TDAH

A força não provém da capacidade física. Provém de uma vontade indomável. (Mahatma Gandhi)

(Co- autora -Rachel Sotero- Psicológa)

 

O aparecimento de sinais de TDAH geralmente acontece na infância e na adolescência, podendo ou não permanecerem na vida adulta. A forma como os sintomas emocionais, sociais e comportamentais são tratados influenciam diretamente na melhora das dificuldades dessas pessoas. Os transtornos do neurodesenvolvimento são um grupo de condições com início no período do desenvolvimento. Os transtornos tipicamente se manifestam cedo no desenvolvimento, em geral antes de a criança ingressar na escola, sendo caracterizados por déficits no desenvolvimento que acarretam prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional.

Ainda hoje, a utilização de medicamentos para controlar a doença e a procura da avaliação com psiquiatra são motivos de receios e de muitas dúvidas. O preconceito com o diagnóstico e a falta de orientação profissional são obstáculos que podem dificultar a qualidade de vida das pessoas com esse diagnóstico.

Os principais sintomas do TDAH são desatenção, inquietação e impulsividade, observando-se que quanto mais novo for o paciente, maior será a tendência a inquietação, e com o envelhecimento irá prevalecer a desatenção.

O diagnóstico do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade é dado pelo número de sintomas e pelo grau de prejuízo que o sujeito sofre com a doença; geralmente são sintomas que surgem antes dos sete anos e podem causar prejuízos em mais de um ambiente em que a pessoa convive.

 Segundo a maioria dos Especialistas no assunto, o TDAH deve ser tratado de forma multidisciplinar, e interdisciplinar, ou seja, com medicamentos e terapias de apoio, como psicoterapia, fonoaudiologia, psicopedagogia, terapia familiar, fisioterapia, psicomotricidade. O tipo de tratamento recomendado varia de acordo com os sintomas apresentados pelo sujeito.

Do ponto de vista medicamentoso, o tratamento deve ser feito com o uso de estimulantes, que agem estimulando o sistema dopaminérgico e noradrenérgico do cérebro, auxiliando a criança a conseguir controlar a desatenção e a inquietação. A aceleração dos pensamentos, que acomete os pacientes com TDAH, acontece pela falta do “bloqueio” neuronal que permite o foco e a atenção. A boa notícia é que os resultados são bons quando o tratamento é feito de maneira adequada.

Apesar de no momento ainda existam controvérsias em relação aos métodos utilizados em seu tratamento efetivo, sugere-se de que o metilfenidato seria uma escolha para se obter um bom resultado em seu tratamento, pois seria extremamente benéfico no acompanhamento por um longo tempo, mantendo-se atuante no núcleo dos sintomas deste transtorno, além de necessitar de pouco ajuste de dose, consequentemente mostrando poucas evidências de intolerância a medicação; infelizmente apesar de sua constatada evidência, cerca de 25% das crianças não apresentam resposta à medicação, no entanto nas outras 75% houve uma melhora significativa na motivação, coordenação motora, habilidade  vasomotora e no aprendizado a curto prazo.

Um dos modelos que explica o efeito dos estimulantes na doença inclui a capacidade inibitória do córtex frontal nos gânglios da base diretamente ligados aos agonistas dopaminérgicos, diversas pesquisas recentes demonstram que os estimulantes bloqueiam a receptação de dopamina (DA) e norepinefrina (NE) na fenda pré-sináptica dos neurônios, aumentando dessa forma a oferta dessas aminas no espaço extra-neuronal.

Diversos estudos evidenciam de que o uso da medicação melhora muito a qualidade de vida das crianças, de tal forma de que quem não o conhecer não irá perceber que ele apresenta o problema. Infelizmente grande parte dos pacientes interrompe o tratamento, retornando somente quando sentem que necessitam executar algo que exija atenção. Infelizmente a adesão inicial ao tratamento é boa, porém com o tempo tende a diminuir.

                 A grande maioria dos estudos mostram de que entre os efeitos obtidos com metilfenidato ocorre uma melhora na cognição, na vigilância e no tempo de resposta da criança, na memória de curta duração e principalmente no aprendizado de material verbal e não-verbal.

               Pesquisas realizadas na década de 90 mostraram que o percentual de pacientes que melhoraram com a medicação foi bem maior nos casos de hiperatividade (81,25%) que os de desatenção (62,32%), além de terem evidenciado de que quanto maior for o número de sintomas maior será a resposta, principalmente se os sintomas forem de hiperatividade.

