Brasil começa o ano a partir de segunda-feira. Passado os quatro dias de carnaval a vida volta praticamente ao normal, principalmente depois do baixar das cinzas. É possível que nesse período em que Sergipe viveu momentos de calmaria, algumas conversas tenham surgido, em reuniões distantes da bisbilhotice da imprensa, cujo tema principal tenha sido a sucessão municipal. Esses encontros no período de carnaval são naturais. A partir de agora e que as coisas começam a esquentar, as acomodações a ser feitas e um encaminhamento para definições. Isso tem uma razão, muita coisa tem que se definir a partir do mês que entra nesta segunda-feira. Em termos de sucessão municipal em Aracaju, não há mais como o prefeito Marcelo Déda adiar a conversar com a militância, para definir a sua candidatura à reeleição. Esse encontro é uma formalidade que geralmente acontece dentro do Partido dos Trabalhadores desde a sua formação. Depois Déda terá uma conversa com as lideranças dos partidos que o apóiam. E parte para audiência com o chefe da Casa Civil, José Dirceu, com o presidente do partido, José Genoíno, e com o presidente Lula da Silva. Déda quer um comprometimento da cúpula partidária com a sua candidatura. Evidente que neste momento nada disso vai acontecer, porque o Governo ainda está trabalhando para resolver a crise criada com a atuação do assessor do Planalto, Waldomiro, com o jogo de Bicho. Será uma reunião para continuar abafando o problema. O Governo está tomando medidas para fechar as casas de bingo e até o momento ninguém arrisca uma apostinha no jogo do bicho que invadiu o Planalto. Só depois de passado esse período de convulsão no Governo é que se poderá tratar sobre sucessão municipal, como deseja a maioria dos candidatos do partido, porque todos seguem praticamente o mesmo ritual e, como Marcelo Déda, querem vantagens e prioridades. Os demais partidos que integram o bloco da oposição em Sergipe, também vão acelerar os seus projetos políticos, em busca de uma posição na chapa majoritária. O pensamento principal continua sendo o vice de Déda. Todos mantêm a expectativa de ser o prefeito por dois anos e oito meses. O que dará a qualquer um deles, exceto Edvaldo Nogueira, caso se repita a chapa de 2000, direito à reeleição. A partir de agora não dá mais para adiamentos e nem para empurrar a sucessão com a barriga, porque em primeiro de abril já se iniciam as desincompatibilizações para quem pretende disputar mandatos em outubro. É verdade que Marcelo Déda já deve saber o vice que quer, afinal ele comanda a eleição. Mas nem tudo será aceito com simplicidade pelos aliados, que realmente reivindicam a companhia na chapa. Haverá muita conversa, sem grandes surpresas, porque a única coisa que abalaria as estruturas da oposição seria Marcelo Déda anunciar que desistira de disputar a reeleição. Coisa que realmente não parece estar em sua cogitação, porque ele sabe que, para cumprir o seu projeto de 2006, é fundamental seja reeleito, mas que tenha uma pessoa confiável à frente da Prefeitura, quando da disputa pelo Governo do Estado. Do lado do Governo também deve se iniciar os contatos naturais para a indicação de um candidato que tenha o apoio do Palácio dos Despachos. O governador João Alves Filho passou o carnaval descansando e, com certeza, aproveitou o tempo para alguns ajustes na máquina administrativa e conversar sobre o processo sucessório, principalmente na capital. Agora não dá para esperar.Indiretamente, João Alves Filho mandou desencadear uma série de ações que podem levar a algum nome. A aparição do secretário de Turismo, Pedrinho Valadares (PFL), no programa do partido é uma sinalização de que o seu nome se mantém entre a opção pefelista para disputar o mandato na Capital. Ontem, um dos seus principais assessores comentou que o governador João