EM DEFESA DA VIDA – PARTE 2

Inicia-se  hoje a Semana Nacional de Trânsito com o prefeito Edvaldo Nogueira anunciando (finalmente) a criação de uma comissão que ficará encarregada de adotar as providências necessárias ao início do processo licitatório para a concessão do serviço de transporte público em Aracaju e região metropolitana, que terá 30 dias para apresentar uma proposta. Notícia alvissareira para a população da grande Aracaju. E mais motivos temos para comemorar.

A questão da regulamentação da profissão de mototaxi em Aracaju parece definitivamente resolvida, apesar dos protestos das pessoas interessadas em exercer tal atividade. Por maioria ( 11 a 6), os vereadores consideraram a proposta inconstitucional, em votação ocorrida esta semana. A Prefeitura de Aracaju sinalizara desde o primeiro momento de forma contrária ao projeto, mas preferiu encaminhar a discussão para a Câmara de Vereadores. Foi uma medida acertada porque possibilitou uma maior discussão sobre o tema, mas perigosa porque entrou no jogo interesses corporativos e demagógicos.

A recusa da Cãmara foi mais uma vitória da vida contra a morte no trânsito de Aracaju. Primeiro com a ação da SMTT em controlar a velocidade para 60 km em naas ruas da  cidade. Depois veio o projeto “Calçada livre” e, por fim, o órgão foi ajudado pela Lei Seca, apesar da pouca fiscalização que o Detran exerce no estado. Agora a proibição do uso do mototaxi. Se esse projeto fosse aprovado, teríamos um aumento considerável de acidentes no trânsito, com mais feridos e mortos, por uma situação clara: o aumento expressivo do número de motos que estão sendo emplacadas, e isso se percebe nitidamente ao se circular pelas ruas da cidade. O fato é agravado pela precariedade do transporte público coletivo, que anda em situação grave, fazendo com que as pessoas procurem transportes alternativos. Isso favoreceu a que a que discussão se acentuasse e tomasse um rumo perigoso, com falsas argumentações ao evocar problemas sociais, como desemprego, baixa renda,  tentando justificar a regulamentação da profissão de mototaxi.

Tentaram confundir a opinião pública, com a ajuda de alguns vereadores e segmentos da imprensa, que a questão era de interesse social, e não de saúde pública, como é o caso.

Para Flávio Adura, presidente da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), a decisão de regulamentar a profissão de moto-taxista é uma temeridade. “Essa regulamentação vai na contramão da vida. As cidades que aprovarem a legislação terão um número maior de mortos, feridos e incapacitados de trânsito”, afirma. Segundo Adura, enquanto o número de ferimentos e mortes envolvendo pedestres e ocupantes de veículos está estabilizado ou diminuindo, os que envolvem motociclistas crescem vertiginosamente.

A maior parte das mortes envolvendo motociclistas acontece nas cidades com menos de 100 mil habitantes – onde se concentram os serviços de moto-táxi. Ele já está presente em 52,7% dos mais de 5.500 municípios brasileiros, segundo dados do IBGE. “Nossa taxa de mortalidade no trânsito é de 18 vítimas por 100 mil habitantes, bastante alta. Nos estados onde existe o moto-táxi, ela chega 35 mortos por 100 mil habitantes” diz o presidente da Abramet.


Segundo ele, a moto é oito vezes mais perigosa que o automóvel. “Enquanto 7% dos acidentes envolvendo automóveis provocam ferimentos e mortes, 70% dos acidentes de moto chegam a esse resultado” diz. Segundo o Hospital das Clínicas de São Paulo, das 300 vítimas de acidentes de trânsito que passaram pelo pronto-socorro do hospital nos últimos três meses, 148 eram pilotos ou estavam na garupa de uma moto.

Para fechar o ciclo, a SMTT deve imediatamente recuperar a campanha da faixa de pedestres, conscientizando a população para somente atravessar na faixa e obrigar a todos os condutores de veículos a parar obrigatoriamente quando alguém colocar o pé na faixa. Engarrafamentos, áreas de estacionamento restritas, frotas de ônibus sucateadas, tudo isso é consequência de políticas públicas desastrosas, mal planejadas e conduzidas. Exige uma discussão ampla para encontrar soluções que no entanto não são alcançadas  a curto prazo. No entanto, implantar medidas que venham a reduzir de imediato as mortes no trânsito são ações inadiáveis e, nesse sentido, a Prefeitura de Aracaju, através da SMTT, vem cumprindo o seu papel.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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