Câncer de Tireoide: diagnóstico e tratamento

 “Limitar os desejos na verdade ajuda a curar o medo. O medo acompanha o ritmo da esperança. Ambos pertencem a uma mente em suspense, a uma mente em estado de ansiedade por olhar para o futuro. Ambos se devem principalmente a projetar nossos pensamentos muito à frente em vez de nos adaptarmos ao presente.” ( Sêneca )

Generalidades

A glândula tireoide fica localizada na parte anterior do pescoço, abaixo da cartilagem tireoide (pomo de Adão/” gogó”) e produz hormônios que ajudam a regular o metabolismo, a frequência cardíaca, a pressão arterial e a temperatura corporal. O câncer de tireoide se forma quando as células da tireoide começam a crescer e se multiplicar de forma desordenada e descontrolada.

Trata-se do câncer mais comum da região da cabeça e pescoço e afeta três vezes mais as mulheres do que os homens.

Os principais fatores de risco para câncer de tireoide são:

– Exposição à radiação – fator de risco comprovado para câncer de tireoide, fontes de tal radiação incluem alguns tratamentos médicos ( radioterapia de órgãos no tórax ou na cabeça ) e também a precipitação radioativa de acidentes em usinas de energia ou armas nucleares;

– Dieta pobre em iodo – os cânceres foliculares da tireoide são mais comuns em áreas do mundo onde as dietas das pessoas são pobres em iodo, por isso sabemos de que a adição de iodo ao sal, comum em vários países, previne a doença.

Vale destacar que a presença de nódulos na tireoide nem sempre é um indicativo de câncer, pois a maioria desses nódulos é benigna, ou seja apenas cerca de 5% a 10% dos nódulos tireóideos são cancerosos, eles surgem em qualquer idade, porém são mais comuns em adultos de idade mais avançadas.

Classificação

Diferentes tipos de câncer se desenvolvem a partir de cada tipo de célula existente na região, o que é muito importante detectar porque irá impactar na gravidade do câncer e no tratamento necessário.

Os principais ipos de câncer de tireoide são:

– Carcinomas bem diferenciados – suas células parecem muito com o tecido normal da tireoide quando vistas em laboratório, desenvolvem-se a partir de células foliculares da tireoide e representam a maioria dos cânceres deste local, em geral, têm comportamento pouco agressivo e são altamente responsivos à iodoterapia. Os carcinomas bem diferenciados, por sua vez, agregam três diferentes subtipos: papilífero (mais frequentes – 80% dos casos), folicular e o carcinoma de células de Hurthle;

– Carcinoma medular – desenvolve-se a partir das células C da glândula tireoide, que normalmente produzem calcitonina, um hormônio que ajuda a controlar a quantidade de cálcio no sangue, é muito raro e apresenta crescimento lento e nenhuma responsividade à iodoterapia;

– Carcinoma anaplásico ou carcinoma indiferenciado – é uma forma rara de tumor de tireoide, representando cerca de 2% de todos os casos, ele é assim denominado como indiferenciado porque as células cancerosas não se parecem com as células normais da tireoide, infelizmente trata-se de um câncer agressivo, com crescimento rápido e precoce, o que compromete as estruturas do pescoço, por causa disso o prognóstico é pior que os demais tipos.

Sintomas e sinais do câncer de tireoide

Em sua grande maioria ( o que é muito preocupante ) são assintomáticos, e em geral são tumores pequenos. Quando raramente se manifestam, os principais sintomas ou sinais do câncer de tireoide são:

– Nódulo ou caroço (principalmente se tiverem crescimento rápido);

– Inchaço no pescoço;

– Dor na parte anterior do pescoço, às vezes, irradiando para os ouvidos;

– Rouquidão ou outras alterações na voz persistentes;

– Dificuldade para engolir;( quando muito grande e em geral visíveis a olho nu )

– Problemas respiratórios; ( dispneia )

– Tosse constante e persistente.

Há condições benignas que também provocam sintomas como estes, em particular a presença de nódulos de tamanho médio ou grande. Qualquer destes sinais exige a procura de um médico para uma avaliação mais detalhada do quadro clínico.

Diagnóstico

Exame físico ( palpação cuidadosa e minuciosa da base do pescoço ) e história clínica dos pacientes são os primeiros passos para a detecção do câncer de tireoide.

