O governador eleito de Sergipe, Marcelo Déda (PT), viajou ontem a Brasília, sem data para voltar. Pelo menos até o dia 28 – dois dias antes do pleito. Em Salvador, na mesma aeronave, embarcou o governador eleito da Bahia, Jaques Wagner (PT). Viajaram até Brasília ao lado do deputado federal eleito Albano Franco (PSDB). Cumprimentos formais, conversas informais e compromissos adversos. Na Capital Federal, tiveram o primeiro encontro com o coordenador nacional da campanha do presidente Lula, Marcos Aurélio Garcia. Criaram a ala de frente para proteger o candidato petista. Ontem mesmo, em entrevista a jornalista, no comitê de campanha, os três acusaram PSDB e PFL de criarem um ambiente de suspeição institucional-eleitoral, para, no caso de vitória, poderem questionar o resultado da eleição. Na realidade o governador eleito Marcelo Déda trabalha para livrar o presidente Lula da Silva de mais uma trapalhada feita pelo “PT Paulista”, que domina o partido desde a sua fundação e que nos últimos quatro anos levou a legenda a um descrédito incômodo, que respingou no presidente. Pode-se dizer que o dossiê, descoberto às vésperas do pleito, provocou o segundo turno, assim como engordou o “dragão” da corrupção em que se meteram aliados próximos do presidente e membros do PT que decidiam os caminhos que o partido teria que seguir, inclusive o presidente. O chamado “núcleo duro” do PT se desmanchou em escândalos e sacudiu lama no Planalto, no Congresso e, principalmente, no povo brasileiro. Hoje, Marcelo Déda tem um pensamento que domina uma ala importante do PT, inclusive o do presidente Luis Inácio Lula da Silva, que é o de diversificar o comando nacional da legenda e talvez até retirá-lo de São Paulo. Segundo o jornal “Folha de S. Paulo”, Déda advoga a quebra do centro geográfico do PT em São Paulo: “o estilo paulista de condução da legenda fracassou e deve incorporar a influência das novas lideranças que saem das urnas”. Em palavras mais diretas, o governador eleito de Sergipe quer que o grupo que está dando certo tenha voz no partido. Déda quer distância de mensalões e dossiês, não aceita culpa para o presidente Lula e, logicamente, vai exigir maior participação nas decisões do Partido dos Trabalhadores. Fortalecido, também é lógico que Déda terá um espaço significativo na formação da equipe de governo, caso o presidente seja reeleito. Ainda à “Folha”, Marcelo Déda disse que o “PT virou um partido nacional. Não pode ficar preso a um centro de gravidade que transforma disputas paroquiais em crises nacionais. Esse estilo paulista de conduzir o PT fracassou. Não é caça às bruxas, mas é preciso que o PT comece a ouvir o PT que está dando certo. Todo o processo de organização interna tem que ser revisto. Não me peça fórmula mágica. Mas é preciso rediscutir a convivência interna. Chega de guerra civil no PT. Vamos acabar com esse complexo de patinho feio. Queremos que o sucesso político e eleitoral dessas seções do partido e dessas lideranças se transforme em força de decisão no PT. Não é disputa de espaço, isso seria amesquinhar o debate. É traduzir aquilo que a democracia revelou nas urnas: novas lideranças, com novas idéias e novas atitudes, assumindo responsabilidades internas no PT”. O presidente Lula concorda com tudo que Marcelo Déda disse. Já avisou que no início de 2007 a cúpula do PT terá de sofrer uma reforma radical. O presidente também pediu aos auxiliares que se mexam para antecipar o terceiro congresso do partido, inicialmente previsto para o segundo semestre. E foi mais longe: “o PT precisa passar por um profundo processo de transformação. Não dá mais para ficar assim”. Diante do pensamento do presidente, Marcelo Déda foi duro: “precisamos resgatar a nossa alma, cortar os galhos que não prestam mais”. Essa disposição e coincidência de pensamento demonstra claramente que Déda quer ir mais além dentro do seu partido e na formação do governo, caso aconteça a reeleição. Não é uma mera questão partidária, mas um desejo de chegar mais além e até se credenciar para saltos mais altos. PT PAULISTA O Partido “não pode ficar preso a um centro de gravidade que transforma disputas paroquiais em crises nacionais”, diz o governador eleito Marcelo Déda. Sustenta que o partido precisa começar a “ouvir o PT que está dando certo” e afastar todos os envolvidos na negociação do dossiê. PESQUISITE De Marcelo Déda (PT), governador eleito de Sergipe, em resposta à estratégia da oposição de reforçar as denúncias de corrupção que pesam sobre a campanha de Lula: “A oposição está sofrendo de pesquisite aguda que às vezes acomete os políticos quando as pesquisas lhes são desfavoráveis”. NEUTRO O Partido Democrata Trabalhista (PDT) resolveu sair neutro para as eleições presidenciais em segundo turno. O deputado federal João Fontes disse que a maioria do partido vai apoiar Geraldo Alckmin, mas admitiu que essa foi a melhor posição. ALBANO O deputado federal eleito, Albano Franco (PSDB), viajou ontem a Brasília para participar da posse de Armando Monteiro na presidência Confederação Nacional da Indústria (CNI). Encontrou-se com Déda no mesmo vôo e o cumprimentou. Déda disse que ia para se engajar na campanha de Lula e não tinha data para retornar a Sergipe. MOVIMENTO Albano Franco agora voltará a freqüentar atos da Confederação e na posse de Armando Monteiro ele participou da mesa, como