“Seu corpo não é um templo; é um parque de diversões. Aproveite o passeio “( Anthony Bourdain )
Trata-se de um tumor raro que, embora possa atingir homens jovens, tem maior incidência registrada geralmente a partir dos 50 anos de idade, representando em nosso País 2% de todos os tipos de câncer que atingem o sexo masculino. Através de pesquisas realizadas pela Sociedade Brasileira de Urologia, apesar de que ocorra um grande número de tratamentos para câncer de pênis concentrado no estado de São Paulo, a sua maioria é originária das regiões Norte e Nordeste do país; infelizmente conforme informações do Instituto Nacional de Câncer, aproximadamente 50% ou mais desses pacientes podem demorar até mais de um ano para procurar assistência médica após o aparecimento das primeiras lesões.
Classificação
Observa-se que nos seus estágios iniciais, as células malignas ficam localizadas nas camadas superficiais do órgão, sendo nesse casos , conhecido como carcinoma de células escamosas, representando cerca de 95% dos casos, tendo grandes chances de cura. Em sua grande maioria estes tumores são de crescimento lento e sendo geralmente encontrados no prepúcio ou sobre a glande. Graças a Deus se diagnosticados em um estágio inicial, a chance de cura é bastante alta; mas infelizmente quando não tratados com o tempo, podem se espalhar para a virilha e o abdômen.
Outros tipos de câncer de pênis são:
-Carcinoma verrucoso – forma rara de tumor de células escamosas, também conhecido como tumor de Buschke-Lowenstein, se parece com uma verruga genital benigna, podendo se disseminar para os tecidos adjacentes, mas raramente se espalha para outros órgãos;
-Carcinoma in situ – é considerado como sendo o estágio inicial do câncer de pênis de células escamosas, nessa fase as células cancerígenas são encontradas apenas na superfície da pele muitas vezes é denominado eritroplasia de Queyrat, no entanto se for diagnosticado no corpo do pênis ou outras partes dos órgãos genitais é denominado doença de Bowen;
-Melanoma – tipo de câncer de pele que começa nos melanócitos, células responsáveis pela pigmentação da pele, são tumores que tendem a crescer e se disseminar rapidamente e são bem mais agressivos do que outros tipos de câncer de pele de linhagem semelhante; felizmente encontramos apenas uma pequena porcentagem dos cânceres desse tipo;
-Carcinoma basocelular –bastante raro, porém trata-se de outro tipo de câncer de pele que pode também se desenvolver no pênis, representando uma pequena porcentagem dos casos; é de crescimento lento e raramente se dissemina para outras partes do corpo;
-Adenocarcinoma (Doença de Paget do pênis) – É um tipo bastante raro de câncer de pênis e que se desenvolve a partir das glândulas sudoríparas da pele do pênis, podendo ser difícil distingui-los do carcinoma in situ;
-Sarcoma –Observa-se de que uma pequena porcentagem dos tumores de pênis pode se desenvolver a partir dos vasos sanguíneos, músculos ou outras células do tecido conjuntivo do pênis, sendo então nesses casos denominados sarcomas.
Quadro clínico
Observa-se de que as manifestações clínica mais comuns do câncer de pênis são o de encontrar ferida ou úlcera persistente, localizada na glande, prepúcio ou corpo do pênis; por isso encontrar um desses sinais, associada a uma secreção branca (esmegma), pode ser um indicativo da doença, já outro sinal é encontrar a presença de gânglios inguinais ( “ ínguas na virilha” ).
Mais detalhadamente, os sintomas de câncer de pênis são:
-Alteração na pele – trata-se de um dos sintomas mais comuns do câncer de pênis; observa-se de que além das possíveis mudanças na coloração e na espessura, pode surgir algum tecido de cor avermelhada e aveludada ou lesões de cor marrom;
-Secreção – salientando de que em alguns casos, as feridas também podem apresentar secreções constantes de cor branca e de forte odor;
-Ínguas – chamando a atenção que nódulos ou inchaços na área da virilha também podem ocorrer em pacientes com câncer de pênis;
-Dificuldade na cicatrização –devemos também observar de que a presença de uma ferida avermelhada que não cicatriza é outro indicativo de câncer de pênis, sendo considerada uma lesão pré-cancerígena, chamada de eritroplasia de Queyrat.
Considerações Finais: Convém sempre considerar de que nem sempre os sintomas referidos indicam um tumor maligno no pênis, por que podemos observar verrugas ou manchas na região que podem ser alterações benignas, que em geral são localizadas na pele que recobre a cabeça ou na própria cabeça do pênis.
Diagnóstico
Devemos sempre considerar de que as chances de cura da neoplasia são muito maiores quando for diagnosticada em estágio inicial, por causa disso todas as alterações no pênis, como lesões ou manchas, devem sempre ser avaliadas por um médico. Mesmo após o exame clínico, o diagnóstico só é confirmado após outros exames e pela realização de biópsias.
