“Você não pode comprar entusiasmo; você não comprar iniciativa; você não pode comprar lealdade; você não pode comprar devoção de espírito, de almas. Essas virtudes você deve conquistá-las” Autor Desconhecido
É considerada a doença da mulher contemporânea, atingindo 10 a 14% das mulheres em todo o mundo, e se caracteriza principalmente pelo implante de endométrio (tecido que reveste a cavidade do útero, preparando-o para receber o embrião), fora da cavidade uterina.
Este tecido pode se implantar fora do útero, migrando através da corrente sanguínea para o fundo de saco de Douglas (atrás do útero), septo reto vaginal (tecido entre a vagina e o reto),trompas, ovários, superfície do reto, ligamentos do útero, bexiga, parede da pélvis, intestinos, etc., e mais raramente pode se implantar nos pulmões, pleuras e até no sistema nervoso central.
Algumas teorias apontam as causas do aparecimento do endométrio fora do útero, dentre elas a mais conhecida é a “menstruação retrógrada” que ocorre quando o fluxo sanguíneo volta pelas trompas e é derramado nos órgãos próximos, como ovários, peritônio, intestinos.
Já outra teoria muito considerada para o desenvolvimento da doença são falhas no sistema imunológico.
No entretanto existe uma outra hipótese que estuda a transformação de células, que assumem as características do endométrio, fora do útero.
Antigamente, as mulheres menstruavam menos, cerca de 40 vezes durante seu período reprodutivo, pois engravidavam mais vezes, por isso inibiam o desenvolvimento da doença.
No entanto nos dias de hoje a mulher tem cerca de 400 menstruações durante este período.
Estresse, ansiedade e fatores genéticos também podem estar relacionados à elevada incidência da doença.
Os focos de tecido endometrial, que se instalam fora do útero, permanecem sendo estimulados mensalmente pela ação hormonal do ciclo menstrual e funcionam como um “corpo estranho” no local de implantação, desencadeando um intenso processo inflamatório, que pode ser fonte de forte dor no período menstrual,e com o passar do tempo, esse processo inflamatório desencadeia a formação de aderência em torno do foco de endometriose, atingindo as estruturas vizinhas, reduzindo a mobilidade e a função da estrutura atingida, podendo desencadear dor pélvica crônica, dificultando a fertilidade, podendo levar até a esterilidade.
Portanto, esses pequenos focos podem crescer e se espalhar, levando a uma grande diversidade de sintomas e de problemas, que irão depender basicamente do local em que se localizarem.
Sintomas:
Essa doença, que atinge 6 a 7 milhões de brasileiras, pode causar vários sintomas como:
– Dor na região lombar (costas)
– Desconforto abdominal indefinido
– Dismenorreia severa é o principal sintoma (dor pélvica cíclica que ocorre antes e durante a perda menstrual)
– Dispaurenia (dor durante ou logo após o ato sexual)
– Dor pélvica frequente (crônica)
– Infertilidade
– Queixas urinárias, com ardor a micção ou hematúria (sangue na urina)
– Dor às evacuações e sangramentos anais no período menstrual, podendo levar até a uma obstrução da eliminação das fezes (acometimento intestinal).
Obs: Não há uma nítida correlação entre o grau de extensão da endometriose com a intensidade dos sintomas apresentados.
Diagnóstico:
– Ultrassonografia abdominal, pélvica e/ou transvaginal
– Laparoscopia – procedimento cirúrgico ambulatorial onde uma câmara é inserida na cavidade abdominal, através do umbigo (permite identificar as lesões e determinar a extensão da doença).
– Durante o procedimento se retira um pequeno fragmento do tecido suspeito (biópsia) para se fazer um exame anátomo-patológico que dará o diagnóstico definitivo da doença.
– Ressonância nuclear magnética – avalia com mais refinamento lesões ovarianas e endometrioses mais profundas.
– Ecoendoscopia retal (ecolonoscopia) – estuda principalmente quais as camadas do intestino que estão comprometidas com a doença.
Tratamento:
Depende de vários fatores:
– Idade
– Extensão da doença
– Duração da infertilidade
– Planejamento familiar do casal
– Severidade dos sintomas
– Localização dos “ninhos” de endométrio
Conduta:
– Expectante (apenas acompanhamento clínico) – pacientes assintomáticas e /ou sem objetivos de engravidar
– Analgésicos e antiespasmódicos – dor moderada – Amenorreia (suspensão da menstruação) – induzida pelo uso de anticoncepcionais usados de forma continua por 6 a 12 meses, inibindo o funcionamento dos
ovários e reduzindo os “ninhos” de endométrio
– Tratamento cirúrgico – destruindo o tecido endometrial, removendo todas as lesões e restaurando a anatomia pélvica tanto quanto possível
– As ressecções cirúrgicas por via laparoscópicas aumentam a chance de gestação em mulheres inférteis.
OBS: A terapia escolhida é diretamente ligada ao desejo de engravidar.
Prevenção:
Não existe, mas o diagnóstico precoce reduz os problemas decorrentes da sua instalação.
Curiosidade: Mulheres que usam anticoncepcionais para o controle da gestação têm uma menor incidência da doença.
Uma pequena lembrança final: quando o médico suspeita da doença, deve sempre se lembrar que não se trata de conduzir o tratamento de um determinado órgão do corpo humano, mas sim de uma mulher de forma integral.
Portanto, é pertinente indicar uma terapia multi e interdisciplinar, que possa contemplar tanto os seus problemas pessoais e emocionais mais complexos, quanto o tratamento específico e criterioso de seu
problema orgânico.
Uma Boa Semana e muito cuidado com nosso inimigo invisível, lave bem as mãos, use álcool gel e não saia de casa sem o uso da máscara. bom domingo, com muita paz e saúde!