Falando de Criatividade, um conceito básico

A propalada crise econômica mundial está deixando uma coisa bastante clara: “a desgraça de uns poderá ser vantagem para outros”. Em suma, uma vez em dificuldades as pessoas começam a pensar mais, começam por “sair da caixa” e terminam por enxergar soluções ainda não pensadas para os seus problemas. É sempre assim! Só paramos para pensar e utilizarmos nossa mente quando percebemos que as soluções corriqueiras não estão chegando a lugar nenhum. Em suma que a “situação está preta”!

Quando precisamos resolver um problema complicado o nosso pensamento percorre um determinado “caminho”. Há muitos anos esse “caminho” vem sendo estudado por cientistas que pesquisam o potencial humano e o mesmo foi definido por processo criativo. Existem vários modelos teóricos que tentam definir esse “caminho”, todavia o mais adotado afirma que pode ser dividido em cinco estágios: preparação, frustração, incubação, iluminação e implementação. A criatividade, portanto, é uma etapa do processo criativo e acontece no estágio que chamamos “iluminação” ou “aha!”; é justamente nesse momento que percebemos que resolvemos alguma questão ou geramos alguma nova idéia.

Em outras palavras, poderemos afirmar que o processo criativo é a habilidade de desenvolvermos a qualidade do nosso pensamento. Somos educados, desde a nossa infância, para que, ao nos depararmos com qualquer situação, imediatamente julgarmos, avaliarmos e escolhermos um caminho, solução ou resposta. É isso que chamamos por “pensamento lógico”.

No entanto, na situação atual estamos percebendo que o pensamento lógico não está ajudando muito. Isto acontece principalmente porque temos a tendência de resolver problemas utilizando como mecanismo de ajuda comparar com as respostas encontradas no passado. Daí, como resultado sempre nos deparamos com as soluções corriqueiras.

Quando utilizamos as técnicas ou ferramentas de pensamento criativo, ou seja, primeiramente geramos muitas respostas e muitas alternativas (divergência) e depois partimos para fazer uma escolha (convergência) poderemos perceber que muitas vezes encontramos soluções muito diferentes daquelas que estávamos pensando.

Existe uma estória que exemplifica bem isto. “Uma determinada fábrica de porcelana fina estava com muitas dificuldades no setor de embalagem. O problema é que a embalagem estava demorando demais. Pesquisando-se o acontecimento descobriu-se que como se utilizava jornais usados para embalar os produtos, muitas vezes os empregados se distraiam lendo as notícias velhas que lhes chamavam atenção. Descoberto o problema, a diretoria de reuniu pra resolver o problema. Na reunião foi utilizada a metodologia resolução criativa de problemas. Durante a fase de divergência[1] um dos diretores sugeriu: “Bem, poderemos cegar os empregados para eles não lerem os jornais”. Um silêncio constrangedor pairou no ambiente. Em seguida outro diretor falou: “Tenho uma idéia melhor, poderemos contratar cegos.” E ao final, depois da etapa de convergência[2], ficou decidido que, por conta da sua sensibilidade e pelo fato de não perderem tempo lendo os jornais, a Fábrica iria contratar cegos para o setor de embalagem.”

Este é um exemplo clássico do pensamento criativo. Portanto, fazendo-se uma metáfora poderemos afirmar que atua como se fosse um mapa da estrada para ajudar às pessoas a se transportarem em direção aos seus sonhos e objetivos; permitindo que tenham a chance de aproveitar as oportunidades que se apresentam nos negócios, na sua profissão ou nas suas vidas pessoais.

Esta é uma maneira diferente de pensar; já que não somos acostumados a pensar em nós mesmos como aptos a atingir os nossos sonhos e desejos. Com o apoio dessa habilidade poderemos conhecer e ultrapassar as barreiras que estão nos impedindo de atingir os nossos objetivos ou poderemos também enxergar novas oportunidades até então não vistas.

Um exemplo claro segundo Pink[3]: “O Japão apesar dos seus estudantes serem líderes mundiais no desempenho das disciplinas matemática e científica está fazendo uma reformulação no seu até então eficiente sistema de ensino. E nessa reformulação está inserido o estímulo à criatividade, ao senso artístico e ao lúdico. O motivo essencial de tudo isto é porque o produto de exportação mais lucrativo deste país atualmente não pertence mais ao setor automobilístico ou eletrônico e sim à sua cultura pop.”

Finalmente o pensamento criativo é uma habilidade fantástica da mente humana, pelo fato de traduzir as percepções e os entendimentos que estão escondidos no fundo do nosso inconsciente e levá-los para a arte, para a ciência, para a medicina, para a engenharia, para as escolas, universidades, empresas, pessoas e até para o dia a dia de todos nós.

E, como resultado, à medida que nos desenvolvemos como pessoas, a qualidade do nosso pensamento vai melhorando porque vamos aprimorando o nosso conhecimento em relação a nós mesmos, aos nossos sentimentos, às nossas habilidades e potencialidades. Certamente, este é um dos motivos – importantes – porque tanto se tem investido no desenvolvimento do potencial criativo das pessoas nos mais diferentes lugares do mundo.

Fernando Viana
www.fbcriativo.org.br
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[1] Uma das ferramentas para geração de idéias, que é realizada com as seguintes regras: adiar julgamento, pegar carona, quantidade, velocidade e ousadia.
[2]  Regras: qualidade, focar no objetivo, escolher o melhor
[3] O Cérebro do Futuro – Daniel Pink – Ed. Campus, 2008.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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