Diversos estudos nacionais, como da Secretaria do Estado de Saúde de São Paulo, da Fiocruz e do próprio Ministério da Saúde, revelam que muitos jovens homossexuais nem sempre utilizam camisinha durante o sexo. Ter um parceiro fixo é um dos motivos citados para eles não se prevenirem. Apesar de muitos homossexuais considerarem que o público de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros (LGBT) está mais vulnerável a Infecções sexualmente transmissíveis, a grande maioria ainda não usa preservativos nas relações sexuais com parceiros estáveis e ocasionais, mesmo conhecendo a principal forma de prevenção do vírus da AIDS.
Outro fator preocupante, revelado em pesquisas, é que muitos adolescentes do sexo masculino já tiveram mais de 10 parceiros sexuais, e nem sempre usaram camisinha.
O resultado do trabalho feito pelo Programa Municipal de IST/AIDS de Aracaju, na recente Parada LGBT, na orla de Atalaia, é preocupante: em 65 pessoas que se submeteram aos testes rápidos, 5 foram positivos para o HIV, 12 reagentes para sífilis, 1 reagente para hepatite B e 1 reagente para a hepatite C. Os dados mostram como a epidemia do HIV continua concentrada nas populações chaves, principalmente, em homens que fazem sexo com homens ( HSH ). Um dado comparativo, obtido pelo Programa de Aracaju e que evidencia a concentração dos casos entre HSH, é que, em 19.000 exames feitos na população geral, apenas 17 foram positivos para o HIV, enquanto somente em 65 exames feitos na Parada LGBT, 5 foram positivos.
Na última Copa do Mundo em Salvador, a equipe do Programa Estadual de IST/AIDS de Sergipe, em parceria com os Programas de Salvador e da Bahia, realizou 2.000 exames e o resultado foi 60 positivos para o HIV, sendo, a maioria em homossexuais dos baianos. Ouvimos relatos de muitos homossexuais que afirmavam o não uso da camisinha, mesmo com parceiros eventuais.
Muitos homossexuais não acreditam que numa primeira relação seja possível se infectar com as infecções sexualmente transmissíveis. Além disso, como o HIV demora em se manifestar e nem sempre os sintomas são perceptíveis, a pessoa pensa que não se infectou.
Entre as mulheres homossexuais, a principal justificativa para não usar o preservativo é que elas acreditam que sexo entre mulheres não necessita desse tipo de prevenção. Isso é um erro, pois o sexo oral, algumas manipulações ou às vezes até um corrimento que uma das parceiras possa ter pode transmitir doenças, como candidíase e HPV, que é extremamente comum. Infelizmente, o uso do preservativo feminino é uma prática nem aceita entre elas. Como elas não engravidam, pensam que não precisam se prevenir.
Muitos gays estão se arriscando, mas, para eles, o comportamento não é de risco. São jovens que, por não terem vivido a época da grande epidemia de AIDS, acham que não vão pegar a doença.
Por isso é necessário reforçar medidas de prevenção para esse grupo. Não falta informação, mas é preciso mudar os hábitos. Isso só será possível com a importante participação da própria comunidade LGBT, desenvolvendo ações corpo a corpo, com material educativo próprio e com linguagem própria.