“ Você não tem o direito de sair da presença de uma pessoa sem a deixar melhor e mais feliz “ (Madre Tersa de Calcutá )
Estomatite é um termo que é utilizado para designar doenças que originam inflamações que se manifestam na boca ou cavidade bucal, o seu significado é originário da palavra “estômato”, que por sua vez tem origem na palavra grega “stoma”, que significa “boca”, seguido do sufixo “ ite “ que a associa a um processo inflamatório; Ela pode atingir pacientes de ambos os sexos e em qualquer idade, ocorrendo no entanto em sua grande maioria na primeira infância, afetando os tecidos moles da boca até à garganta.
A estomatite infantil é, como o próprio nome indica, aquela que ocorre na criança, sendo mais frequente nos primeiros anos de vida, no entanto a que ocorre em adultos é mais multifatorial, ou seja, está associada de uma forma em geral a variadas causas ou fatores.
Classificação:
Estomatite aftosa – popularmente denominada de afta, está entre as lesões inflamatórias mais comuns da mucosa oral, e traduzem-se na formação de pequenas ulcerações (cortes) na superfície da mucosa, principalmente língua, bochechas e interior dos lábios, sendo em geral extremamente dolorosas;
Estomatite herpética – muitas vezes sendo denominadas de como gengivoestomatite herpética, ou simplesmente gengivoestomatite, resulta de uma infeção causada pelo vírus Herpes Simplex, sendo que inicialmente se manifesta pela presença de pequenas bolhas, que podem em geral evoluir para inchaço e ulcerações; é uma patologia mais frequente no lábio porém pode atingir o interior da boca, incluindo a língua e o palato duro. Convém sempre frisar de que é uma afeção extremamente contagiosa, e que pode ser contraída de uma forma primária (gengivoestomatite herpética primária), através de gotículas de saliva ou pelo contato direto com lesões ativas;
Estomatite viral – como o nome sugere, originada pela infeção por vírus,se constituindo a maioria das estomatites existentes;
Estomatite angular – trata-se de uma afeção inflamatória caraterizada por irritação e fissuras que se localizam junto das comissuras labiais (cantos da boca).
Estomatite nicotínica – é causada pelo fumo do tabaco, cachimbo ou charuto, e que normalmente provoca pápulas avermelhadas (pequenas protuberâncias), localizadas no palato (“céu da boca”);
Estomatite vesicular – trata-se de uma infeção de origem víral que atinge principalmente bovinos e suínos, mas que pode também afetar o homem, principalmente por contágio animal, manifestando-se de forma semelhante à gripe;
Estomatite protética – é caracterizada por atingir as pessoas que usam próteses dentárias, principalmente que sejam mal adaptadas e/ou com deficiência de higienização, favorecendo por causa disso o aparecimento de infecções por fungos (por exemplo por cândida),ou por bactérias, quer sejam aeróbicas ou anaeróbicas; devemos sempre lembrar de que observa-se que a área mais propensa a desenvolver este tipo de estomatite é o palato (céu da boca),principalmente nas áreas correspondentes ao contato com a prótese, apresentando-se por isso com uma mucosa muito avermelhada.
Estomatite moriforme – é uma lesão de origem fúngica que atinge a mucosa oral, deixando-a ligeiramente inchada e puntiforme.
Estomatite ulcerativa – é uma afeção infeciosa que se traduz na presença de ulcerações importantes na mucosa oral, e até, em alguns casos necrose do tecido gengival.
Estomatite gangrenosa –infelizmente uma forma bastante grave da doença e que é causada pela desnutrição da mucosa ou acompanhando algumas doenças debilitantes, como a malária por exemplo, e causam ulcerações severas nos tecidos moles da boca.
Estomatite infantil
A estomatite em crianças é mais frequente do que em adultos, sendo mais frequente na primeira infância, principalmente a partir do sexto mês de vida, período no qual a criança começa a deixar de receber anticorpos da mãe que lhe são transmitidos através do leite materno nos primeiros meses. No entanto, a estomatite infantil ocorre com maior incidência entre os dois e os cinco anos de idade, período em que as crianças normalmente iniciam a vida escolar e permanecem muito mais em contato com outras crianças, e atinge igualmente ambos os sexos de igual forma e convém salientar de que se torna mais frequente no meses mais frios e úmidos; importante referir de que as manifestações da doença aparecem em geral passados cerca de 5 dias após o contágio com um individuo doente, e incluem regra geral, falta de apetite, irritabilidade, febre e dor no local afetado,além do aparecimento de pequenas lesões na boca e garganta, o que leva os pais, a procurarem um profissional de saúde.
