Ensaio sobre o caos interno

Percebo quando meu corpo treme de raiva, amor ou alegria que existe uma ponta de caos interno. Não sei leitor, se isto acontece com você, mas é tão profundo que a respiração fica desajeitada por alguns segundos. Somos o reflexo do externo, não há como fugir disso porque assim negaríamos nossa essência desprotegida e sem razão ‘aparente’.

Criamos mundo em formas de círculo. Meu caos está muito relacionado aos movimentos repetitivos que faço. É como se a vida com suas curvas formasse, unido-as, um círculo de erros. Sempre que o espaço interno Jaime está em conflito é porque ele mesmo repetiu algo de desagradável pra si. Caramba, por que não existem antídotos para nos mover pra frente e não em período cíclico. Quando me repito não produzo, não evoluo de forma correta. Acho que estamos por aqui não com o propósito de atingir graus elevadíssimos, mas para contribuir de alguma forma e quando o meu caos está instaurado acontece uma paralisação errônea. Fico chato. Desculpe minha repetição, acho que é raiva de mim mesmo!

Tenho pena de quem não percebe seu próprio caos. Tenho pena de mim mesmo quando cego assim. Venho batendo na tecla da autoanálise como forma de crescer, mas, sei que a pior luta é a que travamos contra nós mesmos, porque com exceção do suicídio, não existe outra forma de resolver isso se não parando e respirando fundo, na tentativa de melhorar, de pensar pra frente. Mas sei também que fica difícil melhorar com tantas doenças sociais nos rodeando.

Não existe teoria digna que ensine a lidarmos com o que nos aflige, sem nosso consentimento. Meu caos interno se alimenta totalmente do que me permito. É louco isso, porque quando não o desprezo, o fortaleço. Quando estou nesse transe consciente das coisas, e me percebo nele, sinto minhas pernas formigando e minha cabeça se expandindo. Entendo completamente os viciados, que buscam o outro lado pra evitar pensar em suas dores. Compreendo as pessoas que não sabem dizer não e isso é grande. Saber dizer não deveria ser a primeira lição de todas, mas, aprendemos que o talvez machuque menos. Sangramos então…

O caos interno é filho do sim consentido ao externo. Ele não se cria sozinho, vem andando sorrateiramente e se aloja em nossa cabeça ao ponto de fazê-la doer. Daí já viu, né? Se algo está em nossa cabeça acaba comandando o resto. Quando são sentimentos ruins, o caos interno atinge o coração mais rápido e se espalha a cada jorrada de sangue, a cada telefonema, a cada SMS enviado, a cada conversa pela internet. Tudo vira mero contato. Tudo gera dor e nervosismo. O caos interno está a um ponto de fazer grandes estragos em mim. Conheço pessoas que o tem e sabem dominá-lo, colocá-lo pra dormir. Estas pessoas têm suas razões porque já devem ter enfrentado situações ruins antes. O caos interno pode levar uma pessoa a cometer crimes graves. Prefiro não citá-los pra não me basear em meu próprio discurso, não quero ferir ninguém. Quer dizer, até quero, mas não devo fazer isso. Amor e ódio convivem juntos, são filhos do mesmo fluxo: são sentimentos.

Sei que posso contar com seu auxílio, caro leitor, porque quando escrevo amenizo meu caos interno. Coloco-o em seu devido lugar – entre frases e orações coerente (às vezes não). Do mesmo jeito que um junk procura seu refúgio na loucura, eu procuro na palavra escrita uma forma de me salvar disso tudo porque me machuca viver no real da coisa toda. Me machuca agir com carinho e perceber que o caos interno já está sobrepondo minha razão. É surto e quero respeitar isto!

Este ensaio pode soar desesperado, eu sei, mas é que se você ainda não esteve com ele (seu caos interno), talvez não compreenda nada do que escrevi até aqui. Nada. O oposto, então, servirá de meu alívio, porque se você leitor também já sentiu isso ou sente neste exato momento, compreenderá que dentro de nós algo estupidamente violento vive pra sempre. Queria ficar um pouquinho em paz pra notar que existe vida colorida lá fora. Queria que você que passa por isso também ficasse assim como eu tento, em paz. Não quero falar sobre paz na forma espiritual da coisa. Não quero misturar os mundos. Minha paz está relacionada ao conforto de um abraço, de um sorriso ou até de um bom livro. Acho que estou terrivelmente doente. Tenho o desespero do fim de algo amado e a esperança da palavra. Mas palavra e solidão machucam tanto quanto facas afiadas. Tudo aqui em mim é brasa.

P.S: escrevi este ensaio após uma discussão no dia 14/08/09 às 12h48. Se for verdade: “que o diabo está solto ao meio dia”, acho que o encontrei por alguns minutos, hoje. Desculpe leitor, a falta de delicadeza, mas, não tinha outro jeito de sobreviver ao meu desastre pessoal, pois amor sem dono é desastre, vira doença. Pesa demais. Queria descansar um pouco agora.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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