O termo epilepsia se refere a um distúrbio transitório da função cerebral, caracterizado por perda da consciência, tremores musculares e distúrbios sensoriais. Uma vez que a concorrência de convulsões epilépticas não é facilmente prevista, os epilépticos podem se engajar em programas de treinamento rigoroso? Infelizmente, há poucas informações disponíveis para responder a essa questão. Antes que uma recomendação definitiva sobre a participação de epilépticos em atividades esportivas seja feita, duas questões fundamentais devem ser respondidas. Primeiro, a atividade física intensa aumenta o risco de convulsão epiléptica? Segundo, a ocorrência de uma convulsão durante determinada atividade esportiva expõe o atleta a riscos desnecessários? O EXERCÍCIO DESENCADEIA CONVULSÕES? Existe um tipo raro de convulsão epiléptica que demonstrou ser induzida pelo exercício em si (7). São convulsões tônicas (atividade motora contínua) que ocorrem durante vários tipos de atividade esportiva. Felizmente, na maioria dos casos, esse tipo de convulsão pode ser controlado por drogas anticonvulsivantes. Como para os outros tipos de distúrbio convulsivo, os médicos permanecem com opiniões conflitantes sobre o fato do exercício aumentar o risco de ocorrência de convulsões. Um trabalho de Gotze et al (21) sugere que o exercício não aumenta o risco de convulsões em crianças ou adolescentes epilépticos. Na verdade Gotze (21) argumenta que o exercício parece reduzir a incidência de convulsões em epilépticos, aumentantando o limiar das convulsões. Corroborando essas afirmações, uma revisão recente (42) sobre epilepsia e esportes concluiu que ocorre uma redução do número de convulsões durante o exercício. Em contraste, Kuijer (28) sugeriu que o epiléptico apresenta maior risco de sofrer um a convulsão durante e na recuperação do exercício. A esse respeito, foi criada a hipótese de que vários fatores relacionados ao exercício aumentam o risco de convulsões (42): a) fadiga física, b) a hiperventilação, c) a hipóxia, d) a hipertermia, e) a hipoglicemia e f) o desequilíbrio eletrolítico. Em conclusão, existe uma divisão na comunidade médica a respeito do risco do exercício e das convulsões. É óbvio que não podem ser feitas generalizações sobre o exercício e sobre o paciente epiléptico. Cada paciente é único no que se concerne ao tipo, à freqüência e à severidade das convulsões epilépticas. Por essa razão, os médicos, os pais e os treinadores devem tomar uma decisão individualizada sobre a sensatez dos esportes competitivos para cada paciente. Outra participação específica sobre a participação de epilépticos em esportes de contato é se um golpe na cabeça pode desencadear uma convulsão. Novamente, os médicos se dividem em suas opiniões. Alguns autores acreditam que os riscos são altos (25), enquanto Livingston (29) argumenta que não existem estudos que provam que traumatismos cranianos repetidos em epilépticos causem recorrência das convulsões. O argumento de Livingston está baseado em 36 anos de experiência pessoal com centenas de pacientes convulsivos que participaram de vários esportes de contato, como o futebol americano, a luta e o boxe. Apesar de todos esses esportes predisporem o atleta ao traumatismo craniano, Livingston (29) declara que não observou um único caso em que houvesse recorrência das convulsões. BIBLIOGRAFIA (7) Burger, L., R. Lopez, and F. Elliot. 1972. Tonic seizures induced by movement. Neurology. (21) Gotze, W., S. Kubicki, and M. Munter. 1967. Effect of physical activity on seizure threshold investigated by electroencephalogranphic telemetry. Diseases of the Nervous System. (42) Van Linschoten, R. Et al. 1990. Eplepsy and sports. Sports Medicine. (28) Kuijer, A. 1980. Epilepsy and exercise, electroencephalographical and biochemical studies. In Advances in Eppileptology: The X Epileosy International Symposium, Eds. J. Wada and J. Penry. New York: Raven Press. (25) Jennett, B. 1974. Early traumatic epilepsy: Incidence and significance after non-muscle injuries. Archives of Neurology. (29) Livingston, S., and W. Berman. 1973. Participation of epileptic patients in sports. Jornal of American Medical Association. * Araujinho Qualificação: Instrutor Técnico registrado pelo Confef – Conselho Federal de Educação Física – nº 000072/T-SE, CREF – Conselho Regional de Educação Física – e pela FSCMF – Federação Sergipana de Culturismo Musculação e Fitness – reconhecida pelo COB – Conselho Olímpico Brasileiro e filiada a IFBB – International Federetaion Of Body Building -; árbitro de Culturismo e Fitness da FSCMF; vice-campeão sergipano de Musculação, Técnico em musculação pela NABA, Federação Paulista de Musculação, Consultor Fitness em exercícios resistidos, vice-presidente da Federação Sergipana de Fisiculturismo e Fitness reconhecida pela IFBB e acadêmico do curso de Educação Física pela Universidade Tiradentes – Unit – e ex-acadêmico da Universidade Federal de Sergipe – UFS. Dúvidas e Sugestões: araujinhopersonal@infonet.com.br ou pelo telefone (0xx79) 9978-6799. 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