Um Safári Jurídico pelo Quinto Constitucional
Queridos leitores, sabemos que o texto é longo (passei o ferido todo moldando os animais), mas convenhamos, não se analisa uma selva jurídica como essa com um simples passeio. Aqui temos uma fauna diversificada, cada um dos animais carregando sua própria personalidade marcante — e às vezes hilária — na disputa pelo cobiçado Quinto Constitucional. Do Pavão com suas penas glamorosas ao Elefante que transforma debates em aulas, passando pelo Macaco cheio de energia (e talvez faltando um pouco de foco), cada candidato é uma peça fundamental (ou pelo menos acha que é) nesse espetáculo digno de documentário.
Prepare-se para conhecer os mais vaidosos, os mais estratégicos, os mais serenos e até os mais invisíveis concorrentes. Ria, admire, e, acima de tudo, tente decidir qual animal representa o equilíbrio ideal entre ego e competência. Afinal, essa disputa não é apenas sobre quem chega ao topo, mas sobre como chega e o que faz quando está lá.
O Pavão: O Rei do Glamour Jurídico (e da Bolha Elitista)
Márcio Conrado, o Pavão, foi o primeiro a aparecer na clareira, abrindo suas penas brilhantes em um espetáculo que mais parecia um desfile de moda na savana. Cada pluma reluzia com as cores de uma aliança política cuidadosamente tecida — ou melhor, comprada em alguma loja exclusiva para aves da alta sociedade.
— Quem, além de mim, pode trazer tanta beleza, sofisticação e… influência à corte? — proclamou, girando lentamente para garantir que até os sapos do pântano vissem seu brilho.
Enquanto o Pavão se exibia, os outros animais trocavam olhares. Todos sabiam que ele tinha poderosas conexões entre as águias do tribunal e os tucanos da elite, mas também sabiam que sua preocupação com as “formigas da floresta” — os advogados da base — era, no mínimo, inexistente. Para ele, as formigas eram apenas um detalhe incômodo no caminho da sua passarela.
— Preocupado com a base? — zombou o Macaco, balançando no galho. — Só se for para posar para fotos com elas.
Mas o Pavão, com seu bico erguido, ignorou o comentário. Afinal, ele não entendia por que alguém em sua posição deveria “se rebaixar” a essas trivialidades. Ele não queria governar uma selva; queria um palco.
E assim, o Pavão continuou a desfilar, mais preocupado em conquistar aplausos das águias do tribunal do que em resolver os problemas do chão da floresta. Para ele, glamour era mais importante do que substância — e as penas sempre deveriam brilhar mais do que os resultados.
O Lobo: O Preferido da Selva (E o CEO das Alianças)
Fabiano Feitosa, o Lobo, entrou na clareira sem alarde, com a confiança de quem sabe que já está três passos à frente de todo mundo. Sua chegada era um evento discreto, mas poderoso — o tipo de presença que faz até o Pavão fechar as penas por um momento.
O Lobo farejava alianças, ajustava estratégias e organizava sua matilha como um verdadeiro CEO da selva. Nada escapava ao seu olhar atento. Ele não precisava gritar ou se exibir; seu uivo era reservado para os momentos certos, e quando vinha, era ensurdecedor.
— Um Lobo não corre sozinho, meus amigos. Eu represento força e inteligência coletiva — disse ele, com um sorriso que parecia amigável, mas tinha dentes afiados o suficiente para cortar egos inflados.
Os outros animais cochichavam, mas, honestamente, muitos já sabiam: o Lobo era o favorito para a vaga no tribunal. Ele tinha a combinação perfeita de carisma e estratégia. Enquanto o Pavão gastava tempo desfilando e a Preguiça ponderava até a próxima estação seca, o Lobo já tinha feito três reuniões, fechado acordos e garantido apoios estratégicos.
— Ele é esperto, mas será que trabalha para a floresta ou só para sua matilha? — perguntou a Jaguatirica, afiada como sempre.
