O Golpe Militar de 1964 provocou danos irreversíveis ao País. Um deles a descaracterização dos partidos e a criação de um tipo de político parasitário. Aquele que nasce como fungo, nos pés do poder, e cresce sugando benefícios. Foi assim durante o período revolucionário e deu continuidade a partir de 1986, quando assumiu o primeiro presidente civil, José Sarney (PMDB) – todos conhecem a história de Tancredo Neves e não será necessário repetir – até o sociólogo Fernando Henrique Cardoso. O primeiro administrou sob a rotulação de Nova República, e o segundo passando oito anos decantando um estúpido neoliberalismo, que sempre prestigiou as elites e massacrou o trabalhador. Durante todo esse período, o Brasil assistiu o desmoronamento da moralidade política do país e o esfacelamento total dos compromissos partidários e ideológicos. Com a ditadura houve a vulgarização dos partidos e a total indiferença dos políticos para com suas siglas. PSD e UDN, extintos com a revolução, ainda são símbolos fortes de um período em que a legenda era mais importante que o próprio mandato. Hoje se pratica filiações com maquinas nas mãos, para calcular o quociente eleitoral e a possibilidade de eleição. Troca-se de partido com a facilidade com que se veste outra roupa. Sem compromissos partidários e distantes da dignidade ideológica, os Governos pós-revolução passaram a administrar o país sem projetos e programas destinados a mudar os rumos de um Brasil debilitado pelo caótico (e sangrento) período que esteve nas mãos dos militares. O primeiro presidente eleito pelo voto direto, Fernando Collor de Mello, um alagoano que conquistou os eleitores de todo o Brasil combatendo os marajás e defendendo os descamisados, desmontou a Nação. Primeiro com o susto da sonegação da Poupança e depois com a corrupção escancarada, que se generalizou em todos os segmentos da administração. Seu destino foi o impeachment e o isolamento até hoje. Assumiu o vice, Itamar Franco, que fez um Governo sério e conseguiu controlar uma inflação que explodia e massacrava o povo brasileiro. Depois chegou Fernando Henrique Cardoso, ex-secretário da Fazenda de Itamar, que se arvorou de pai do Real. Não se pode negar que Fernando Henrique promoveu alguns avanços e a sociedade obteve uma série de conquistas importantes, principalmente na economia e em áreas institucionais como Saúde e Educação. Mas foi no Governo de FHC que também se viu os maiores escândalos políticos e administrativos. Revelou-se a face da corrupção, praticada por aqueles mesmo que sugavam na revolução de 1964, fizeram a Nova República, abraçaram Fernando Collor e fortaleceram o neoliberalismo. Camaleônicos, esses políticos mudavam de cor, de acordo com as conveniências de suas canalhices. E quem se insurgia contra tudo isso? O Partido dos Trabalhadores, através de Luiz Inácio Lula da Silva, que defendia uma política justa para o trabalhador e a igualdade social. Combatia as elites, a corrupção, a forma arrogante de se fazer política e expunha projetos de reorganização da sociedade, conscientizando-a contra as oligarquias e o coronelismo que dominavam principalmente o Nordeste brasileiro. Lula foi candidato três vezes e perdeu porque fazia uma campanha de mudanças em favor do povo. Ganhou a quarta vez, já com o apoio de setores da elite, dos camaleões políticos e com um discurso temperado e estilo esnobe, mas que ainda representava a esperança de um povo sofrido e cansado dos políticos safados. Luiz Inácio Lula da Silva conquistou o Brasil. A vibração do eleitorado lembrou a era Collor. Prometeu elevar o salário mínimo, cem mil empregos, revolucionar todos os segmentos corroídos por todos esses anos de administração de figuras remanescentes da revolução de 1964. Transformou-se na esperança de uma Nação que vivia em busca de um Messias. Posou de milagreiro e se transformou em unanimidade. Foi esse Lula que obteve votos a ponto de quase se eleger no primeiro turno. Praticamente 30 dias depois, caiu o pano. Viu-se uma repetição de todo um Brasil conservador, cercado pelos mesmos senhores que sempre se misturavam com os móveis e utensílios do Palácio do Planalto, sem nenhum compromisso com o povo. Nada de melhores salários. Os