Alves Filho não sabe brincar de fazer política: é um profissional pragmático, que vive em cima de pesquisas. E como sabe analisa-las através de cruzamento de resultados, certamente já tem o retrato nas mãos como o nome que tentará a Prefeitura de Aracaju, com chances de enfrentar Marcelo Déda. Na realidade, João Alves agora terá que fazer isso, porque o tempo não dá mais espaço para suposições, estratégias ou indefinições. O candidato do PFL deve ser escolhido dentro dos próximos 20 dias, embora o bloco governista indique outros nomes para disputar as eleições municipais. PEDRINHO O secretário de Turismo, Pedrinho Valadares, já tem data marcada para desincompatibilização: 3 de abril. Sai para disputar a Prefeitura. Há possibilidade de Pedrinho Valadares já entregar a primeira parte da orla de Atalaia, cuja inauguração está marcada para 2 de abril. CARTA O secretário Pedrinho Valadares enviou correspondência para o prefeito Marcelo Déda, reclamando da morosidade no trabalho dos barzinhos da orla. Houve um entendimento entre Prefeitura e Governo, para que o município resolvesse o problema dos barzinhos, mas até o momento não aconteceu. PROJETO Durante os primeiros contatos, a Prefeitura avaliou os gastos para a questão dos barzinhos, em R$ 400 mil o Governo aceitou e os recursos estavam liberados. Dia 10 de fevereiro, a Prefeitura mandou um plano que custava R$ 420 mil. O governador autorizou, refez o decreto e o dinheiro também já está liberado. SUSANA A deputado estadual Susana Azevedo, pré-candidata do PPS à Prefeitura, está animada com as adesões que estão garantidas para as eleições. Já avisou que se Gilmar Carvalho desistir da candidatura, ela vai conversar com o deputado, para receber o apoio dos verdes. ADELSON O deputado estadual Adelson Barreto (PTB) ainda não decidiu se será candidato a prefeito por Nossa Senhora do Socorro, apesar de ter reconhecido o domicílio eleitoral. Ele acha que se trata de uma decisão do partido, que tem bons nomes. Afirmou que seja quem for indicado, trabalhará como se fosse para ele. MACHADO O deputado federal José Carlos Machado (PFL) integra a Comissão Externa da Câmara, que vai avaliar o estado de calamidade pública provocado pelas enchentes no Nordeste. Dia 4 a comissão vai à Bahia e Sergipe e segue para Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão. Conclui as visitas dia 7 próximo. EDVALDO A informação é de fonte do PT: o prefeito Marcelo Déda vai manter a chapa de 2000, com Edvaldo Nogueira (PCdoB), como vice. Edvaldo foi um vice que agiu com lealdade a Déda e não lhe provocou nenhum problema. É um nome que não será desprezado facilmente. SILÊNCIO O senador Antônio Carlos Valadares (PSB) se mantém em silêncio com relação à sucessão municipal, mas tem conversado com Marcelo Déda sobre ela. Valadares age com muita prudência e habilidade e tem no bolso alguns nomes do seu partido como vice: o vereador Elber Batalha é um deles. POTÊNCIA O PTB vai começar a conversar na próxima semana e não esconde o trunfo da potencialidade de votos que detém em Aracaju. Citam Fabiano Oliveira, Gama, que já foi prefeito, e Jackson Barreto, prefeito duas vezes e deputado federal mais votado na capital. PMDB Dentro do bloco de oposição, há perspectiva de um racha dentro do PMDB. O partido está ganhando dois Ministérios e vai apoiar Lula. O pessoal prevê que o deputado federal Jorge Alberto quer espaço dentro da conjuntura do Governo Federal e deve lutar por um órgão federal em Sergipe. NOVO TOM Apesar de antes não falar em candidatura na capital, o PMDB mudou de tom e diz que vai disputar a Prefeitura de Aracaju, Augusto Bezerra apóia, mas diz que seguirá orientação do governador João Alves Filho. Na perspectivas de entrar no bolo do Planalto, não se sabe como pensará Jorge Alberto. SUPERIOR O ex-deputado Antônio