O Lobo, ouvindo a crítica, apenas ergueu uma sobrancelha (ou o equivalente disso em um Lobo).
— Matilha, floresta, tanto faz. No final, quando eu estiver no topo, todos serão tratados com a dignidade da advocacia. — disse, com um sorriso calculado.
E assim era Fabiano Feitosa, o Lobo: silencioso, eficiente e sempre um passo à frente. Ele não precisava de brilho ou firulas, porque no final, todos na selva sabiam que era melhor seguir o Lobo do que ser deixado para trás.
O Elefante: A Sabedoria que Pisa (e Ensina)
E então, fazendo a selva tremer em cada passo, veio Evânio Moura, o Elefante. Sua tromba balançava com a calma de quem não tem pressa, mas sempre chega ao destino. Imponente, ele silenciou até o Pavão, que, pela primeira vez, ficou sem palavras ao ver alguém capaz de eclipsar sua teatralidade apenas por existir.
— A selva precisa de renovação — começou o Elefante, com uma voz tão grave que fez o Lobo parar de farejar por um segundo. — Mas não qualquer renovação. Renovação com sabedoria, firmeza e, claro, um pouco de memória de elefante. Direito Penal e Processual Penal? Eu ensino isso de olhos fechados. E não apenas ensino — moldo mentes.
Enquanto falava, os outros animais se entreolhavam, um misto de respeito e nervosismo. Afinal, o Elefante era conhecido por sua habilidade em explicar qualquer conceito jurídico, desde o mais simples até o mais abstrato, com a paciência de quem já viu gerações inteiras de animais passarem por suas aulas.
— Lento? — zombou o Tucano, do alto de seu galho. — Só espero que ele não tente dar uma aula antes de decidir algo, ou estaremos aqui até a próxima estação das chuvas.
O Elefante ouviu, levantou a tromba e deu uma risadinha que soou mais como um trovão.
— Ah, Tucano, enquanto você faz discursos curtos que mal arranham a casca do problema, eu mergulho fundo e resolvo. Devagar? Talvez. Mas enquanto você está debatendo o primeiro parágrafo, eu já resolvi o caso inteiro — respondeu, com um olhar professoral.
Os animais cochichavam, admirados. O Elefante não precisava de pressa. Sua presença era uma aula por si só. Até mesmo o Macaco, conhecido por sua hiperatividade, tentou sentar quieto enquanto Evânio falava. Ele tinha esse efeito: fazia a selva parar e ouvir, mesmo quando ninguém queria.
E assim era Evânio Moura, o Elefante. Imenso em conhecimento, dono de uma memória assustadora e capaz de ensinar qualquer coisa — incluindo como ser um concorrente que pisa firme, mesmo em uma floresta cheia de egos e passos apressados.
A Jaguatirica: Elegância com Garras (e Ironia)
Denise Figueiredo, a Jaguatirica, apareceu na clareira como quem não quer nada, mas deixando todos cientes de sua presença. Ela deslizou pelo centro da disputa com a precisão de quem já tinha mapeado o território inteiro antes mesmo de chegar.
— Vocês podem ser grandes, barulhentos ou cobertos de penas extravagantes — começou, com um olhar cortante para o Pavão, que imediatamente recolheu sua plumagem. — Mas ninguém supera a precisão de uma Jaguatirica. Cada movimento meu é planejado, e cada passo, certeiro.
Enquanto ela afiava as garras com calma (e estilo), os outros animais cochichavam. A Loba do vizinho bioma comentou baixinho:
— Tá, mas será que ela aguenta carregar o peso de toda a floresta política? É muito glamour e pouca carga.
Denise ouviu, claro. Afinal, uma Jaguatirica não perde nada que acontece ao redor. Com um sorriso afiado como suas garras, respondeu sem nem olhar para a intrusa:
— A força bruta é superestimada. Só quem não tem estratégia depende dela.
