Tenho ouvido com freqüência entre militantes dos principais candidatos ao governo que a campanha tomará outro rumo, a partir de 15 de agosto, quando começarem os programas eleitorais gratuitos no rádio e na televisão. Os aliados do candidato petista, Marcelo Déda, por exemplo, não falam de outra coisa: “Déda vai dar um banho em João quando estiver aparecendo na TV. A diferença entre os dois vai ser gritante”. Uma observação até certo ponto pertinente pela capacidade teatral do candidato Marcelo Déda diante das câmeras. Ele é realmente muito bom nisso.
Mas nada é tão simples assim quando se está em jogo o Governo do Estado. A equipe de marketing de João Alves, sabedora de suas deficiências de expressão e de sua deplorável capacidade de síntese, já trabalha arduamente para torná-lo mais palatável diante das câmeras. E, com toda a certeza, sempre haverá um bom texto no teleprompter (aparelho que apresenta o texto a ser lido pelo candidato) para que ele possa dar o recado de forma simples e convincente. Portanto, que os adversários de João não esperem ver os seus velhos e indefectíveis cacoetes expostos na TV, pois, com toda a certeza, o João 2006 virá muito bem orientado por sua equipe. Prontinho para a guerra midiática.
Não que João Alves, ao vivo, seja incompetente ao falar. Muito pelo contrário. Ele é um dos que mais têm a dizer ao eleitorado, depois de anos e anos à frente do Executivo. Mas, convenhamos, é por demais prolixo e repetitivo. E ninguém consegue suportar seus longos e monótonos discursos…Nem mesmo o mais fiel dos bajuladores, sempre pronto para aplaudir a cada pequena pausa respiratória do chefe.
Já o problema de Marcelo Déda é exatamente o oposto. Ele concatena bem as idéias, usa o teleprompter como nenhum outro político sergipano e dá um verdadeiro show de encenação. Parece até um ator Global. Contudo, isso pode ser uma faca de dois gumes. Afinal, o povão adora novelas. E sabe – muito bem – distinguir entre ficção e realidade.