Estomatite em adultos
A estomatite em adultos apesar de menos frequente que na criança também pode ocorrer, inclusive podem ter as mesmas causas que se verificam nas crianças, mas infelizmente nessa faixa etária elas tendem a manifestar-se de uma forma mais agressiva; por motivos óbvios torna-se mais frequente nas pessoas imunodeprimidas e em pessoas que usam próteses desadaptadas e/ou mal higienizadas, dentre outras situações.
Causas:
Podemos identificar diversas causas para a estomatite. Para além disso existem vários fatores adjuvantes ou fatores de risco que favorecem o desenvolvimento da estomatite.
O vírus que habitualmente provoca a estomatite víral é o vírus da herpes simples (HSV-1),no entanto em menor incidência os vírus da família Coxsackie também podem desencadear a patologia; o que se sabe com toda a certeza é de que ambos os vírus aproveitam-se de momentos em que existe uma baixa imunidade do organismo, provocados por uma infecção sistêmica, por exemplo, para entrar em ação, mas sabe-se de que a estomatite também pode ser causada por outras infeções virais, bacterianas e fúngicas.
Principais causas e fatores predisponentes da estomatite a saber:
- Lesões ou ferimentos na boca;
- Reações alérgicas;
- Infeções víricas;
- Infeções fúngicas (candidíase, por exemplo);
- Infeções bacterianas (estomatite bacteriana);
- Tabagismo;
- Cárie dentária;
- Gengivite;
- Uso de aparelho dentário mal adaptado;
- Prótese dentária ou “dentadura” mal a adaptada;
- Consumo excessivo de bebidas alcoólicas;
- Ingestão de alimentos demasiado quentes;
- Higiene oral deficiente;
- Tratamentos para cancer (sessões de quimioterapia e radioterapia);
- Doenças endócrinas e sistémicas que afetam a imunidade, como lúpus, doença de Crohn e AIDS;
- Utilização de medicamentos que baixem a atividade do sistema imunológico ( corticoides, por exemplo );
- Úlceras orais.
IMPORTANTE: A estomatite ocorre com maior prevalência nas estações mais frias (outono e inverno) porque é nessa altura que ocorrem a maioria dos casos de gripes e constipações, que deixam o sistema imunológico mais frágil. Além disso, devido às baixas temperaturas, as pessoas costumam permanecer mais tempo em ambientes fechados e agrupadas, facilitando assim a propagação dessas doenças, pois para além disso, nestas estações do ano o ar encontra-se mais úmido, o que também favorece a propagação de vírus, fungos e bactérias.
Quadro Clinico:
Vermelhidão e/ou inchaço nos tecidos moles da boca (gengiva, interior das bochechas, língua, lábios e orofaringe).
Presença de aftas; Aumento dos gânglios linfáticos da região ( ínguas ); Febre, que pode ser elevada; Falta de apetite; Dificuldade para deglutir; Falta do paladar; Dor na boca; Sensação de queimadura e/ou boca seca;
Aparecimento de pequenas erupções arredondadas na mucosa bucal; Aparecimento de bolhas que mais tarde rebentam, causando úlceras orais. As úlceras são situações com características muito semelhantes às aftas, podendo alastrar-se a toda a boca, sobretudo à gengiva, língua e início da faringe, próximo das amígdalas;
Irritabilidade (principalmente em crianças);Dor de cabeça;
Estes sinais e sintomas de estomatite costumam ter a duração aproximada de sensivelmente 2 semanas, sendo que na primeira semana geralmente é mais difícil de suportar, pois constitui a fase aguda, e como tal, é o momento em que a boca está mais sensível e a dor é mais significativa.
O número de dias de febre é variável consoante o tipo e gravidade da estomatite, mas por norma, tende a manter-se alta durante 3 dias ou mais.
Diagnóstico:
Deve ser feito inicialmente pelo exame minucioso da cavidade oral e as estruturas adjacentes, e deve procurar esclarecer uma série de questões relativas aos sinais e sintomas do paciente, bem como à sua história clínica. Normalmente, este procedimento costuma ser suficiente para diagnosticar a estomatite, porém, o médico poderá solicitar a realização de exames adicionais, que poderão averiguar se eventualmente esta situação poderá ter como causa um determinado vírus, bactéria ou fungo, ou ainda para excluir outras possíveis doenças; torna-se extremamente importante dar uma atenção especial para os casos de recidiva, ou estomatite recidivante, com a finalidade de tentar determinar se existe algum foco de infeção crónica que possa estar causando uma baixa de imunidade, e com isso a instalação de estomatites repetitivas, sendo por isso importante a intervenção de mais de uma especialidade médica (médico dentista, endocrinologista, médico de medicina interna, otorrinolaringologista, por exemplo), para se conseguir um melhor diagnóstico ou despiste de outras doenças, sistémicas ou não, que possam estar associadas à manifestação repetida de estomatites.
