Por conta do trabalho que desenvolvo com pensamento criativo sempre estou buscando pistas de como introduzir esse conceito formalmente na educação. Volta e meia me desanimo, mas acompanhando os grandes movimentos mundiais percebo que este, cedo ou tarde será um caminho sem volta. O meu trabalho nos últimos quinze anos ajudando a implementar o conceito sobre pensamento criativo em empresas, que de início era muito difícil, principalmente, porque o conceito básico sobre o real significado da criatividade era muito deturpado está mostrando, hoje em dia, o quanto essa habilidade é importante para o desenvolvimento econômico, social e educacional de qualquer país. Portanto, acredito que subimos o primeiro degrau. Todavia, como todo bom desafio, muita coisa boa ainda existe pela frente. Mas, a luz no fim do túnel parece que começa por aparecer. Recentemente, li num livro de Daniel Pink (O Cérebro do Futuro), que o Japão está reformulando o seu decantado sistema de ensino no sentido de estimular a criatividade, o senso artístico e o lúdico. Portanto, muita coisa certamente irá acontecer em todo o mundo com essa medida e, certamente, não é por acaso que isto está acontecendo. Falando em simultaneidade, neste exato ano, a Comunidade Européia resolve disseminar em 30 países europeus os conceitos sobre criatividade e inovação. Mas, o que acontece conosco aqui no Brasil? O nosso sistema educacional nos últimos 50 anos não mudou muito. As ferramentas de apoio podem ser fantásticas, mas o modelo pedagógico continua o mesmo, temos excelentes Universidades Públicas e as escolas de primeiro e segundo grau em muitos Estados e municípios em situação bastante precária. Mas, o que acontece realmente? Qual seria a causa estrutural desse acontecimento? Estudei toda a minha vida em escola particular, mas quando estava me preparando para o vestibular fui orientado para fazer quase um “pré-vestibular” para ser admitido no Colégio Estadual de Pernambuco em Recife, o qual por seu preparo e rigor era uma das maneiras de se preparar para passar no vestibular na primeira vez. E isso realmente aconteceu. Estudar nesse Colégio foi uma experiência sem precedente para mim acostumado com colégios privados. Os professores homens do CEP davam aulas de paletó e gravata…. E vale considerar que isso não foi no início do século passado e sim no final dos anos 60. Mas, o que aconteceu na verdade? Eis uma pergunta que estamos refletindo muito na FBC. Porque continuamos insistindo com o mesmo modelo educacional que passa a vida toda preparando os jovens para entrarem na Universidade e quando esses mesmos jovens saem das Universidades com o seu desejado diploma se deparam com o violento problema: “Como arranjar um emprego?” Muitos desses jovens, ainda aconselhados pelos seus pais buscam os famosos empregos seguros hoje escassos em todo o mundo, mas ainda com algumas oportunidades isoladas no Brasil. Estudam para concursos e mais concursos. Viajam por todo o Brasil, fazem provas, alguns passam e milhares de outros começam a estudar de novo e assim vão passando as suas vidas buscando os escassos “empregos seguros”. Outros mais audaciosos desanimados, mas ousados saem do Brasil buscando oportunidades em outros países uns ficam e outros voltam. Todavia, o problema persiste. Muitos estudam apenas para ter um diploma, não gostam do que estudam, acham as aulas uma chatice. O que fazer para despertar esses jovens? Do outro lado os professores. Muitos se dizem mal pagos, muitos são muitos bons, alguns estão dando aula apenas por conta do salário. E como fica o principal cliente? O aluno? Com ficará o Brasil? Esta é uma frase que gostaria de deixar no ar: “Como seria bom se o modelo de ensino preparasse os jovens para a vida e não apenas para um emprego.” (*) Fernando Viana
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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