programas sociais não têm consistência. A forma de tratar o Congresso só fora experimentada no período ditatorial. Um rolo compressor que massacra quem faz o contraditório e expulsa do partido quem rejeita se envolver com posturas ditatoriais. A forma como empurrou as reformas da Previdência e Tributária, foi praticamente a mesma com que o ditador Ernesto Geisel impôs a reforma do Judiciário. Lula só faltou fechar o Congresso e cassar deputados. Em termos de festas, vislumbramento, viagens e mordomias, Lula não tem nada a dever ao ex-presidente Fernando Collor de Mello. É tudo isso, toda essa mudança, toda a frustração com um líder que prometia ser sério e competente, que faz a sociedade crer que não dá mais para se levar posturas ideológicas a sério. Até agora a única coisa que ainda não se viu (ou se descobriu) no Governo Lula, foi corrupção. Na parte política ele se iguala ao mais duro período do golpe militar. JACKSON O deputado federal Jackson Barreto (PTB) disse que conversou com o seu colega José Carlos Machado, sobre o destaque do ICMS na origem. “Esse eu voto sem problemas”, disse. O que Jackson está chateado é “que ficam nos policiando para saber como é que vamos votar”. DIFERENTE Jackson Barreto acha que nesta questão da votação da reforma tributária, “Sergipe é um choro diferente. É como fosse colocar a gente em um cadafalso”. Lembrou que não era “um deputado da província”. E continuou: “sou um deputado federal preocupado com o Estado e o País”. INTERESSANTE Jackson Barreto levantou uma questão curiosa: “se os governadores não estão sendo ouvidos, como é que a reforma tributária obteve 378 votos dos deputados?” Para Jackson, “isso fica claro que a maioria dos governadores teve os seus pleitos atendidos pelo Governo Federal”. SUGESTÃO O deputado federal Mendonça Prado (PFL) sugeriu que o seu colega Jackson Barreto olhasse menos para o País industrializado e mais para o seu Estado. E ironizou: “se ficar pensando só no país, vai terminar se preocupando mais com Gramado (RS) do que com Santa Rosa do Lima (SE)”. DA GRAÇA Por unanimidade, a Comissão de Ética aprovou o parecer do relator Arnaldo Bispo, concedendo uma suspensão de 30 dias ao deputado João da Graça. O parecer agora desce para o plenário, na próxima semana, e poderá ser referendado ou não pelos demais deputados. Se a suspensão for aceita, o João deixa o plenário imediatamente. SUSPENSÃO A suspensão de 30 dias, determinada pela Comissão de Ética a João da Graça, é a pena mais severa para o parlamentar. Depois dela só a cassação. Durante esse período, o deputado João da Graça ficará com todos os seus direitos parlamentares suspensos. Perde até a imunidade. ALBANO O ex-governador Albano Franco (PSDB) voltou a circular nos meios empresariais e tem viajado entre Rio e São Paulo. Inclusive almoçou com personalidades importantes do setor. Albano Franco vai participar das reuniões de diretoria da CNI, porque, como ex-presidente da entidade, é conselheiro emérito e convocado para todas elas. REFORMA Evitando falar sobre política, o ex-governador Albano Franco fez um pequeno comentário, como empresário, sobre a reforma tributária: “muitas vezes as reformas aumentam a carga tributária”. Viu uma vantagem para os governadores: a aplicação dos fundos pelos Estados. Também considerou um avanço o teto no limite de 25% do ICMS. VOTAÇÃO Sergipe se comportou da seguinte forma na aprovação da reforma tributária: João Fontes (PT), Cleonâncio Fonseca (PP) e Heleno Silva (PL) votaram contra. Os deputados José Carlos Machado e Mendonça Prado (PFL) se retiraram em sinal de repúdio. Bosco Costa (PSDB), Jorge Alberto (PMDB) e Jackson Barreto (PTB) votaram a favor. DÉDA O prefeito de Aracaju, Marcelo Deda (PT), estava em plenário trabalhando na votação em favor da reforma, como fora apresentada pelo relator. O deputado João Fontes considerou isso lamentável, porque Marcelo Deda está preocupado com João Alves Filho, quando na realidade deveria defender Sergipe. FRANCISCO O advogado José Cláudio disse, ontem, que o ex-deputado Antônio Francisco, continuará “ausente” até o despacho do hábeas corpus, que já está na Justiça. Considera que a polícia tem conhecimento do seu estado de