Convém chamar sempre a atenção de que na estomatite, o contágio depende da causa subjacente, por exemplo a estomatite viral é bastante contagiosa, sendo relativamente fácil de se transmitir através das gotículas de saliva ou do contato direto com a área afetada (beijo por exemplo), principalmente quando falamos do vírus do herpes (estomatite herpética);nestes casos, a incubação da doença (tempo até aparecerem as primeiras manifestações), pode ir dos 2 aos 12 dias. No entanto com relação a estomatite aftosa não ocorre o contágio, ou seja, a doença não se transmite; de qualquer forma nos casos onde existe o fator contagioso, a manifestação da doença depende em grande parte do estado geral de imunidade específico de cada individuo.
Tratamento:
A estomatite tem cura, desde que seja diagnosticada e tratada de forma correta e precocemente ,devendo sempre se fundamentar numa terapia medicamentosa ,é lógico que feito de acordo com o tipo de patologia apresentada, tendo como objetivo aliviar os sintomas e reduzir o tempo de cicatrização, ainda que numa grande parte das vezes, dependendo também do tipo apresentado, curiosamente a doença possa desaparecer espontaneamente, ou seja sem tratamento.
Entre os medicamentos mais prescritos para a estomatite encontram-se os anti-inflamatórios, que existe sob variadas apresentações, nomeadamente em comprimidos, pomada, bochechos, gel oral e em spray, devem também ser considerados a utilização de alguns sprays e pomadas com propriedades anestésicas que proporcionam um alívio sintomático, principalmente durante a fase aguda.
Na estomatite aftosa recorrente, caso dure mais de 2 semanas, e as lesões apresentem uma dimensão maior do que 1 cm, poderá recorrer-se a medicação específica, caso contrário não se torna forçosamente necessário tratamento farmacológico.
Em certos tipos de estomatite, por exemplo, de origem bacteriana, já se considera um tratamento antibiótico que poderá ter uma duração de uma semana, caso a afeção ceda com apenas um ciclo de medicação, já se considerarmos os casos de estomatite de origem fúngica, os fármacos de eleição assentam fundamentalmente nos antifúngicos, nomeadamente a nistatina, que normalmente se apresenta na forma de suspensão oral (nistatina liquida).
Já na gengivoestomatite herpética, que é a manifestação mais comum da infeção pelo vírus herpes simples, o tratamento pode passar pela administração de medicamentos antivírais, como por exemplo o aciclovir, para reduzir as manifestações orais. Medicamentos analgésicos antitérmicos, como o paracetamol podem ser igualmente considerados, caso a temperatura corporal (febre), suba acima dos 38 graus; O principal cuidado passa pela manutenção de uma adequada higiene oral, devendo-se eleger a utilização de uma escova dentária de cerdas macias.
Além disso o paciente deve procurar um Nutricionista para poder adotar uma alimentação adequada, de modo a evitar ainda uma eventual desidratação local, evitando assim possíveis complicações. A estomatite pode tornar-se bem mais grave nos casos em que ocorra desidratação, devendo-se por isso ter particular atenção principalmente nos casos das crianças, pois estas tendem a não comer ou beber para não sentir dor na boca, convém referir de que como tratamento natural ou remédio caseiro, fazer bochechos com água morna após as refeições poderá também ajudar a minimizar os sintomas.
O consumo de bebidas frias também ajuda a aliviar os sintomas, todavia deverá sempre evitar o consumo das bebidas ácidas (laranja e limão, por exemplo) e refrigerantes, assim como consumir alimentos picantes, duros e salgados, que pelo contrário, podem agravar a dor, sendo por isso importante adotar uma dieta adequada ao tipo de estomatite identificada.
Qualquer medicamento para estomatite deve ser selecionado mediante as causas e deve ser sempre prescrito pelo médico, ou seja o paciente nunca se deve automedicar, devendo sempre consultar o seu médico em casos de dúvidas sobre o tratamento medicamentoso prescrito.
Uma boa e simpática Semana, com Deus Sempre no comando..
MAKTUB!!!