Estância (SE) – Muito mais que praia

Litoral privilegiado, berço de grandes vultos da história sergipana, cidade próspera. Em tempos de outrora, seus casarios revestidos de azulejos portugueses e conservados jardins fizeram da Estância, localizada a pouco mais de 70km de Aracaju, a Cidade Jardim e um dos principais pólos econômicos de Sergipe. Uma prova deste tempo áureo resiste às constantes mutilações, sobrevivendo ao tempo e merecendo serem observados.

Estância dos engenhos de cana de açúcar, da criação de gado, dos personagens ilustres; da efervescência cultural e econômica no início do século XIX; cidade que abrigou obra de Jorge Amado e possui uma invejável passagem na história sergipana. A memória pede passagem ao litoral e revela outra face da Estância: o patrimônio histórico.

Para conhecer um pouco mais da rica história de Estância basta chegar à cidade e percorrer a rua Gumercindo Bessa até o Paço Municipal, que engloba a praça Barão do Rio Branco com a igreja da Matriz, em homenagem a Nossa Senhora de Guadalupe. A Catedral Diocesana ou igreja Matriz é uma obra do século XVIII, edificada em arenito, cal e grossos tijolos, com marcante presença do estilo jesuítico. No teto da capela-mor há painel representativo da Santíssima Trindade, atribuído ao artista plástico João Pequeno. Conta à história que Pedro Homem da Costa, mexicano, um dos primeiros desbravadores das terras hoje estancianas, era devoto da Virgem de Guadalupe e como um bom mexicano, trouxe o hábito para Estância.

Na praça Rio Branco  n° 35 fica um dos principais sobrados, hoje um dos únicos em bom estado de conservação do seu exterior. O casarão colonial foi alojamento do Imperador D. Pedro II, em visita à Estância, na oportunidade em que cidade recebeu o título de “Jardim de Sergipe” pelo Imperador. O imóvel é o único bem tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Basta verificar nas proximidades do Paço Municipal que o Patrimônio Nacional poderia ser bem mais generoso ao observar que vários outros casarões também poderiam ser tombados. Ainda há algumas edificações coloniais da época em que ainda se obedecia ao alinhamento imposto pelas autoridades municipais, como os casarões projetados com uma porta e três janelas, além de telhado em degradê. Mas é na rua Capitão Salomão onde estão os principais exemplares da arquitetura faustosa dos tempos áureos de Estância. O pavimento térreo dos sobrados alojava o estabelecimento comercial do seu proprietário, enquanto que o superior destinava-se à habitação de sua família.

Grande parte dos antigos solares encontra-se em pouco estado de conservação: fachadas que abrigam pórticos de lojas comerciais e azulejos portugueses retirados para dar lugar à ardósia. Portão de alumínio e grandes também desconfiguraram alguns deles.

Ao final da rua Capitão Salomão, a igreja de Nossa Senhora do Rosário pede passagem. Há também registros nos diários da passagem do Imperador D. Pedro II por esta igreja ainda em construção. No entorno da praça Orlando Gomes, mais casarios e o passeio fica ainda bem mais agradável, por conta dos jardins.

Caso queira esticar o passeio pela história sergipana, vale visitar o antigo trapiche e vila operaria localizados no antigo Porto D’Areia. Antigamente funcionava o embarque e desembarque de mercadorias e o comércio de escravos, no século XVIII. Hoje o local se encontra em ruínas, mas é no seu entorno que são produzidos os famosos barcos de fogo de Estância, no mês de junho.

Fora do centro da cidade também há edificações que devem ser visitadas, como as ruínas das antigas fábricas, uma delas da família do prefeito da cidade, Ivan Leite. É possível conhecê-la, porém se solicitar autorização prévia. Há também a ponte histórica sobre o rio Piautinga, ora destruída pelas fortes chuvas dos últimos anos.

A Cidade Jardim reserva-lhe uma grande opção de voltar ao passado. A história sergipana está posta. Basta visitá-la, porém, com a falta de conservação do patrimônio, muitos estancianos acreditam que as novas gerações amargam a falta de identidade, destruindo um patrimônio que poderia ser uma constante volta ao passado e um incentivo ao turismo. Muitos deles são tombados pelo Patrimônio Histórico e Artístico Estadual, mas tão quanto é o valor histórico, também é o valor do descuido. O rico acervo arquitetônico, paisagístico e urbanístico da Cidade Jardim caminha para apreciar o Litoral.

Dicas de Viagem

ü       No entorno da igreja da Matriz há bons restaurantes e sorveterias. Há também uma loja de artesanato na praça central;

ü       Aproveite a ponte Joel Silveira para conhecer um pouco mais sobre Sergipe. Junto com as praias do Litoral Sul também há povoados, vilas e cidades com muita história para contar, um exemplo e o povoado Crasto, na vizinha Santa Luzia do Itanhi;

ü       Nas praias de Estância é tradicional comer catado de arutu e frutos do mar na palha;

ü       As velhas fábricas do bairro Bomfim merecem ser visitadas. Entre em contato com antecedência com o setor de Turismo da Prefeitura Municipal ou com seu agente de viagem. Telefone da Secretaria de Turismo e Comunicação Social – 79 3522 2720.

 

Registros

Os casarões e sobrados de Estância merecem mais atenção por parte das iniciativas públicas municipal e estadual. O centro comercial necessita de leis e diretrizes, a fim de que o patrimônio histórico não perca seu valor. Um bom exemplo acontece em Belo Horizonte, onde a Prefeitura criou diretrizes quanto a propaganda em fachadas, marquizes, construções e incentivos fiscais.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fotos: Silvio Oliveira

 

Na Bagagem

 

O trade sergipano se prepara para mais uma vez participar do Salão do Turismo – Roteiros do Brasil. O evento entra na quinta edição e acontece de 26 a 30 de maio, em São Paulo.

O Parque da Cidade poderá ser destino certo para quem gosta da prática de esportes radicais. Negociações entre órgãos públicos, entidades ligada à causa e representantes do turismo sergipano participaram de uma reunião técnica no dia 07/03 para avaliarem a situação. O Parque da Cidade bem que merece;

As praias da Barra dos Coqueiros merecem mais incentivos por parte dos dirigentes municipais. Falta estrutura básica na Atalaia Nova e a orla da praia da Costa continua no papel.

Quando percorre-se a rodovia que liga Barra dos Coqueiros a Pirambú percebe-se uma nova faixa de residências no litoral sergipano. Trata-se da praia do Porto, vizinha do Jatobá, que tem atraído olhares da especulação imobiliária e de grandes empresários.

O Hotel do Velho Chico, em Propriá, pede socorro. O empreendimento que já foi um dos principais do setor no interior de Sergipe necessita de uma boa reforma. A vista panorâmica do hotel para o  rio São Francisco e da ponte de Integração Nacional é uma das melhores em toda a região

 

Passaporte

A industrial do sexo e do erotismo não esqueceu a regiã odo Pigalle, em Paris. São casas de shows para turistas ou não, livrarias, lojas de produtos eróticos e de massagem e até mesmo o Museu do Erotismo. Durante todo o dia, milhares de turistas e moradores cruzam as famosas casas noturnas em busca de uma aventura ou até mesmo apenas para conhecer o cabaré mais famoso da Europa: o Molin Rouge. O local hoje realiza shows de cancã, num grande salão de dança, mas reserve sua entrada com antecedência. Os ingressos são bem disputados. Para o visitante arraigado de pudores, a dica é passar longe da região.

Fotos: Silvio Oliveira

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