Francisco, acusado de ser um dos mandantes do crime de Joaldo Barbosa, teve o pedido de hábeas corpus negado pelo Superior Tribunal de Justiça. O advogado José Cláudio, que defende o acusado, juridicamente sentiu que estava convencendo os ministros, mas no final perdeu por 5×0. Aconteceu 5ª feira passada. SUPREMO O advogado José Cláudio disse que não vai desistir e levará o caso pra o Supremo Tribunal Federal. Para isso terá rebuscar todo o processo e fazer um hábeas corpus originário. Cláudio acha que no Supremo pode mudar o processo “de político para jurídico”. Quanto a prisão de Antônio Francisco, a polícia não conseguiu chegar até lá. Notas CARNAVAL Pirambu voltou a repetir o carnaval que promove todos os anos. Milhares de pessoas participaram do movimento na cidade, que não se reduz ao arrastão dos trios elétricos, mas à improvisação dos foliões, que se divertem da melhor forma que podem, sejam nas ruas onde residem ou na área oferecida pela prefeitura. Pelos cálculos da Polícia, mais de 300 mil pessoas foram a Pirambu nos cinco dias de carnaval, sem contar com aquelas que alugam casas e montam barracas de praia. Supera todos os demais carnavais do interior. DESPEDIDA Para o prefeito de Pirambu, André Moura (PFL), este foi o último carnaval realizado por sua administração de 8 anos. Mas, seja quem for o prefeito eleito, esta festa não pode parar, porque foi incorporada à vida da cidade, assim como o São João antecipado e o Pirambrega, que são atrações em todo o ano. Segunda-feira passada, André Moura comemorou o seu aniversário em cima do trio e, depois, ao lado da população. Emocionou-se com a manifestação de políticos, dos familiares de amigos e da população. NEÓPOLIS Utilizando-se de um estilo completamente diferente, o carnaval de Neópolis também reuniu milhares de pessoas desde o sábado passado, com a saída de blocos, Zé Pereira, bandinhas e o mela-mela, característico do carnaval de Recife e Olinda. É uma cidade que recebe muita gente de Sergipe e Alagoas. Como acontece em Pirambu, o carnaval já se incorporou aos festejos populares da cidade e se tornou referência no Estado. Muita gente prefere o estilo de Neópolis e as ruas ficam superlotadas, com o carnaval espontâneo da cidade. É fogo O deputado estadual Augusto Bezerra (PMDB) deixou a política de lado e se esbaldou no carnaval de Salvado. Só retornou ontem… Já a deputada Susana Azevedo (PPS) também foi para a Bahia, mas preferiu se recolher a uma ilha próxima a Salvador e descansou do carnaval. Susana Azevedo diz que tem toda uma batalha pela frente para disputar a Prefeitura de Aracaju. Preferiu acumular energia para a campanha. Bares e restaurantes da orla de Aracaju ficaram lotados. A maioria de turistas que fugiram do carnaval de Salvador e Recife. A Prefeitura ainda pensou em colocar trios elétricos na orla, mas atendeu a solicitação dos donos de hotéis e restaurantes. O deputado Walker Carvalho (PFL) quer saber do presidente da Federação, Carisvaldo Souza, porque as rendas nos estádios em Sergipe são tão pequenas. A explicação para o deputado é muito simples: a péssima situação dos times não estimula a presença da torcida. As eleições este ano vão ser violentas em determinadas áreas, principalmente em cidades do centro sul. A situação no alto sertão ainda é de extrema calamidade pública, principalmente agora, quando as águas baixaram. O tratamento dado ao carnaval na área do mercado é muito diferente dos festejos juninos. A impressão é que carnaval não dá votos. Sergipe agora começa a se preparar para os festejos juninos. Este ano a Prefeitura de Aracaju promete superar os anteriores. A Prefeitura da Barra dos Coqueiros precisa cuidar com mais responsabilidade da Atalaia Nova, que precisa ter a frequência dos velhos tempos. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br