ENCONTRO COM O SÁBIO INTERIOR

Há algum tempo que sentia que precisava conversar com o meu Sábio Interior, sentia-me cansado e difuso. Muitas preocupações, trabalho intenso, atividades, viagens e a responsabilidades do dia a dia, não estavam me permitindo parar para pensar. Resolvi dar um tempo a mim mesmo e fui à procura do nosso encontro.

Enquanto pensava, sentei em uma cadeira e fiquei imaginando. Entrei intuitivamente na estrada da vida porque sabia que nela encontraria o caminho até a gruta onde ele morava. A estrada estava calma e silenciosa, um belo dia, um sol magnífico brilhava lá fora. Comecei a caminhar vagarosamente, sem pressa, sem medo, sem ansiedade, sem me preocupar com as horas. A minha intuição me dizia que eu acharia o caminho até a Gruta da Sabedoria, mas que eu precisa apenas estar atento aos sinais, pois seriam eles que me levariam a minha busca.

 

As horas se passavam. E nada de novo, de estranho ou que pudesse me indicar o caminho me chamou atenção. Num dado instante um bando de pássaros pretos aparecerem à minha frente e pousaram numa árvore. Eles pareciam felizes e irrequietos. Aproximei-me da árvore curiosa e eles voaram, foi aí que notei ao longe uma trilha quase disfarçada na mata.

 

Resolvi segui-los e os perdi de vista. Mas a minha impressão é que eles voaram muito para frente da trilha e por esse motivo resolvi continuar. Depois de algum tempo percebi que estava realmente chegando à Gruta da Sabedora, pois um pequeno morro cada vez se tornava mais visível no meio da mata.

 

Continuei andando e pela sombra das árvores percebi que o sol estava a pino, portanto, deveria ser meio dia, 6 horas de caminhada.

 

Ouvi a algazarra dos pássaros à beira de um lago de água cristalina no qual belíssimas carpas vermelhas nadavam graciosamente. Os peixes sempre me encantaram e parei e fiquei observando as carpas, sentindo a brisa morna e ouvindo os pássaros pretos voando alegremente.

 

Percebi que estava praticamente à porta da Gruta da Sabedora, mas por um segundo fiquei assustando e temeroso. Onde me levaria aquele caminho? Que segurança real eu tinha que estaria no caminho certo? Como ter a certeza de que não estaria correndo perigo?

 

Percebi que estava num momento de pegar ou largar. De enfrentar o desconhecido ou de voltar. De falar com o meu Sábio Interior ou não.

 

Resolvi entrar no portal escuro como breu. Tive um calafrio. O ar estava frio e circulava forte. O silêncio era assustador e a escuridão mais ainda. Dei alguns passos e percebi um ponto claro, fui caminhando silenciosamente em sua direção. Estava no mais completo alerta da minha vida, o silêncio era tanto que eu ainda ouvia ao longe os pássaros lá fora.

 

Fui andando e percebi que estava chegando numa clareira enorme com um furo na abóbada. Era um local imenso e as estalactites faziam uma linda composição. O silêncio era absoluto.

 

Continuei andando e me deparei em frente a um imenso portal. Senti-me pequenino à frente daquela gigantesca com uma aldrava no centro.

 

Aproximei-me e quando ia tocar na aldrava o portal se abriu vagarosamente ao meio, como se estivesse flutuando para as laterais.

 

O silêncio assustador. Mas a luz foi clareando aquele lugar e vi que no centro havia duas cadeiras uma de frente à outra. Fui até uma delas e antes de me sentar procurei ver se havia alguma diferença entre elas.

 

Nesse instante ouvi uma voz calma e tranqüila responder ao meu pensamento: “Escolha qualquer uma, essa diferença que você procura não existe aqui.”

 

Olhei em torno e não vi ninguém. Sentei na cadeira escolhida e quando levantei os olhos um velho e simpático senhor estava sentado à minha frente rindo tranqüilamente.

 

*Fernando Viana é diretor presidente da Fundação Brasil Criativo
presidente@fbcriativo.org.br

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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