Em Nova York e sem me despregar do Brasil.

Em Nova York e sem me despregar do Brasil.. Vim comemorar meus setenta anos “na corte “, como dizia Paulo Francis, notável, como se não fosse o Brasil (ó terra amada ilolatrada) de povo infeliz e imodesto. Rasteiramente idolatrada, só no verso e sem reverso do nosso hino, enovelado em nó suíno, nó gordio, nó de porco, difícil de desembaraçar, fugi de tanta porcaria no noticiário de nossa classe política. Como agora sabendo sem detalhes que o juiz Moro condenou Lula. Segundo Moro, o mancebo triórquico de Curitiba, leio que o problema não é civil, documental. É penal! Daí o cacete bem aplaudido de torcida de pastoril. Coisa de azul, encarnado e encardido. Se Lula não era dono cartorialmente do triplex, agora o é, por decisão morística; o juiz o concedeu assim. E mais;, determinou o seu confisco. O triplex está agora definido como patrimônio do casal Lula e Dona Marisa Letícia, mas não cabe nem partilha, porque a decisão violou as sucessões de eventuais herdeiros; filhos e netos do casal que ousou invadir o palácio do planalto. Tudo porque Lula arvorou e conseguiu ser o maior Presidente da República desde Getúlio Vargas, Juscelino e Geisel. Lula não quis ser Prestes, nem Castro, nem Chaves. Não quis ser Stalin, nem Franco, Salazar, Mao ou Hitler, líderes que o povo quis, em seu tempo, em maioria. Oo o povo não os quisera. para o bem ou para o mal, para cortar cabeças em nome da patriótica necessidade por discursos viris? Lula não quis ser um ditador como eles, nem um sanguinário purificador da política nacional. Política safada, desonesta, lesa-pátria patrimonialista, que talvez precisasse a purga de um carrasco. Como assim não fez. Por excessiva brandura, tolerância e negociação, Lula virou o chefe da quadrilha. Não é assim que define o juiz Moro, o novo Saint-Just revolucionário, novo arcanjo de Deus, que a todos condena com seu malho providencial, com a história se repetindo, quase igual a Vargas, que nem com bala no peito é ainda lembrado? Lula nunca pensou em incendiar o país como Mao, Pol Pot e tantos que o queriam assim pelo mundo afora. Lula preferiu pacificar o país com sua carta “ aos brasileiros “, e errou sobremodo, por carta tola, inócua e desnecessária, porque naquele momento seria eleito sem ela. Lula era a esperança daquele povo que tomou cascudo durante o regime militar. E o cascudo lhes chegou por afago e destaque curricular não porque lutavam pela democracia e liberdade como juram agora, mas porque queriam o confisco, a desapropriação da propriedade privada, a reforma agrária e a estatização dos meios de produção, coisas que restaram fora de moda após a derrubada do muro de Berlim. Lula os decepcionou porque acalmara o povão com bolsa-família. Mas não era isso quer o povão queria, sem sangue, inclusive? E Lula o prometeu assim. Lula pacificou o eleitorado e mesmo assim não agradou nem aos abonados que o execraram em violência crescente, nem também aos desprovidos de tudo que mais insolentes ficaram. E assim decepcionou gregos, troianos, horácios, curiácios e levas de pancrácios . E como assim agiu, a oposição o chamou de corrupto, igual a Danton, que o incorruptível Roberspierre o ferrou como escroque safado. E Lula como Danton restou condenado como desonesto. Processado com alguns marginais em mistura de frutas apodrecidas colocadas em cesto similar ao que puseram Danton e seu amigo Demoulins. Porque Nem Danton, nem Demoulins, nem Fabre d’Eantine, o romântico criador do calendário republicano, eram desonestos. Mas foram todos guilhotinados como pretendem agora com Lula impedindo-o de ser candidato em 2018. Danton era eloquente e fascinava a massa. Defendeu-a, e a se, até à rouquidão. Seus julgadores o retiraram do tribunal. Houve medo da argumentação de Danton, e o tribunal resolveu condená-lo “in absentia” sob custódia, quase igual a Lula, cuja defesa nada vale. Ouve-se, enquanto indiciado ou réu, somente porque é proibido calá-lo. Ouve-se, por dever de ofício, mas ninguém o escuta, em oiças de mercador. Sobretudo os que o veem como um molusco descerebrado, cujo discurso enseja gracejos por moféia. Coisa de promiscuidade tola de mal letrados imodestos, em odiento preconceito contra os de poucas letras. Se enaltecem em soberbia com o seu próprio estudo, e pensam Lula como um bronco, um ignorante, um desclassificado pouco polido. Não se veem como ostras sem pérolas para exibir criação. Pensam-no como um molusco, seu homônimo. Imaginam-o agora como um molusco cerebrino, em tentáculos se agarrando ao erário. Lula é “o apedeuta”, para tantos descerebrinos que se querem notáveis, charmosos e engraçados. Eternos elitistas de botequim, imorríveis prosélitos sempre dispostos a seviciar o povo, para quem é “massa ignara que não sabe votar, e que, por extensão não deveria eleger nem legisferar. Só merecendo ser ferrada!” E assim eis Lula, melhor cabeça útil do momento para ser ceifada. Igual a Tiberio e Caio Graco, as gemas raras de Cordélia. Isso lá na Roma distante, Compreende-se, portanto, a serventia de Moro. Cada tempo com o seu algoz a purificar o ambiente, alguém que se faz preboste sem assepsia. Infelizmente Lula também frequentou a mesa dos endinheirados sendo útil joguete para conchavos , conciliábulos e convescotes. E assim abriu a guarda para o inimigo. Revelou seu calcanhar de Aquiles; gostar dos afagos e degustes dos endinheirados que vivem a chupar nas tetas do Estado, locupletando-se em todos os governos. Condenando Lula, por excessivas extensões da Lei, vejo o país flertando com o imponderável. Vai demorar muito para pacificar este país. Está é a minha leitura de New York, cidade luminosa que não fala, nem lembra do Brasil, por tão gigante e tão miúdo.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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