É VERDADE, OS BANCOS NÃO ESTÃO OBRIGADOS…

É VERDADE, OS BANCOS NÃO ESTÃO OBRIGADOS…

 

 

Não posso ver pessoas em apuros, pois me dá uma enorme vontade de resolver a situação, sobretudo quando o problema envolve crianças ou idosos.

 

Eu estava numa agencia bancária e percebi que uma jovem senhora e um ancião, de mais ou menos uns 70 anos, humildes, com aparência de gente sofrida do interior, estavam em apuros. Ela gesticulava com ele dizendo algo que só depois fui saber do que se tratava.

 

O senhor, de quem ela era neta e acompanhante, sofria de uma doença que infelizmente ataca a quase todos os que atingem aquela faixa etária. Ele padecia de incontinência urinária. E, mesmo estando na pequena fila reservada aos idosos, com apenas duas pessoas à sua frente, era visível o seu desconforto e a sua grande aflição. Certamente pediu à neta para procurar um banheiro. Ela, dirigindo-se a uma pessoa que estava numa mesa ao lado, indagou onde o seu avô poderia usar um sanitário. A resposta foi de que no banco não há este tipo de “serviço” para a clientela. Ela ficou apavorada, olhando para fora da agência, como se procurasse um bar, um restaurante ou uma lanchonete onde pudesse levar aquele pobre ser humano e assim resolver um problema tão simples.

 

Diante daquela situação, resolvi intervir e, dentro das minhas limitadas possibilidades, busquei amenizar o sofrimento daquelas humildes criaturas. Fui falar com o funcionário do banco, que havia atendido negativamente ao pedido da jovem. Ele reafirmou: “é, nós não dispomos mesmo de banheiros para o público, não”. E arrematou: “em nenhum banco existe este tipo de serviço…” Aí, fui eu quem caiu na realidade. É, realmente os bancos não dispõem de banheiros. Nunca vi, em nenhuma agência bancária, banheiros para o público.  Que absurdo, comentei, então qualquer um que desejar abrir uma pequena venda de caldo de cana e pastel terá, obrigatoriamente, que instalar banheiros: feminino, masculino e para deficientes, tudo dentro de determinada especificação: com cerâmica, tamanhos delimitados, água corrente, lixeiras com tampas, etc. Mas para os bancos não há estas exigências e os velhinhos, e os novos também, que tiverem as infelicidades, (no plural mesmo), de padecerem de incontinências ou outras necessidades urgentes, obrigados a freqüentar estes estabelecimentos, terão que passar pelo mesmo constrangimento por que passou este infeliz?  

 

“É, não existe nenhuma lei, pelo menos eu não conheço, que determine que as agências bancárias disponibilizem, para os seus freqüentadores esta ‘prestação serviço’.” Foi esta a resposta do rapaz.

 

Lamentável, não é mesmo?  Respondi. Também, mesmo que fossem obrigados por lei, talvez não cumprissem, certamente, como sói acontecer com as outras obrigações, como por exemplo: o limite de espera, imposto por Lei para que ninguém demore mais de 15 minutos numa fila de Banco. Eu pergunto vocês já indenizaram a alguém pelo descumprimento desta Lei? Aliás, você, particularmente, já presenciou alguém pedindo, pelo menos, uma certidão para ajuizar uma Ação? E, se acaso isso aconteceu este pedido foi aceito…?

 

Imagine meu querido amigo, você que trabalha aqui, quantas vezes por dia não constata o descumprimento de uma norma legal? Com ou sem obrigação existem coisas que têm de ser resolvidas e imediatamente e esta é uma situação, diga-se vexatória, que tem prioridade absoluta. Mas, o rapaz continuava irredutível, dando de ombros como quem diz “…eu não quero nem saber”. Foi aí que eu apelei para o emocional. Disse: entendo que você não é o responsável pelo banco não disponibilizar este serviço para os seus usuários. Contudo, você será o responsável pela situação atual. Imagine que fosse o seu pai ou a sua mãe. Pense que fosse você mesmo, daqui a vinte anos. Como você gostaria que agissem?  Ele simplesmente levantou-se e conduziu o velhinho ao interior da agência. Tão fácil, não?

 

Por favor, amigos, não me julguem pelo assunto aqui ventilado. Sei que não é um bom espaço para tal abordagem. Contudo, não tinha eu outra tribuna para tornar, mais esta, triste realidade, conhecida, ou pelo menos lembrada. Pois todos nós somos sabedores de que as obrigações não são para todos, sobretudo, não atingem aos que mais têm.

 

Por certo, alguém vai achar antipático, mas é uma realidade tão dura que resolvi expô-la.

 

Alguém aí teria condições de explicar por que os bancos não são obrigados a disponibilizar para os seus usuários este tipo de serviço?

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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