, o fracasso é simplesmente uma limitação, um indício de um hiato entre a visão e a realidade atual. O fracasso é uma oportunidade de aprendizagem, sobre imagens imprecisas da realidade atual, sobre estratégias que não funcionaram como o esperado, sobre a clareza da visão. E, pensando desta forma, poderemos afirmar que o erro é um evento cujo benefício ainda não se transformou em vantagem. * Fernando Viana é diretor presidente da Fundação Brasil Criativo presidente@fbcriativo.org.br

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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