Engenho São Félix: relíquia do Brasil colônia em Sergipe

Vista panorâmica do engenho

"O Engenho São Felix foi fundado, em 1632, por um ancestral dos Vieira, família que até hoje administra a propriedade. Nas primeiras décadas do século XIX, era seu proprietário o Tenente-Coronel Paulo de Souza Vieira. Sua esposa, D. Joaquina Hermelina da Costa, pois enviuvar, contrai matrimônio com João José de Oliveira Leite, futuro Barão de Timbó. A propriedade do São Felix passa por diversos membros da família Vieira, como o Major Sizenando de Souza Vieira e sua esposa Adelaide Souza Leite. O engenho foi inicialmente movido à roda d'água, produzindo açúcar mascavo. Em 1914, tornou-se usina, passando a produzir açúcar cristal. Suas máquinas pararam entre as décadas de 60 e 70 deste século”. Ana Maria Nunes Espinheira, membro da família e escritora do livro “Engenho São Félix – Suas histórias e a dos seus descendentes”, 2011.

Soneca na sala principal

O Tô no Mundo visitou essa relíquia dos tempos áureos do Brasil Colônia, localizada às margens da rodovia SE 368, que liga os municípios de Estância à Santa Luzia do Itanhy, em direção à divisa com a Bahia. Considerado o segundo mais antigo do Estado, e um dos mais prósperos nos tempos áureos da cana de açúcar, o São Félix, provalmente fundado em 1632, tem muita história para contar por estar em bom estado de conservação e por ter características singulares em sua construção.

Vista da estrada principal

O proprietário Gilberto Vieira Leite abriu as portas do casarão, berço da família Vieira, e com orgulho contou parte da história do engenho.

Tão logo deixa-se a rodovia, percorre-se uma breve estrada de piçarra pontilhada por reminiscência de Mata Atlântica e córregos do rio Guararema (Bacia do Vaza-Barris). O visitante logo entra no clima da zona rural e volta ao tempo de Sergipe Del Rey canavieiro, ao perceber ainda ao longe o grande casarão colonial cortando o horizonte.

Quanto mais vai chegando perto da preciosidade arquitetônica, monta-se, aos poucos, as cenas passadas ali no início do século XVII.

Contou Gilberto Vieira que há indícios de que os primeiros proprietários das terras eram portugueses descendentes de Garcia D´Ávila, mas que registros apontam Félix da Rosa como o proprietário no século XVII. Daí o nome do engenho.

Remanescência de Mata Atlântica

Primeiramente, a propriedade pertencia ao engenho Antas. O antigo proprietário, o tenente-coronel Paulo de Souza Vieira, pode ser considerado o marco inicial da construção que existe hoje, já que em 1847 se casou com Joaquina Hermelina da Costa, filha dos proprietários do engenho Antas. Como era de costume à época, Paulo de Souza Vieira recebeu como dote parte das terras conhecidas como São Felix.

Ao fundo, chaminé e paredes do antigo engenho

Com o cultivo da cana de açúcar e da criação do gado, o tenente-coronel foi expandindo suas terras até parte da região do Crasto, transformando-se numa das mais prósperas fazendas dos tempos aéreos canavieiro do Estado.

Construído pela família Vieira, e que até hoje é proprietária da fazenda, o casarão é uma beleza da arquitetura colonial do século XIX, mostrando-se singular e único, com suas 30 janelas – 16 delas somente na parte da frente – e cerca de 32 cômodos. As janelas com vista para palmeiras imperiais e remanência de Mata dão um toque especial ao casarão.

“Ele foi construído no pé do morro, de modo que a parte de cima independe da parte de baixo. São colunas nos apendes do canto que se retirasse toda a parte de baixo a de cima permaneceria”, contou Gilberto Vieira.

História preservada – A cada passo, um pouco da história vai ganhando contornos a quem lá visita. O piso de madeira, o telhado com as ripas arredondas retiradas direto das áreas de manguezais, a preservação de parte da mobília. O andar térreo desenha a dor e o suor de quem também construiu o Brasil: os escravos. A antiga senzala passou por reformas e hoje abriga alguns quartos e agradáveis áreas de convivência coletiva.

Como mandava o costume, parte da família Vieira nasceu ali. E lá fez a história canavieira e da criação do gado como o apogeu da época em Sergipe. Mas também foi lá que o proprietário Paulo de Souza Vieira veio a falecer ainda jovem, aos 40 anos, quando consertava a roda d’água que movia o engenho.

Sabendo que havia uma viúva jovem e rica pelas bandas das terras de Santa Luzia do Itanhy (Joaquina Hermelina da Costa), o baiano João José de Oliveira Leite, filho de um coronel da região de Inhambupe, não titubeou em conquistá-la e casaram-se seis meses depois de se conhecerem. Dos seis filhos do primeiro casamento de Hermelina da Costa com Paulo de Souza Vieira, e dos seis filhos do primeiro casamento de João José de Oliveira Leite, três casaram entre si. João José de Oliveira Leite era também conhecido como o Barão de Timbó.

Casas no entorno

Entre casamentos, junções de escravos e fortunas, pujante economia, décadas de fechamento do casarão, do restauro, a família Vieira Leite até hoje o preserva com orgulho.A propriedade foi tombada como patrimônio do Estado em 06 de janeiro de 1984 e passou por recentes reformas.