ex-presidente da Casa. Na próxima quinta-feira, Albano vai almoçar na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com o líder empresarial Paulo Skaf. ALCKMIN O deputado eleito Albano Franco também teve contatos com coordenadores de campanha do candidato Geraldo Alckmin em Brasília. Segundo Albano ainda não foi marcada a visita de Alckmin a Sergipe, mas foi informado que ele gostou da entrevista que concedeu à rádio Ilha em Aracaju, ontem. JACKSON O deputado federal Jackson Barreto (PTB), em entrevista ontem à rádio Atalaia, no programa de George Magalhães, voltou a criticar o Tribunal de Contas. Sobre a nota do Tribunal de que entraria com um processo contra o parlamentar Jackson declara: “a nota tem tanto valor que vou jogá-la no lixo”. KÉRCIO Há um grupo dentro do Partido dos Trabalhadores que defende o nome do superintendente da Polícia Federal do Amazonas, Kércio Pinto, para a Secretaria de Segurança. Kércio esteve como superintendente de Sergipe por vários anos e está se aposentando. Também é cotado para o mesmo cargo no estado em que se encontra. HERÁCLITO O coordenador de campanha de Alckmin, senador Heráclito Fortes (PFL-PI), disse que o candidato tucano não veio a Aracaju porque sua agenda tinha se esgotado. Diz que Alckmin virá a Salvador e de lá a Sergipe, onde passará mais tempo. Alckmin ganhou em Aracaju no primeiro turno. MATERIAL O pessoal que apóia a candidatura de Geraldo Alckmin a presidente da República em Sergipe está parado. Não há qualquer mobilização. O deputado federal eleito Albano Franco disse que só ontem chegou um pouco de material de campanha: “até o momento mandaram pouca coisa para Sergipe”. VEREADORES O governador João Alves Filho (PFL) reuniu os vereadores ligados à coligação que o apoiou, para agradecer o trabalho na campanha. O deputado estadual Fabiano Oliveira também compareceu. O governador está coordenando a campanha de Alckmin para presidente no Nordeste. RETORNO Paulo Hagenbeck (Paulinho da Varzinhas) já retornou à Prefeitura de Laranjeiras. A posse foi ontem à noite, seis horas depois do TRE julgar a medida cautelar favorável a ele. Hoje pela manhã ele vai à Câmara Municipal para retomar a administração e conversar com os vereadores. LUCIANO O ex-prefeito de Itabaiana, Luciano Bispo (PMDB), desmente que esteja conversando com alguém do PT para apoiar o governador eleito Marcelo Déda. Apesar de ser amigo pessoal de Benedito Figueiredo, com quem se dá muito bem, há o problema local. É impossível Bispo e Mendonça estarem no mesmo grupo. Notas COMÉRCIO A Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC) ajuizou ontem Mandado de Segurança, com pedido de liminar, para suspender os efeitos da Resolução 22.422, de setembro, que permitiu a abertura do comércio no dia das eleições. O ministro Cezar Peluso é o relator da matéria no TSE. BARREIRA O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Marco Aurélio Melo, sinalizou nesta segunda-feira que, dos 29 partidos registrados no país, sete devem ultrapassar a cláusula de barreira: PSDB, PFL, PT, PMDB, PSB, PP e PDT. A palavra final, contudo, caberá ao Plenário da corte. FAPESE O TCU determinou que a UFS suspenda pagamentos a serem feitos à Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão de Sergipe (Fapese). A medida decorre de representação sobre indícios de irregularidades no contrato para acompanhamento e execução física do Campus Universitário de Itabaiana, no valor de R$ 4 milhões. As apurações preliminares apontam contratação irregular da Fapese, ausência de projeto básico, fiscalização inadequada da execução contratual e pagamento antecipado de 75% do valor negociado com a contratada. É fogo Segundo um aliado próximo do governador eleito Marcelo Déda (PT), até o momento ele não fez convites formais a ninguém para assumir Secretarias. No momento, Marcelo Déda está trabalhando pela reeleição do presidente Lula. Apesar disso, sabe-se que alguns nomes vão acompanhá-lo em sua nova missão. O deputado federal João Fontes (PDT) disse que vai concluir e seu mandato e dará assistência ao seu partido em Brasília quando estiver fora da Câmara. João Fontes vai advogar, mas anuncia que voltará a fazer política da forma como sempre atuou, mesmo quando não tinha mandato. O ex-prefeito de Macambira avisou que vai deixar o PSDB. Diz que o partido não respeitou a vontade dos seus filiados. O senador José Almeida Lima (PMDB) tem conversado com amigos e diz que vai comandar a oposição ao governador eleito Marcelo Déda em Sergipe. O deputado estadual Luiz Mittidieri pode deixar o PSDB para reforçar a bancada do PSB na Assembléia Legislativa. O Nordeste vem turbinando as vendas de computadores populares, telefones celulares, eletrodomésticos e material de construções em 2006. A Coca-Cola lançará no mercado em novembro uma bebida à base de chá que ajuda a queimar calorias. brayner@infonet.com.br
A Confederação requer a concessão de liminar para desobrigar os trabalhadores da categoria a votarem e trabalharem no segundo turno das eleições, marcado para o domingo, como aconteceu no primeiro turno.
“Eu creio que deve prevalecer no âmbito do TSE, no campo administrativo, a ótica segundo a qual o partido há de ter alcançado nas eleições para a Câmara os 5% dos votos válidos em todo o território nacional”, disse Melo.
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