O Macaco não perdeu a chance de alfinetar:
— Estratégia? Jura? Porque na última reunião da selva você chegou tarde, mas com estilo. Foi o suficiente para impressionar, mas… produtividade, cadê?
Denise riu, mas foi uma risada curta, como quem diz: “Estou dando a vocês só o necessário para se sentirem importantes.” Depois, respondeu com a frieza de quem já está três jogadas à frente:
— Meu caro Macaco, alguns precisam gritar, outros precisam correr. Eu? Só preciso estar no lugar certo, na hora certa. Já viu alguma Jaguatirica errar um bote?
Os outros animais ficaram em silêncio. Afinal, Denise não era conhecida por perder. Sua elegância não era só charme — era tática. Enquanto muitos se desgastavam tentando conquistar aliados ou se exibir para a plateia, a Jaguatirica agia como sempre: silenciosa, ágil e certeira.
E assim, Denise reafirmava que, na selva jurídica, nem sempre quem faz mais barulho é quem domina. Às vezes, é quem se move com discrição e usa as garras apenas quando realmente importa.
O Tamanduá: O Metódico Caçador
Carlos Pina Jr., o Tamanduá, chegou na clareira do seu jeito de sempre: devagar, tranquilo, como quem tem todo o tempo do mundo. Com sua língua comprida e ar de quem já pensou em tudo, ele lançou um olhar estudado para os concorrentes antes de finalmente se pronunciar.
— Enquanto vocês correm atrás de barulho e aplausos, eu vou direto ao formigueiro jurídico. Paciência e estratégia vencem qualquer batalha — disse ele, com a serenidade de quem sabe que pressa é para os desesperados.
O Macaco, é claro, não perdeu a oportunidade de tirar onda. Balançando-se de galho em galho, ele soltou:
— Diretamente ao formigueiro, Tamanduá? Isso se não pararem para tirar uma soneca no caminho, né? Porque olha… sua velocidade tá dando inveja até na Preguiça! E, honestamente, “paciência e estratégia” soa muito como “demora e enrolação”.
A clareira explodiu em risadas, mas o Tamanduá, fiel ao seu estilo imperturbável, sequer piscou (se é que tamanduás piscam). Ele balançou a cabeça devagar e respondeu:
— Não se preocupe, Macaco. Enquanto você faz malabarismos para impressionar, eu já estou colhendo os frutos do meu planejamento. O problema de pular de galho em galho é que uma hora você perde o chão.
Os animais soltaram um “oohhh” coletivo, e o Macaco tentou disfarçar o desconforto com uma pirueta (que quase terminou em queda).
Enquanto o tumulto seguia, o Tamanduá voltava ao seu estado zen. Ele sabia que sua lentidão era apenas uma fachada para esconder sua precisão letal. Quando ele agisse, seria certeiro — sem desperdício de energia.
E assim, Carlos Pina Jr., o Tamanduá, mostrou que nem sempre quem chega primeiro é quem vence. No fim, é o método que faz toda a diferença, mesmo que você tenha que lidar com um Macaco engraçadinho pelo caminho.
A Coruja: A Guardiã da Sabedoria
Clara Machado, a Coruja, pousou na clareira com a calma de quem acredita ser a mais inteligente da selva. Ajustou seus óculos imaginários e lançou sua frase clássica:
— Meus caros, enquanto vocês brigam e se desgastam, eu observo. Uma Coruja sempre vê o quadro completo.
Os outros animais suspiraram. Não era segredo que a Coruja tinha uma base sólida entre os pássaros menores e um currículo acadêmico de peso, mas sua postura de superioridade começava a incomodar. Foi então que o Caçador da Floresta, entrou na conversa:
— Quadro completo, Coruja? Até parece que você não está pintando ele só com o que te favorece — disse, com um sorriso provocador. — E por falar nisso, algum dos seus artigos já desceu do galho para resolver um problema real? Ou é tudo teoria para impressionar as águias?