A biópsia é feita com a retirada de um fragmento da região afetada que passa por análise anatomopatológica:
-Biópsia incisional – indicada para lesões maiores que se aprofundaram na pele, anestesia-se o local e retira-se apenas um pedaço do tecido;
-Biópsia excisional – utiliza-se em lesões de até 1 cm, com anestesia geral e retirada de toda a lesão;
-Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF) – é utilizada uma agulha acoplada a uma seringa para aspirar uma amostra do tumor e encaminhar material para análise.
Exames de Imagem
São muito importantes no processo de avaliação do tumor, ajudando a determinar a extensão da doença:
-Ressonância magnética – ondas eletromagnéticas são usadas para a formação de imagens e permitem determinar o tamanho, a localização do câncer e eventual presença de metástases;
-Tomografia computadorizada – alguns exames de tomografia são realizados em duas etapas: sem e com contraste, considerando de que a administração de contraste na veia deve ser realizada apenas quando se procuram detalhes, tornando o diagnóstico mais preciso;
-Ultrassom – determina a profundidade do tumor no pênis e também identifica eventual comprometimento dos gânglios linfáticos da virilha.
Tratamento
Como tudo em Medicina a escolha do tratamento deve ser individualizada e depende de fatores como extensão, local do tumor e comprometimento dos gânglios inguinais (ínguas). Cirurgia, radioterapia e quimioterapia são opções de combate à doença com uso individual ou combinado; convém salientar e que o estágio em que a doença é descoberta também influencia na decisão.
Devemos observar de que a indicação cirúrgica é a mais comum e há vários tipos de cirurgia que podem ser usadas no combate ao câncer de pênis, dependendo da localização, estágio e tipo de neoplasia:
-Circuncisão – técnica utilizada quando o tumor está localizado no prepúcio, nesse casoretira-se o prepúcio e a pele ao redor, deve sempre ser indicada antes do tratamento radioterápico;
-Excisão simples – o procedimento, semelhante a uma biópsia, consiste na retirada do tumor junto com uma margem de tecido normal ao redor, seu principal objetivo é evitar que alguma célula cancerígena permaneça no local;
-Cirurgia de Mohs – neste tipo de procedimento é retirada a camada de pele que o tumor possa ter invadido e analisada, sendo confirmada a doença, nova camada é retirada e examinada; por causa disso o processo de retirada das camadas é repetido até que as amostras de pele estejam livres de células cancerígenas;
-Ressecção a laser – um feixe de luz vaporiza as células cancerígenas, sendo útil nos casos mais superficiais de câncer, como o carcinoma de células escamosas e o câncer de células basais;
-Criocirurgia – é o congelamento das células cancerígenas com nitrogênio líquido sendo bastante eficaz no tratamento do câncer de pênis verrucoso e do carcinoma in situ da glande;
-Penectomina – retirada parcial ou total do pênis, sendo uma forma dramática do tratamento, mas infelizmente a mais eficiente de tratar um câncer que tenha se desenvolvido dentro do órgão;
-Linfadenectomia – é a cirurgia dos gânglios linfáticos e ocorre quando o tumor se aprofunda muito, sendo um procedimento que evita a disseminação da doença.
Convém no entanto salientar de que ainda ocorre a possibilidade de um tratamento tópico. O Imiquimod é um medicamento em creme que estimula o sistema imunológico do organismo e deve ser aplicado sobre a pele; ocasionalmente é utilizado no tratamento do carcinoma in situ do pênis.
Devemos também referir de que também pode ser feito uso de quimioterapia, que trata-se de um tratamento sistêmico, que não atinge somente as células cancerígenas, mas também as células saudáveis do organismo. Existem dois tipos de quimioterapia para o tratamento do câncer de pênis:
-Quimioterapia tópica – o medicamento, em forma de creme, é aplicado diretamente sobre a pele, observa-se de que como atua nas células cancerígenas localizadas na superfície da derme, é mais utilizado em condições pré-cancerosas ou para o carcinoma em estágio inicial;
-Quimioterapia sistêmica – administrada por via oral ou venosa, é indicada para tumores que se alastraram para os linfonodos ou outros órgãos, por causa disso quando associada à cirurgia, ela é utilizada antes do procedimento para reduzir o tamanho dos tumores.
Prevenção
A higiene correta do pênis é a melhor maneira de prevenir o câncer no órgão, por isso a limpeza diária deve ser feita com água e sabão, principalmente após as relações sexuais e a masturbação, no entanto outras práticas também ajudam na prevenção deste tipo de tumor:
-Cirurgia de fimose – operação simples, rápida e que não necessita de internação, ela também chamada de circuncisão, a cirurgia de fimose é normalmente realizada na infância. Como o mais importante na prevenção são os hábitos de higiene, homens circuncidados levam alguma vantagem na limpeza do órgão;
-Preservativo – o uso de preservativo diminui o risco de contágio de doenças sexualmente transmissíveis, como o vírus HPV, e a incidência do câncer de pênis;
-Autoexame – é importante que os homens identifiquem lesões em seu início ou qualquer alteração na cor da pele e procurem imediatamente um médico.
Homens cuidados, prevenção são importantes na saúde masculina…
Uma boa semana, muita paz e saúde….