A ideia é nunca perder a motivação para subir cada degrau rumo ao sucesso, por mais difícil que seja. E também não esquecer de agradecer pelas lições aprendidas em cada etapa da jornada.( Albert Morel )
O Transtorno Depressivo Maior (TDM), conhecido também como depressão unipolar, é um dos transtornos mentais mais comuns na clínica psiquiátrica, prevalecendo ao longo da vida em cerca de 17% da população em geral, de acordo com um estudo americano realizado em 2019 pela National Comorbity Survey Replication (NCS-R);em 2020 a Organização Mundial da Saúde (OMS) constatou que cerca de 151 milhões de pessoas sofriam de Transtorno Depressivo Maior no mundo, evidenciando com isso de que a prevalência do TDM foi maior do que os transtornos referentes ao álcool., em decorrência disso é que torna-se muito importante conhecer bem este transtorno, tendo em vista a alta incidência de casos.
Quadro Clínico
É uma doença que se caracteriza por sintomas que variam de acordo com cada caso, mas envolvem a sensação de vazio, falta de interesse pelas pessoas e atividades, tristeza intensa sem motivo aparente e principalmente insônia.
Normalmente, esses sintomas perduram por cerca de duas semanas seguidas, o que inviabiliza o sujeito para fazer quaisquer tipos de atividades, por mais simples que sejam, infelizmente além de serem intensos, os sintomas também são crônicos, o que alimenta uma resistência ao tratamento, por parte dos pacientes, destacando de que a tristeza profunda que o paralisa, às vezes para levantar da cama, também poderá impactar na energia do sujeito para participar ativamente do seu tratamento, por causa disso é muito importante saber fazer precocemente o diagnóstico e o tratamento correto.
Diagnóstico
É realizado com base em uma série de ferramentas disponíveis pelos profissionais da saúde envolvidos no quadro, sendo construído em conjunto com o paciente, baseado em conteúdos ditos, observados e compartilhados de alguma forma; destacando de que o diagnóstico não tem o intuito de objetificar o sujeito, muito menos servir como apoio para que o paciente “grude” no médico e passe a usá-lo como justificativa para suas ações, e sim ele é realizado para orientar a equipe de saúde acerca das melhores alternativas de tratamento.
Por causa disso é que ao longo das sessões de psicoterapia e/ou consultas com psiquiatra, busca-se compartilhar alguns eventos passados que tenham potencial estressante em longos períodos e de forma intensa; além do que investiga-se a relação do paciente com as drogas, uso de medicamentos e o máximo de detalhes possíveis para assegurar um diagnóstico correto; convém também destacar de que na hora do diagnóstico, devemos sempre lembrar que a genética também pode influenciar. Várias revistas europeias e americanas publicaram um estudo que apresenta 17 variações de gene em 15 partes do DNA, comprovando que o Transtorno Depressivo Maior também sofre influência da genética, vinculando o transtorno a uma hereditariedade, lembrando de que a doença pode ser classificada em leve, moderado e grave.
Sintomas
Devemos sempre ter uma escuta e visão bem ativa, salientando de que os sintomas mais evidentes conseguem ser percebidos pela observação da fisionomia e linguagem corporal dos pacientes; Principais sintomas:
– Demonstração de infelicidade; Olhos normalmente cheios de água; Testa franzida;
– Cantos da boca direcionados para baixo; Expressão facial indiferente; Postura retraída;
– Poucos movimentos corporais e, quando tem algum, costuma ser realizado de forma lenta.
Infelizmente existem casos mais extremos, em que os pacientes relatam não sentir as emoções habituais, imergindo em um mundo sem cor e sem vida, sem mais lágrimas para derramar.
Além disso alguns livros determinam que a doença pode ser diagnosticada quando o paciente apresentar 5 ou mais das ações abaixo, todos os dias, durante pelo menos 2 semanas:
– Humor deprimido em grande parte do dia (na maior parte do dia, o sujeito fica com forte sensação de tristeza sem um motivo aparente, falta de esperança sobre seus objetivos, dificuldade para iniciar um projeto no presente ou elaborar algum para o futuro, sensação de vazio, ainda que não consiga explicar exatamente o que; apropriar-se da tristeza de alguma pessoa ao redor e irritabilidade)
– Diminuição drástica de interesse ou prazer em quaisquer tipos de atividades;
– Ganho ou perda de peso ponderal bem significativo, girando em torno de 6 quilos (seja aumento ou perda);
– Insônia (dificuldade para dormir) ou hipersonia (dificuldade para se manter acordado, devido a um sono descomunal);
– Alteração na capacidade motora, podendo causar agitação ou atraso psicomotor;
– Esgotamento de energia, ou seja, fadiga extrema;
– Sentimento de não ser útil para ninguém, fomentando uma culpa excessiva e/ou inapropriada;
– Dificuldade de concentração e tomada de decisão;
– o mais grave em alguns pacientes sã pensamentos constantes de suicídio e morte.
