Educação: um longo caminho a percorrer II (*)

Muito boa a matéria. Realmente nosso sistema educacional não mudou quase nada. Eu diria ainda: “Será que na atual conjuntura, ele não está pior??” Quanto à pergunta:” O que fazer para despertar nossos jovens???” Eu acrescentaria;” O que fazer para despertar em 1º lugar, o poder público??? “
Sônia, 29/05/2009 às 23h36min

 

Por conta desse comentário, resolvi continuar falando sobre este tema. A minha experiência de trabalho é muito maior com educação na área empresarial e com adultos. No entanto, acredito eu que a diferença não é muito grande, porque o que fazemos nas empresas é justamente tentar preencher as lacunas que o sistema educacional não tem conseguido.

As pesquisas sobre potencial humano nos dão pistas e dentre elas algumas muito interessantes, por exemplo: testes feitos com grupos de crianças até chegarem à idade adulta demonstram que à medida que crescemos e nos educamos vamos perdendo a nossa originalidade. Ou seja, a nossa capacidade de gerar ideias, de enxergar o que não foi enxergado e de ver possibilidades em situações criticas. Na dúvida é só chegar junto a uma criança e lhe pedir para resolver um determinado problema, certamente, essa criança irá apontar situações que não havíamos pensado ou então que consideramos absurdas.

Não acredito que os baixos resultados obtidos de um modo geral pela maioria dos jovens os concursos, nos vestibulares e em sala de aula seja exclusivamente por culpa deles, ou dos professores, ou dos seus pais, ou do governo. Na realidade acredito que esse é um problema que só poderá ser relacionado quando todas as partes se sentarem na busca de um denominador comum.

Primeiro, o modelo que educação que o mundo inteiro adotou tem falhas graves porque acreditamos que a educação de um indivíduo precisa ser feita por caixinhas (matérias) e que uma não tem correlação com outra. No entanto, o nosso cérebro não guarda a informação em um cantinho reservado, ou numa caixinha e sim como uma grande rede de neurônios.

Segundo, os pais acreditam que se os filhos tirarem notas boas irão conseguir ser imbatíveis na vida. Assim sendo, preferem filhos em colégios que puxem muito pelo filho, que dê muita matéria, que passe muito dever de casa e que deixe o aluno exaurido. Todavia, a prática tem mostrado que os grandes gênios da humanidade não eram exemplos de alunos nas suas escolas e muitos deles foram considerados pessoas com deficiência para o aprendizado. Um exemplo clássico disto: Einstein.

Lamentavelmente não é esse o caminho. Os jovens precisam ser estimulados a pensar. E pelo que percebo ensinar a pensar não tem sido o ponto forte das escolas. Um dia desses estava vendo o dever de casa do meu neto de nove anos, e dentre outras perguntas estavam as fotos de uma colheitadeira, uma semeadeira e um arado. Os quais deveriam ser identificados. A pergunta que me veio à mente: “Será que um guri de nove anos precisa saber disto?”

Esta semana conversei com alguns professores. Posso dizer que chego a entender a angústia que sentem quando são pressionados por indicadores; todavia os alunos – por outro lado – são pressionados por milhares de coisas que a maioria das escolas ainda não tem. Já a maioria dos cursos oferecidos aos professores está focada no aprendizado lógico, naquele tipo de aprendizado que usa o cérebro frontal e que dentro de alguns dias tudo é esquecido, as apostilhas são guardadas nas prateleiras e tudo começa de novo. Em outras palavras o aprendizado oferece melhores resultados quando usa o cérebro límbico; todavia, isso dá muito trabalho para preparar e além do mais precisa de uma infraestrutura especial. Não estou dizendo que precisa ser cara, e sim especial, podendo ser simples, prática e barata.

O que é mais fácil de aprender? 1 – Uma coisa da qual a leitura me interessa e é apresentada vibrantemente por um professor cheio de energia e de maneira agradável e interessante, ou 2 – Uma coisa chata, maçante, difícil de entender e um professor distante?

Se você escolher o item um certamente irá entender o significado do aprendizado pelo cérebro límbico. Todavia, esse aprendizado tem como característica de ser lento, usar o emocional, ou seja, precisa de um clima em sala de aula agradável, descontraído e participativo. Será que isso é fácil?

Bem concluindo quero deixar mais um questionamento no ar. Quem sabe alguém não me ajuda a responder:

De que maneiras tornar a sala de aula em um verdadeiro ambiente de aprendizagem?”

 

 (*) Fernando Viana

www.fbcriativo.orgbr

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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