Febre Oropouche: quadro clínico e tratamento

Quando algo ruim acontece você tem três escolhas: deixar isso definir você, deixar isso destruir você ou fazer isso te deixar mais forte.( Anônimo)

É uma doença muito confundida com a dengue, por apresentar  sintomas similares, a febre do Oropouche é também uma arbovirose, entretanto, até o momento, ela não é transmitida pelo mesmo mosquito, geralmente a transmissão do vírus Oropouche se dá através da picada do mosquito popularmente conhecido como “maruim” (Culicoides paraensis); Infelizmente esse ano a doença chamou atenção devido ao rápido crescimento do número de casos na Região Norte, principalmente no Amazonas, informações da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), foram descobertos quase 2000 casos da doença no estado em curto período, ou seja entre 1º de janeiro e 29 de fevereiro de 2024 ,ficando em segundo lugar na prevalência de arboviroses naquela localidade, atrás somente da incidência de dengue, fazendo com que o órgão emitisse um alerta epidemiológico na ocasião.

Apesar de que os surtos da doença tenham sido registrados na última década, principalmente na região amazônica, a doença tem se espalhado para outras unidades da federação; segundo informações do Ministério da Saúde (MS) ocorreram até o dia 13 de maio deste ano, o registro de mais de 5 mil casos, número considerado preocupante comparado com as informações de 2023,para se ter uma ideia do potencial risco de transmissão, 2023 registrou 835 casos, que foram descobertos basicamente na região endêmica.

É uma arbovirose, ou seja, doença transmitida por artrópodes, como mosquitos ou carrapatos; sendo causada pela picada do mosquito Culicoides paraensis, principal agente transmissor do vírus Oropouche (OROV), pertencente ao gênero Orthobunyavirus e à família Peribunyaviridae. O vírus recebeu o nome do local onde foi identificado pela primeira vez, em 1955, na comunidade de Vega de Oropouche, em Trinidad e Tobago, América Central, já no Brasil a infecção viral surgiu na década de 60. Semelhante ao bastante conhecido Aedes aegypti, o Culicoides paraensis também se reproduz em águas paradas, por causa disso os casos tendem a aumentar nos períodos chuvosos e com altas temperaturas.

Quadro Clínico

Os sintomas da doença costumam durar até uma semana, porém apresenta uma recuperação lenta que pode levar várias semanas, existem relatos de pacientes que apresentaram recidiva do quadro febril após uma semana de cura da febre inicial.

Sabe-se de que a partir da picada do mosquito infectado, o período de incubação pode variar entre cinco e sete dias (chegando a 12 dias em alguns casos),salientando de que além da febre aguda que caracteriza a doença, as pessoas podem apresentar outros sintomas: calafrios; mialgia; náuseas; dores de cabeça e nas articulações, e raramente erupções cutâneas. Convém frisar de que em casos extremos e sobretudo em pessoas imunodeprimidas a infecção pode afetar o sistema nervoso central, evoluindo em alguns casos para um quadro de meningite.

DIFERENÇAS ENTRE A FEBRE DO OROPOUCHE E A DENGUE

Dengue

Oropouche

Mosquito vetor Aedes aegypti Culicoides paraensis
Principais sintomas Febre alta, dores no corpo e nas articulações, falta de apetite, dor de cabeça e atrás dos olhos, manchas pelo corpo. Febre intensa e persistente, calafrios, náuseas, tontura, dores de cabeça e nas articulações, fotofobia e exantema.
Risco de morte Sim Não
Vacina Sim Não

DIAGNÓSTICO:

Infelizmente como as manifestações clínicas são semelhantes a outras arboviroses, o diagnóstico diferencial representa um grande desafio, por causa disso pela falta de uma avaliação diagnóstica mais precisa dessa patologia pode conduzir em sua grande maioria à subnotificação, o que dificulta demasiadamente o seguimento terapêutico, além de inviabilizar a estimativa da incidência da doença na população; por causa disso convém salientar de que ao apresentar sintomas sugestivos de arboviroses, é fundamental realizar o quanto antes o exame indicado para o diagnóstico correto e tratamento adequado, seguramente é  que na fase inicial da doença, o exame PCR é o mais indicado. Devemos chamar a atenção de que o teste molecular que utiliza a metodologia PCR em tempo real (qualitativo) para diferenciar o Oropouche de outras arboviroses, como dengue, zika, chikungunya, febre amarela e febre do Mayaro, é o  mais indicado, além disso salientamos de que o exame não exige qualquer preparo e deve sempre ser feito do primeiro ao sétimo dia de sintomas.

TRATAMENTO/PREVENÇÃO:

In felizmente ainda não existem vacinas específicas para combater o vírus Oropouche, já o tratamento é sintomático, sendo feito de acordo com os sintomas apresentados, geralmente à base de medicamentos analgésicos e antitérmicos para aliviar o quadro clínico, além disso deve se ter cuidados gerais, como repouso e hidratação.

Da mesma forma que as outras arboviroses, as medidas de prevenção envolvem diretamente o combate ao mosquito transmissor, ou seja convém reforçar a importância de eliminar possíveis focos de proliferação do vetor, mantendo vigilância intensa nos locais que possam acumular água, portanto medidas simples que podem fazer grande diferença:

– virar garrafas de cabeça para baixo; descartar pneus velhos ou armazená-los em locais cobertos; limpar calhas;

– retirar a água dos pratinhos de vasos de plantas ou utilizar areia para a devida absorção; tampar ralos e pias;

– higienizar vasilhas de água de animais de estimação;

– Além disso é muito importante evitar o acúmulo de lixos em terrenos, bem como promover a limpeza eventual de caixas d’água, lajes, cisternas e piscinas (particularmente, aquelas sem uso ou em manutenção).

Devemos chamar a atenção também em relação às medidas individuais para as pessoas que residem em locais endêmicos ou com grande concentração de mosquitos, recomenda-se utilizar vestimentas que cubram a maior parte do corpo, como camisas de manga comprida e calças, além de fazer uso constante de repelentes, e quando for possível, instalar telas de proteção nas residências; porém independentemente do tipo de arbovirose, procure uma ajuda médica imediatamente após o surgimento dos primeiros sintomas, por que o que se sabe é de que a detecção precoce permite a realização de um tratamento apropriado e pode salvar vidas!

Uma Boa e agradável Semana!!!

NAMASTÊ…

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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