Antes do Plano Real, chegamos até conviver com uma inflação mensal de cem por cento. Foram também anos e anos em que vimos inúmeras tentativas de controlar a inflação. Delas, deve-se destacar o Plano Cruzado, que deixou de surtir efeito, porque, em ano eleitoral, o PMDB não permitiu que os ajustes, que se faziam necessários, fossem feitos antes das eleições, pois o PMDB tinha chance de eleger diversos governadores. O outro foi o Plano Collor, cujo destaque foi o impeachment do Presidente. Após o Plano Real, o controle da inflação foi preocupação constante dos governos. A economia brasileira, apesar dos diversos choques externos e internos com os quais o Brasil conviveu, solidificou-se. O último choque vivido pelo país foi em 2002, quando o mercado percebeu que o PT, que enquanto oposição sempre criticou a economia de mercado, faria o Presidente da República. O risco da inflação voltou e o da economia desestabilizar-se foi tão evidente, que o Governo Lula, no seu primeiro ano de mandato, teve que utilizar os meios, que sempre criticou enquanto oposição, para readquirir a confiança do mercado, controlar a inflação e estabilizar a economia, criando as condições necessárias para um desenvolvimento sustentável. Ninguém gosta de choques, mas todo mundo aprecia, quando, após um choque, a inflação permanece algum tempo enjaulada. Vem uma sensação e em seguida um certo afrouxamento. Mais ou menos assim: Tudo bem, vamos começar a voltar aos bons tempos, um pouquinho de inflação a mais, não faz mal algum. Isto foi o que prevaleceu antes do Plano Real e parece que neste eleitoral, os partidos aliados do governo, fingindo esquecer os problemas vividos pelo país em função de partidos políticos, por interesses eleitorais, impedirem os governos de fazerem o que deveria ser feito para controlar a inflação, novamente estão tentando interferir na política econômica do governo, pregando que um pouquinho de inflação não faz mal algum. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não cansa de alertar: “Não existe caso no mundo de país que tenha conseguido desenvolvimento à custa de altas taxas de inflação”. Portanto, para o bem do nosso país e para que possamos ver o Brasil trilhar o caminho de um desenvolvimento sustentável é necessário que a política econômica em vigor seja mantida. O pior já passou. Estamos, desde o último trimestre de 2003, tendo sinais de crescimento de nossa economia. É não tentar milagre algum, que dentro de pouco tempo estaremos contemplando um país em crescimento o que garantirá, sem dúvida, uma melhor qualidade de vida para todos os brasileiros. Edmir Pelli é aposentado da Eletrosul e articulista desde 2000 edmir@infonet.com.br