Importante frisar de que a culpa vinculada ao episódio depressivo também existe em grande parte dos casos, em que os pacientes elaboram avaliações negativas sobre si mesmos, impactando a construção de valor pessoal, nesses casos, o paciente demonstra preocupação fixada em momentos de fraqueza ou fracassos ocorridos no passado próximo ou distante.
Além disso, é comum a interpretação distorcida de eventos, com tendência a exagerar na autorresponsabilidade diante adversidades, podendo atingir proporções delirantes, já em alguns pacientes outro ponto presente é a auto recriminação por estar lidando com a depressão, nutrindo um pensamento de que a fraqueza está atrelada ao transtorno, impactando de forma bastante significativa na autonomia diante da tomada de decisões, muitos pacientes passam a ter dificuldade para se concentrar, pensar com clareza e tomar decisões, por se distraírem com facilidade e até mesmo ter impactos negativos relacionados à memória, eles podem apresentar também alguns sintomas psicóticos, como delírios e/ou alucinações. Esses sintomas podem ser classificados como congruentes, no que diz respeito a delírios de culpa, hipocondria, alucinações depreciativas, sensação de ruína) ou incongruentes com o humor — é o caso dos delírios persecutórios e alucinações envolvendo laços afetivos, por exemplo.
Fatores de risco
É bastante difícil categorizar os fatores de risco da doença já que irá variar de pessoa para pessoa, de uma forma geral, os fatores de risco de qualquer doença são elucidados por situações e/ou condições que possam potencializar a chance do desenvolvimento daquele transtorno, esses fatores podem ser de ordem genética, comportamental ou ambiental; estudos realizados na Inglaterra constataram que cerca de um terço dos portadores da depressão maior apresentaram um ou mais episódios depressivos nos 12 meses anteriores ao diagnóstico ,sendo portanto um fator de risco palpável de observação, seja pela equipe de apoio do sujeito ou pela equipe profissional envolvida.
JÁ ocorrência de doenças crônicas concomitante , por exemplo, estão entre os principais fatores de risco para a depressão, ou seja a baixa imunidade, combinada com administração de vários medicamentos, mudanças de hábitos e restrições alimentares podem impactar significativamente a maneira como o sujeito encara a vida e lida com a ansiedade.
Diferença entre Distimia e Transtorno Depressivo Maior
Existem diferentes tipos de depressão e é preciso ter cuidado para não confundi-los, ou seja em diversas vezes a Distimia e o Transtorno Depressivo Maior têm sintomas parecidos, mas há algumas diferenças que podem ser observadas.
A Depressão Maior é referente ao quadro em que o sujeito tem sintomas intensos, provocando impacto negativo de forma intensa e, como consequência, dificultando a possibilidade de o sujeito levar uma vida funcional por até 3 anos; Já a Distimia — ou Transtorno Depressivo Persistente — pode ser considerada como o quadro em que o sujeito apresenta sintomas menos intensos, permitindo que o sujeito consiga ter uma vida funcional (trabalhar, se relacionar e estudar, por exemplo). Além disso, a duração desse quadro pode se estender por mais de três s anos e os sintomas tendem a ser mais constantes.
Tratamento
Como tudo em medicina deve ser feito de acordo com cada paciente, porém de uma forma geral o acompanhamento deve ser realizado por psicólogos e psiquiatras, no entanto a depender do caso, algum outro profissional de saúde pode ser envolvido, como fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas. O psiquiatra participará do tratamento apenas em casos em que seja necessário a intervenção medicamentosa, salientando de que esse acompanhamento deverá ser bem estruturado, para que os efeitos da medicação realmente sejam efetivos. Ou seja o psiquiatra pode receitar alguns antidepressivos, porém antes de tomar qualquer decisão, é necessário a realização de exames clínicos que serão orientados por ele, de forma a entender como está a saúde geral do paciente, dessa forma identificará quais serão os medicamentos que reagirão melhor.