Depois da suspeita, exames são utilizados para a confirmação da neoplasia, incluindo estadiamento e definição da melhor conduta para o tratamento. Os testes de imagem são importantes porque ajudam a encontrar áreas suspeitas que podem ser câncer e verificar se a neoplasia se espalhou, o que impacta na escolha do tratamento. Os principais exames complementares são:

– Ultrassonografia – é um dos primeiros exames e ajuda a determinar se um nódulo da tireoide é sólido ou cístico (cheio de líquido) – nódulos sólidos têm maior probabilidade de serem cancerígenos, mas também pode ser usado para verificar o número e o tamanho dos nódulos e ajudar a determinar se algum linfonodo próximo foi afetado pelo câncer, além do que , em nódulos da tireoide pequenos demais para serem palpados pode guiar a agulha que realizará a biópsia;

– Cintilografia com iodo – ajuda a determinar se um caroço no pescoço pode ser câncer de tireoide, mas também é utilizado ​​em pessoas que já foram diagnosticadas com câncer de tireoide diferenciado (papilar, folicular ou de células de Hürthle) para verificar se ele se espalhou. Para a realização deste teste, uma pequena quantidade de iodo radioativo é engolida ou injetada na veia – o iodo é absorvido pela glândula tireoide (ou células da tireoide em qualquer parte do corpo) e uma câmera especial é usada para ver onde está a radioatividade, pois as células do câncer medular da tireoide não absorvem iodo;

– Tomografia computadorizada (TC) do pescoço e tórax –exame que realiza teste de múltiplos raios X que fazem imagens detalhadas de cortes transversais do corpo, ajuda a determinar a localização e o tamanho do câncer de tireoide e verificar se ele se espalhou para áreas próximas ou para órgãos distantes, como os pulmões. Um problema com a TC em relação ao câncer de tireoide é que o corante de contraste contém iodo, que interfere nas varreduras de radioiodo, por causa disso é que muitas vezes se prefere o exame de ressonância magnética para avaliação do pescoço, ou a tomografia é realizada sem contraste;

– Ressonância magnética do pescoço – fornece imagens detalhadas da glândula tireóidea, do tumor e de eventuais linfonodos que estejam comprometidos pela doença no pescoço;

– PET Scan – a tomografia por emissão de pósitrons (PET Scan) pode ser muito útil se o câncer de tireoide for aquele que não absorve iodo radioativo, Nesta situação, pela PET Scan é possível verificar se o câncer se espalhou.

– Punção/biópsia- fundamental para fechar o diagnóstico da doença, certamente de que a maneira mais simples e positiva de descobrir se um nódulo é canceroso é por aspiração por agulha fina (PAAF),geralmente é realizada no consultório, com ou sem anestésico local, destacando de que o sangramento no local da biópsia é muito raro, exceto em pessoas com distúrbios hemorrágicos. Se desconhece complicações oriundas desse procedimento

Tratamento

O tratamento do câncer de tireoide sempre é cirúrgico, podendo ser feita a tireoidectomia total (retirada inteira da tireoide) ou parcial (apenas uma parte da tireoide), com a remoção ou não dos linfonodos (ínguas) do pescoço, a depender de cada caso.

Nos carcinomas bem diferenciados o tratamento cirúrgico pode ser complementado com iodo radioativo a fim de reduzir o risco de o câncer reaparecer, salientando de que o carcinoma medular e o carcinoma anaplásico não respondem ao iodo, portanto essa terapia não é utilizada nesses casos.

Para os casos de doença metastática, outras opções terapêuticas para controle da doença incluem os inibidores de tirosina quinase (medicações via oral).

Prevenção

Diversas doenças hereditárias foram associadas a diferentes tipos de câncer de tireoide, assim como a história familiar, no entanto, a maior parte das pessoas que desenvolvem câncer de tireoide não tem uma doença hereditária ou histórico familiar da doença. A única prevenção possível passa por evitar os fatores de risco (como exposição à radiação e dietas pobres em iodo, mencionados anteriormente); não há evidência científica de que o rastreamento do câncer de tireoide traga mais benefícios do que riscos e, portanto, até o momento, ele não é recomendado.

Uma Semana repleta de amenidades e de muitas alegrias…

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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