Além do casarão, a propriedade conserva também duas casas menores onde moram os gerentes da fazenda e hectares com pequenos córregos, nascentes, restinga de Mata Atlântica e estruturas históricas, como as paredes da antiga usina e a chaminé. “É parte da história do Estado e do Brasil colonial”, diz Gilberto Vieira.

Como chegar

Partindo de Aracaju há dois caminhos a chegar até o engenho São Félix. O primeiro é pela saída de Aracaju no sentido BR 101, com destino à Salvador. No município de Estância, o entroncamento para a Linha Verde é o acesso principal para se chegar até ele. São cerca de 90 km partindo da capital sergipana.

Salão principal – janelas dão um tom especial

O outro caminho é pelo litoral partindo de Aracaju pela rodovia Inácio Barbosa (antiga rodovia Sarney). Percorre toda a extensão da rodovia até chegar a ponte Joel Silveira, no Mosqueiro. Segue-se com destino as praias da Caueira (Itaporanga D’ajuda), Abaís e Saco (Estância). Pega-se o entroncamento que dá acesso ao Porto do Mato e segue-se com destino a ponte Gilberto Amado até o início da Linha Verde sergipana. No entroncamento, a direção é à direita. Percorre-se poucos quilômetros até avistar o casarão à esquerda.

Antiga senzala é espaço de convivência coletiva

Dicas de viagem

  • Na região do rio Vaza-Barris há ruínas e casarões de cerca de seis grandes engenhos. Alguns deles é aberto à visitação, encontram-se com casarões preservados e outros somente em ruínas. Em um deles, há uma produção de cachaça artesanal e é aberto à visita guiada.
  • Os proprietários do engenho São Félix têm a intensão de reestruturar o casarão para fins comerciais. Por conta disso, ainda não desenvolve visita guiada, nem é um ponto turístico aberto ao público. O acesso é possível desde que com a autorização prévia da família, que não impõe empecilhos em visitá-la.

  • Mesmo com o apogeu e a magnitude da produção açucareira, o engenho São Félix não resistiu a crise da cana de açúcar a época, sendo o primeiro a ser desativado. Hoje é utilizado para criação de gado e lazer da família.
  • O casarão encontra-se em bom estado de conservação, mas percebe-se que a mobília e os objetos apresentam detalhes mais recentes.
Catado de aratu na palha
Catado de aratu na palha

Gastroterapia

Na região do litoral sul de Sergipe, onde está erguido o engenho São Félix, os frutos do mar são os protagonistas dos pratos em restaurantes e bares da região. Por ser uma região litorânea, o mangue é o habitat do aratu, um primo do caranguejo. As marisqueiras logo transformaram essa iguaria em catado e dele fazem ensopados, moquecas e os tradicionais catados de aratu na palha, defumado em fogão à lenha.

Na Bagagem

Azul Linhas aéreas

Uma parceria entre o Governo de Sergipe e a Azul Linhas Aéreas poderá incluir um voo entre Aracaju e Paulo Afonso, por conta do fluxo de turismo na região do Cânion de Xingó. Também está há um diálogo do retorno da linha Aracaju/ Salvador/ Aracaju pela companhia.

Divulgação do turismo e novas perspectivas

Um dos itens mais comentados entre o trade, em relação a realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro, foi que a maioria dos mais de 400 mil turistas estrangeiros que visitarão a Cidade Maravilhosa procuraram dicas de roteiros, de hospedagem, passeios e transporte aéreo pela internet. Essa é uma realidade que a divulgação do Brasil precisa rever para não ficar de fora da fase positiva em relação a realização dos jogos.

44ª Abav Expo Internacional & 46º Encontro Braztoa

As inscrições para o 44ª Abav Expo Internacional de Turismo & 46º Encontro Comercial Braztoa continua até o dia 30 de agosto. Os agentes de viagens não associados à ABAV e outros profissionais do setor podem se valer dessa vantagem e garantir o credenciamento prévio, bastando acessar a aba de inscrições no portal www.abavexpo.com.br, preencher o cadastro e responder a um questionário. Após a aprovação da inscrição, a credencial será enviada diretamente para o e-mail indicado na ficha cadastral. Não há custo para agentes de viagens associados, que ainda têm direito a cinco AD’s 90 por CNPJ.

Kobra no Guinness

O mural Etnias, feito pelo artista Eduardo Kobra no Boulevard Olímpico na Orla Conde, área portuária do Rio de Janeiro, recebeu o certificado do Guinness World Record de maior grafite do mundo.

Wi-Fi e entrada USB

A empresa aérea Gol solicitou o pedido a Anac instalar o sistema wi-fi em parte das aeronaves da companhia. Com a tecnologia provida via satélite pela Gogo, a internet de alta velocidade permite o acesso a entretenimentos como filmes, séries, músicas e programas de TV por meio de aparelhos como notebooks, tablets e smartphones. Também está prevista a instalação de entradas USB em todas as aeronaves. A Gol atualmente conta com 137 aviões, dos quais 19 já possuem USB para recarga de aparelhos.

Fotos: Sílvio Oliveira

Contato: silviooliveira@infonet.com.br

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