Além do tratamento formal, é importante que o paciente tenha uma rede de apoio, que exercerá o suporte necessário fora da clínica, portanto todas as pessoas que tenham contato frequente e direto com o paciente podem acompanhá-lo, se fazendo presente e estimulando-o a conversar sobre seus sentimentos e angústias. Lembrando de que é também muito importante direcionar as energias para mudar os hábitos tóxicos que fazem parte da vida do paciente, destacando de que a psicoterapia vai dar um empurrão, mas é preciso utilizar essas outras estratégias para agilizar o processo. É muito importante destacar de que a prática de atividade física é altamente recomendada para esses casos, pois quando você direciona seu corpo para gastar energia em atividades que fazem bem a você, é possível “ativar” o corpo, produzindo serotonina e adrenalina, por exemplo.
De forma geral, o tratamento do Transtorno Depressivo Maior pode ser entendido em três grandes fases:.
Fase Aguda
Habitualmente ocorre nos dois ou três primeiros meses de tratamento, o principal objetivo é minimizar ao máximo os sintomas, através de um discurso de acolhimento e ajuda medicamentosa, em alguns casos.
A escolha do melhor antidepressivo para cada paciente é orientada pelo acompanhamento do caso e pelas informações que são relatadas pelo paciente acerca de seus sintomas, portanto é nesse momento que se avalia a aceitação do paciente diante o medicamento, bem como a reação que ele tem com o uso dela. Destacando de que para a escolha da medicação e direcionamento do tratamento, essa fase é destinada a entender possíveis usos anteriores ou atuais de outros medicamentos, a investigação das comorbidades e seus impactos e qualquer tipo de interação medicamentosa.
Fase de Continuação
Refere-se ao período seguinte, contemplando os 4 a 6 meses que é o tratamento pós fase aguda., é nesse momento que são observadas as melhoras obtidas até o momento, com o objetivo de mantê-las e desenvolvê-las cada vez mais, bem como o acompanhamento de alguma recaída. Convém frisar de que a possível redução da dose pode se mostrar arriscada, porém é realizada em alguns casos, podemos concluir de que se o paciente, ao terminar essa fase, mantiver as melhoras obtidas, entende-se que se recuperou do episódio depressivo. Assim, é possível retirar o medicamento da rotina de forma gradativa, continuando com os outros tratamentos que acontecem em paralelo, como psicoterapia e envolvimento de outros profissionais de saúde, a depender do caso.
Fase de Manutenção
O principal objetivo desta fase é evitar a reincidência de novos episódios depressivos, ou seja tornasse difícil determinar uma duração, tendo em vista que irá depender de cada caso, porém ocorrem alguns fatores de risco para a recorrência dos episódios, como a gravidade do episódio depressivo em si, presença de pensamentos suicidas, comorbidades e eventuais sintomas residuais.
Prevenção ao TDM
Assim como outros temas relacionados à saúde mental, tudo vai depender de cada paciente, ou seja não existe a promessa de que se você seguir algumas atividades, estará sem risco algum para desenvolver o Transtorno Depressivo Maior.
No entanto a maneira com a qual você lida com as situações impactará diretamente na sua saúde mental, desenvolvendo a mentalidade de como se posicionar frente a um problema, por exemplo, aém disso, algumas sugestões interessantes são:
Tente fazer exercícios de respiração sempre que for submetido a uma situação de estresse, a fim de encontrar formas de lidar com os problemas com o mínimo de estresse possível.
Procure ter uma boa alimentação, boa noite de sono e pratique atividade física, certamente de que todas essas ações construirão um canal positivo consigo mesmo.
A terapia não é só para quando o problema já aconteceu, fazê-la frequentemente como forma de desenvolvimento pessoal é fundamental para a ressignificação de traumas que poderiam afetar a maneira como encaro o mundo e, consequentemente, fomentando o autoconhecimento. Fique atento ao consumo de álcool e outras drogas, pois elas podem impactar fisiologicamente e psicologicamente sua vida
O mais importante ao tratarmos do Transtorno Depressivo Maior, é entender que ele não é uma sentença de morte, pois seu tratamento é comprovadamente eficaz, possibilitando ao paciente a ressignificar seus traumas e, pouco a pouco, aprender a conviver consigo e com os outros de forma mais saudável, portanto esse discurso deve ser reforçado por todos os profissionais de saúde envolvidos no tratamento.
Desejamos uma Semana Feliz e Produtiva…