Eu conversava com um amigo quando seu celular toca:
– Alô! Ah, é você? Já estou indo. Tenho que ir, Pascoal, é a dona “encrenca” que está me esperando no G. Barbosa.
Dona encrenca? Fiz-me de desentendido e perguntei. Quem é a dona encrenca?
“É a polícia, a bruxa, a megera, a dona confusão”.
Nossa! Desculpe, mas eu ainda estou sem saber de quem você está falando.
“Da minha mulher, Pascoal, ela ficou no supermercado fazendo as compras e, agora que já terminou, está me chamando”…
Cá pra nós, eu não consigo entender o porquê desta falta de consideração, – para não dizer grosseria, – praticada por uma grande parte de nós, esposos. Como é que eu posso estar casado com uma encrenca?…
É claro que, em certos casos, pode ser apenas uma brincadeira, – de mau gosto, convenhamos. – Mas o pior é que, na maioria das vezes representa uma tremenda verdade.
Nestes casos, fico até com vergonha se, por acaso, um dia vier a ser apresentado a uma senhora a quem o marido, outrora chamou de “dona encrenca”. Faz pena só de imaginar o clima que impera entre eles.
Por que será que valorizamos tão pouco os nossos relacionamentos, quando sabemos que são os nossos maiores patrimônios? Aonde pretendemos chegar?
Amigos, desculpem ter abordado este assunto. Todos sabemos que ele é por demais conhecido. Parece uma bobagem esta minha constatação, não é mesmo? Isto, todo mundo sabe. Então, por que agora reaviam na memória dos meus queridos leitores?
Se faço, diletos amigos, é porque existem muitas coisas que sabemos, conhecemos, praticamos e esquecemos que sabemos, conhecemos e que estamos praticando o que deveríamos evitar. Não percebemos o mal que estamos fazendo a nós e aos nossos relacionamentos.
Às vezes, praticamos, involuntariamente, ou de propósito, atos que toldam as nossas relações, dificultam as coisas entre os nossos, gerando grandes desarmonias nem percebemos que são aquelas bobagens que estamos fazendo.
É por isso que quero sugerir, sobretudo aos que se descobrirem praticando estas asneiras, que deem uma parada, façam uma verificação criteriosa e tirem as suas conclusões do que isso tem provocado na sua vida e nos seus relacionamentos. Posso assegurar que nada de proveitoso trouxe a não ser o prazer mórbido de falar besteiras.
Depois de fazer esta apreciação, voltem ao passado: lembrem do tempo de namoro, como ela era importante para você; como ela era a mulher mais bonita e inteligente do mundo. Visitem, através do seu álbum de casamento, aquele dia maravilhoso em que vocês disseram o “sim” e juraram fidelidade na alegria e na dor… Como ela estava bela, não era mesmo?
Lembrem de sua casa nova, dos seus primeiros móveis, dos primeiros dias juntos, do nascimento do primeiro filho, procurem lembrar dela arrumando a roupinha dele antes de ir para o hospital…
Como foi que esta mulher tão bonita, tão maravilhosa, a sua companheira de todas as horas, tanto da noite como do dia, se transformou numa “encrenca?”.
Por favor, amigo, ela não é nada daquilo que você falou. Ela ainda é a sua esposa, sua companheira, sua namorada e, é assim que deverá ser tratada.