saúde e sabe que ele não pode estar se deslocando para vários lugares e nem pensa em fugir. SIGILO As Polícias, Federal e Civil, têm mantido sigilo absoluto quanto às ações para recapturar Floro Calheiros, que fugiu da 1ª Delegacia Metropolitana pela porta da frente. De onde se encontra, Floro também resolveu silenciar e até o momento não enviou o dossiê que prometeu em sua última entrevista. PROGRAMA O Partido dos Trabalhadores (PT) está em fase final do programa a ser apresentado na próxima segunda-feira, através das rádios e emissoras de televisão. O prefeito Marcelo Déda e o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, têm presenças garantidas. A deputada Ana Lúcia e outros políticos também vão dar os seus recados. Notas MENDONÇA O deputado federal Mendonça Prado (PFL) diz que o Governo do PT tem uma saga arrecadadora insaciável, cujo projeto se baseia numa ilimitada elevação da carga tributária, que massacra, sobremaneira, os contribuintes brasileiros, cuja maioria lhe confiou o voto na esperança de melhoras. Mendonça considera que em nenhum momento se cogita partilhar receitas e diminuir as desigualdades regionais, já que a reforma torna o país cada vez mais diforme, onde os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres. SEGURANÇA A situação interna continua turva na Secretaria de Segurança Pública (SSP). O problema maior é que os delegados novos e antigos se desentendem. Está difícil acabar com os velhos vícios na Polícia Civil. Quem sofre com isso é a população, porque a dissidência policial repercute na segurança e favorece a bandidagem. O secretário de Segurança Pública, Luis Mendonça, precisa de pulso para fazer as mudanças necessárias, porque o velho sistema de comando da Polícia Civil está desgastado e precisa de uma reciclagem urgente. DENÚNCIA O senador Almeida Lima (PDT) denunciou que uma pequena cidade de Sergipe, com menos de 10 mil habitantes, recebeu, por vários dias, dez auditores da Controladoria Geral da União, que chegaram “em carros vistosos para chamar a atenção” da população. Isso aconteceu no município de Cumbe. Almeida disse que a reboque vinha o pessoal da Rede Globo, como se fosse uma ação planejada, para estabelecer escândalo e levar ao descrédito e ao desmanche moral de lideranças políticas do interior, para o próximo pleito. É fogo O governador João Alves Filho tem se mostrado indignado com a forma como vem sendo tratado pelos ministros Pallocci e José Dirceu: “eu não, todos os governadores”. O deputado federal José Carlos Machado lembra que João Alves Filho foi o primeiro governador a se insurgir contra as reformas do Governo Federal. O prefeito de Aracaju, Marcelo Deda (PT), defende a reforma Tributária e se declara fiel ao seu partido, embora tenha se articulado em favor dos municípios. O Governo do Estado vem investindo na ampliação do Hemose, com hemo-núcleos no interior. Com isso, a população de vários municípios não terá que se deslocar até Aracaju. O deputado federal Jackson Barreto (PTB) cumpriu a palavra e não participou da reunião da bancada com o governador João Alves Filho. O deputado federal Cleonâncio Fonseca também não participou, mas porque estava em trânsito entre São Paulo e Brasília. Há alguns anos o deputado Cleonâncio Fonseca vem fazendo essa ponte São Paulo/Brasília em razão de tratamento de saúde de familiares. O deputado federal Heleno Silva tem sido o interlocutor de Sergipe junto ao Ministério da Segurança Alimentar. Faz um bom trabalho… O deputado federal João Fontes (PT) se transformou no mais ferrenho crítico dos atos do Governo Federal, hoje nas mais do seu partido. Até o momento João Fontes não se manifestou, mas sabe que não terá mais chance no partido pelo qual se elegeu. As lideranças políticas de Japaratuba estão direcionando suas críticas ao prefeito de Pirambu, André Moura. A razão das críticas dos políticos de Japaratuba, é porque André Moura lidera, disparado, todas as pesquisas de opinião pública para a Prefeitura daquela cidade. Jackson Barreto garante que o programa do PTB não será de críticas ao Governo, mas “como somos de oposição, não podemos deixar de mostrar algumas coisas”. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br