Durante os últimos anos, tenho escutado muitas pessoas me falarem sobre empreendedorismo, todavia, a maioria muito eufórica sempre coloria o seu significado como algo relacionado à “abrir um novo negócio”, iniciar uma jornada desafiadora, ou alguma coisa similar.
Para ser franco, nunca me aprofundei muito pelo assunto, até o ano passado quando começamos a discutir um novo projeto de um cliente da FBC, foi que comecei a buscar informações mais precisas sobre o verdadeiro significado do sentido da palavra empreendedorismo.
Para minha surpresa, descobri que no seu âmago para que uma ação empreendedora realmente possa acontecer, é necessário que o indivíduo que esteja responsável por esta ação esteja imbuído do “atitudinal empreender”, e só depois que compreendi isto, foi que o meu conceito sobre empreendedorismo não só se modificou, como também ligou estreitamente a todo o trabalho que estamos desenvolvendo na FBC ao longo desses quatro anos de criação e atuação.
Embora a imagem inicial formada por mim esteja certa e plenamente incluída no conceito, percebi que o empreendedor verdadeiro não é apenas aquele indivíduo que abre um novo e ousado negócio, mas principalmente o indivíduo que atuando com o atitudinal empreendedor é capaz de “fazer acontecer”, e conseqüentemente gerar resultados efetivos em qualquer área que estiver envolvido.
E o que seria esse atitudinal empreendedor? Na verdade está contido no pensamento, na nossa capacidade de gerarmos pensamentos empreendedores e – o mais importante – atuar e agir para que aconteçam. Portanto, não basta apenas ter a “boa vontade” para pensar, como muitos acreditam, mas – é fundamental fazer acontecer. Em suma, são indivíduos que são capazes de aventurar-se para a realização de coisas difíceis ou incomuns, agindo de maneira ativa e arrojada.
Podemos encontrar indivíduos empreendedores nos mais diferentes cenários da sociedade, desde o mais simples ao mais sofisticado. Todavia, podemos agrupar os empreendedores em três classes especiais.
1 – Empreendedores Sociais
Quem não conhece por exemplo o “Almir do Picolé” que fundou e mantém uma creche de crianças em Aracaju? Quem não conhece a querida Tia Rute da Avosos, que com o seu trabalho abnegado, acolhia pessoas portadoras de câncer e os levava para uma casa sob a sua responsabilidade? Quem não conheceu o padre Pedro que andava pelas ruas de Aracaju ajudando os mais necessitados? Esses são apenas alguns exemplos de empreendedores sociais, ou seja, pessoas que atuavam ou atuam no sentido de fazer bem ao próximo.
2 – Empreendedores Empresariais
Um exemplo clássico mundialmente conhecido: o Walt Disney que transformou o seu arrojado sonho pessoal, num grande negócio que gera emprego para milhares de pessoas e diversão para milhões de pessoas de todo o mundo. Em Sergipe poderíamos citar como exemplos entre muitos: Oviedo Teixeira, Mamede Paes Mendonça, José Carlos Silva e alguns outros que partiram de um sonho e o transformaram em um grande negócio, que gerou/gera emprego, renda e bem estar social.
3 – Empreendedores Cívicos
O empreendedor cívico catalisa as interações sociais que geram um ambiente capaz de desenvolver os seus indivíduos, portanto, o empreendedorismo cívico é a arte de se produzir capital social ou, em outras palavras, uma sociedade bem sucedida
Em resumo, segundo Bill Drayton, Fundador da Ashoka, poderemos dizer que: “Os indivíduos empreendedores, por alguma razão profunda de personalidade, sabem desde pequenos que estão no mundo para promover mudanças fundamentais”.
Ao contrário dos artistas ou estudantes, os empreendedores não se satisfazem apenas em expressar as suas idéias, e ao contrário dos gestores ou trabalhadores da área social, eles não se satisfazem apenas com a resolução dos problemas de um grupo de pessoas em particular. Para serem realmente efetivos, eles permanecem abertos aos sinais dos ambientes em que vivem. São obcecados com os detalhes da implantação das suas idéias. Desde muito cedo em suas vidas eles se engajaram num autoconcebido aprendizado de alterar fundamentalmente a sociedade. Estas pessoas sentem muito fortemente que eles podem fazer a diferença, que quando se defrontam com um problema, imediatamente eles pensarão: “O que eu posso fazer, aqui e agora para ajudar a resolver isto?”
* Fernando Viana é diretor presidente da Fundação Brasil Criativo
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