É UMA QUESTÃO DE HONRA? (*)

“É uma questão de honra, se você ganha ou se você perde.

E o modo que você escolhe, é uma questão de honra.

Eu não posso lhe dizer o que está certo ou está errado. Se for branco ou se é preto. É tudo uma questão de honra.”“.

“A question of honor – Sarah Brightmam”

 

Esta semana eu assisti um DVD do espetacular show “Harém” da Sarah Brightman, realizado no MGM Grand Arena, em Las Vegas, USA e, ao final, fiquei impressionado com uma platéia monumental extasiada com o show, o qual por sua vez termina com a Sarah literalmente voando presa a um cabo de aço e cantando “Uma questão de honra”.

Isso me levou imediatamente a pensar no quanto a nossa honra brasileira, ao invés de estar sendo elevada às alturas como gostaríamos, está justamente indo pelo ralo abaixo. Rumo a um caminho que cada vez parece ser sinuoso e sem esperanças de resultados plausíveis.

Como certeza, vou receber muitos e-mails de amigos que lêem esse artigo me perguntando o que o processo criativo tem a ver como honra e eu vou responder, tudo, tem tudo a ver.

Infelizmente (ou felizmente?), muitas vezes até tenho dúvidas, pois temos o mau hábito no Brasil de ridicularizar tudo de sério que está acontecendo no país, os programas de TV fazem piadas das coisas sérias, as novelas fazem chacota, e por ai vai.

Enquanto isso acontece, percebemos extasiados que grande parte do dinheiro público saiu das contas bancárias, lugar onde deveria estar antes de ser honestamente usado e parece que adquiriu um novo hábito, que é o de “passear” guardado em grandes malas.

Muitos dizem que esse é um costume antigo que só agora veio à tona por conta da ingenuidade de alguns. Verdade ou mentira? Não sei, só sei mesmo o quanto foi dolorido para saber, constatar e ver, através da mídia, malas de dinheiro viajando pelo país. Não sei se é verdade, não sei se é ficção, não sei se é armada das famosas “elites brasileiras”, até porque a essa altura do campeonato não sei mais em que classe social eu estou inserido. Talvez o nosso país seja constituído por 130 milhões de desonestos que querem tirar do rumo quinhentos honestos. Continuo dizendo, não sei se é verdade, não sei se é mais um pesadelo, mas com certeza tudo isto é uma questão de honra.

Todavia, o que parece mesmo é que tudo foi para o espaço, porque a moda agora é pedir desculpas e acredita-se que tudo foi esquecido e levado a um segundo plano. Pronto, pedi desculpas! Está tudo resolvido. Errei, enganei, roubei, soneguei, menti… Mas, estou perdoado, pois pedi desculpas!

Mas, infelizmente (pelo menos para mim) não está e acredito que também não está perdoado para uma maioria absoluta de pessoas mais esclarecidas desse país maravilhoso chamado Brasil.

Quer fazer uma experiência de um exemplo prático de que não dá para perdoar assim? Faça o seguinte peque uma folha de papel branco, puro e belo. Amasse-a fortemente… Em seguida tente faze-la voltar ao seu estado natural… Impossível, pode passar ferro, pode alisar, pode molhar, infelizmente, as marcas que impregnaram a folha jamais sairão.

Assim acontece com a vida. Sejam as marcas que as pessoas a quem estimamos nos impregnam, sejam as marcas que nos vão vincando a vida afora, adquiridas no trabalho, com nossos amigos, nossos conhecidos e por ai vai…

 

Todavia, uma coisa é certa. Com certeza, as pessoas só estarão se deixando enganar ou mesmo sendo levadas por um belo discurso apenas uma vez. Cada vez isso fica mais claro à medida que as pessoas aprendem a cobrar os seus direitos, entendem o significado e a importância de exercer a sua plena cidadania, do peso que tem a sua opinião e decisão como um cliente de qualquer tipo de serviço.

 

Por incrível que pareça mesmo com toda essa lama que precisa um oceano de lágrimas para limpá-la ainda acredito que os meus netos encontrarão um Brasil diferente. Não perco as esperanças, nem deixo de acreditar que o sonho acabou, luto cada dia, para construir com o meu simples trabalho um Brasil diferente.

 

(*) Fernando Viana – diretor presidente da Fundação Brasil Criativo
presidente@fbcriativo.org.br

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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