Mônica Porto Apenburg Trindade
Graduanda em História pela UFS.
Integrante do Grupo de Estudo do Tempo Presente.
Bolsista PIBIC do projeto" O Nordeste e a Segunda Guerra Mundial: Narrativas do Cotidiano", apoiado pelo CNPq
Email:apenburg@getempo.org.
Orientador: Prof. Dr. Dilton Cândido S. Maynard
Formada durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a "grande aliança", composta pela Inglaterra, União Soviética e Estados Unidos, suscitou debates quanto à sua origem e principalmente na relação entre EUA e URSS.
Philippe Masson em "A Segunda Guerra Mundial Histórias e Estratégias", aponta alguns elementos formativos dessa origem. Primeiramente, havia uma crença por parte das grandes democracias de que a parceria com a União Soviética seria o único meio de derrotar a Alemanha, embora tivessem que conviver com o medo constante de uma possível aliança entre Adolf Hitler (1889-1945) e Joseph Stalin (1879- 1953), algo que reverteria a situação.
Em segundo lugar, Os Estados Unidos ainda precisavam da União Soviética para vencer o Japão. Basta lembrar que uma intervenção soviética colaboraria para estabelecer bases aéreas na Sibéria Oriental de alcance imediato sobre o arquipélago nipônico. Isso permitiria também reter e desgastar uma parte considerável do exército japonês.
É claro que a União Soviética não ficaria sem vantagens. Depois de uma possível derrota da Alemanha, recuperaria suas perdas na Manchúria desde 1905 com Port- Arthur,assim como as ilhas Curilas e a Sacalina.
Apesar da explícita união de interesses, Masson observa também um elemento implícito: a nítida ingenuidade por parte de Franklin Delano Roosevelt ( 1882-1945) nesse jogo. O presidente acreditava que o líder soviético procurava apenas garantir a segurança do seu país, como também precisaria dos Estados Unidos após a guerra para assegurar subsídios, estabelecendo fortes laços econômicos entre os dois países. Ele nem mesmo via o sistema soviético como "tão totalitário assim", encarando na "ditadura alemã" o verdadeiro perigo para humanidade. Contudo, será que essa crença fazia parte apenas de uma mera ingenuidade?
Masson tem o cuidado de afirmar que a busca da amizade de Stalin por parte de Roosevelt estava ligada a uma nova diplomacia, réplica do New Deal e, portanto, revestida de certa lógica. No mundo pós-guerra, a aliança a três deveria manter-se no âmbito das Nações Unidas e na gestão dos negócios do mundo.
Outro ponto que a princípio pareceu fruto "da boa vontade" do presidente norte-americano, mas que na verdade camuflou um desinteresse econômico e político, foi a permissão do avanço de Stalin nas áreas da Europa Oriental, mais de perto na região dos Balcãs. Roosevelt julgava os problemas dessa parte do globo insolúveis. Só as regiões mais povoadas e desenvolvidas da Europa Ocidental lhe interessavam.
Envolvido nesse emaranhado de sentimentos ambíguos, à beira da morte, Roosevelt inquietou-se com o comportamento inesperado de Stalin, agora com outro tom, de insolência e agressividade. Stalin recusou-se conceder liberdade de ação aos delegados ocidentais nos países da Europa Oriental, para acompanharem a implantação das instituições democráticas. Esse novo tom parecia comprometer decisivamente a visão geoestratégica do pós-guerra acordada na formação da "grande aliança".