               Diversos pesquisadores mostraram de que o metilfenidato auxiliam as crianças nos testes que necessitam de alto nível de atenção e de esforços por um período muito prolongado; sabe-se de que o autocontrole depende muito do aumento da atenção, de uma inibição para não responder impulsivamente, habilidade para manter a mudança do set cognitivo para suprir a demanda do teste, habilidade para o planejamento e organização.

               Convém chamar muito a atenção de que o foco principal dos pesquisadores é encontrar sua origem genética!!!

               Sobre metilfenidato trata-se de um medicamento que pertence ao grupo das anfetaminas, tendo sido sintetizado no final da década de 50 e início de 60, sendo que sua eficácia foi demonstrada pelo uso de escalas de avaliação, dirigidas a pais e professores de crianças com TDAH.

                Convém salientar de que no final da década de 90 o seu uso foi muito criticado, decorrente da possibilidade de ocorrência de abuso e dependência, porém atualmente sabe-se que o risco de abusos de drogas em pacientes com TDAH é o mesmo em pacientes do grupo controle sem TDAH. Os critérios diagnósticos para Transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade usados pelo DSM-V TR que é o manual usado pelos profissionais de saúde no Brasil são:

– Um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento e no desenvolvimento, conforme caracterizado por (1) e/ou (2):

1. Desatenção: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais: Para adolescentes mais velhos e adultos (17 anos ou mais), pelo menos cinco sintomas são necessários.

  • Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades (p. ex., negligencia ou deixa passar detalhes, o trabalho é impreciso).

  • Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas (p. ex., dificuldade de manter o foco durante aulas, conversas ou leituras prolongadas).

  • Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente (p. ex., parece estar com a cabeça longe, mesmo na ausência de qualquer distração óbvia).

  • Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho (p. ex., começa as tarefas, mas rapidamente perde o foco e facilmente perde o rumo).

  • Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades (p. ex., dificuldade em gerenciar tarefas sequenciais; dificuldade em manter materiais e objetos pessoais em ordem; trabalho desorganizado e desleixado; mau gerenciamento do tempo; dificuldade em cumprir prazos).

  • Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado (p. ex., trabalhos escolares ou lições de casa; para adolescentes mais velhos e adultos, preparo de relatórios, preenchimento de formulários, revisão de trabalhos longos).

  • Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (p. ex., materiais escolares, lápis, livros, instrumentos, carteiras, chaves, documentos, óculos, celular).

  • Com frequência é facilmente distraído por estímulos externos (para adolescentes mais velhos e adultos, pode incluir pensamentos não relacionados).

  • Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas (p. ex., realizar tarefas, obrigações; para adolescentes mais velhos e adultos, retornar ligações, pagar contas, manter horários agendados).

2. Hiperatividade e impulsividade: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais: Nota: Os sintomas não são apenas uma manifestação de comportamento opositor, desafio, hostilidade ou dificuldade para compreender tarefas ou instruções. Para adolescentes mais velhos e adultos (17 anos ou mais), pelo menos cinco sintomas são necessários.

  • Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira.

  • Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado (p. ex., sai do seu lugar em sala de aula, no escritório ou em outro local de trabalho ou em outras situações que exijam que se permaneça em um mesmo lugar).

  • Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é inapropriado. (Nota: Em adolescentes ou adultos, pode se limitar a sensações de inquietude.)

  • Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente.

  • Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor ligado” (p. ex., não consegue ou se sente desconfortável em ficar parado por muito tempo, como em restaurantes, reuniões; outros podem ver o indivíduo como inquieto ou difícil de acompanhar).

  • Frequentemente fala demais.

  • Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída (p. ex., termina frases dos outros, não consegue aguardar a vez de falar).

  • Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez (p. ex., aguardar em uma fila).

  • Frequentemente interrompe ou se intromete (p. ex., mete-se nas conversas, jogos ou atividades; pode começar a usar as coisas de outras pessoas sem pedir ou receber permissão.

Os diagnósticos são necessários para definirmos a linha de cuidado necessária e mais adequada a ser adotada pelo sujeito. De forma alguma, deve ser visto apenas como limite, mas sim um ponto de partida a ser tomado para que a vida possa ser mais feliz e mais rica em possibilidades e gratificações.

Uma Boa e Agradável Semana com Paz, Luz e muita Harmonia…

MAKTUB!!!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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