A Coruja, visivelmente incomodada, ajeitou as asas:
— Meu caro Caçador, diferentemente de você, minha estratégia não envolve flechas. Prefiro moldar mentes, e não alvos.
O Caçador apenas riu, dando de ombros:
— Moldar mentes? Excelente. Mas, enquanto você escreve sobre “A grandeza da Coruja”, eu caço resultados. Literalmente.
A clareira caiu na risada, e a Coruja, embora irredutível, decidiu voar de volta ao seu galho. Afinal, para ela, o silêncio da sabedoria era sempre melhor do que o barulho dos argumentos.
O Rinoceronte: O Peso Pesado
Quando Juvenal Rocha, o Rinoceronte, chegou, a floresta pareceu parar por um instante. Cada passo seu fazia o chão vibrar, mas não de medo — de respeito. Sua presença era tão sólida quanto seu legado, e ele sabia disso. Porém, diferente do que muitos esperavam, ele não usava sua força para intimidar, e sim para construir.
— Não sou de enrolar. Meu trabalho fala por mim. E se alguém me desafiar, vai levar uma chifrada… de bom senso, claro — disse ele, com um sorriso tranquilo.
Os outros animais cochicharam, mas com admiração. O Rinoceronte tinha uma habilidade única de transitar entre os veteranos da floresta e manter um diálogo aberto com todos, sempre mantendo sua integridade. Sua abordagem direta podia parecer forte demais para alguns, mas era sempre acompanhada de respeito e firmeza.
Foi então que o Pavão, sem resistir, resolveu brincar:
— Ah, Juvenal, que tal um pouco mais de leveza? Não acha que a floresta precisa mais de charme e brilho do que de chifres e pisadas firmes?
Juvenal riu, mas respondeu sem perder a compostura:
— Leveza? Pavão, eu deixo o brilho e as penas para você. Enquanto você dança, eu construo. E, sinceramente, a floresta precisa dos dois — só que em equilíbrio.
O Pavão, pego de surpresa pela elegância da resposta, apenas ajeitou suas plumas e sorriu, percebendo que Juvenal, apesar de forte, era um adversário que sabia usar palavras com tanto cuidado quanto sua força.
E assim, o Rinoceronte mostrou que, na selva jurídica, ser respeitado é mais poderoso do que apenas ser temido. Sua força estava em saber quando avançar e quando ouvir — e isso, mais do que qualquer desfile, fazia dele um verdadeiro peso pesado… no melhor dos sentidos.
A Preguiça: A Inteligência por Trás da Lerdeza
Inácio Krauss, a Preguiça, pendurado em seu galho favorito, olhou para a clareira e, como sempre, demorou alguns segundos antes de falar. Com um sorriso que parecia vir em câmera lenta, ele finalmente disse:
— Vocês chamam de lentidão. Eu chamo de foco.
Enquanto os outros animais corriam, rugiam e se alvoroçavam na disputa, a Preguiça permaneceu tranquila, ajustando-se melhor ao galho.
— Minha gestão na OAB/SE foi eficaz. Transformei desafios em oportunidades, melhorei a vida dos jovens advogados e fiz a floresta jurídica prosperar — continuou ele, com a calma de quem tem tempo de sobra.
O Pavão, sempre disposto a provocar, soltou uma risadinha debochada:
— Foco? Você chama ficar parado de foco? Porque, sinceramente, só falta você pedir um travesseiro aí nesse galho.
Antes que a Preguiça pudesse responder, o Caçador, que observava tudo de longe, entrou na conversa com sua voz cheia de ironia:
— Ei, Pavão, dá um tempo. O Krauss não tá parado, tá hibernando estrategicamente. Aposto que ele tá esperando todo mundo se cansar pra pegar a vaga sem suar — disse, rindo, enquanto ajustava seu arco.
A Preguiça, sem se apressar, levantou uma sobrancelha (ou ao menos pareceu levantar) e respondeu:
— Parado, não. Estratégico. Vocês gastam energia correndo atrás de vento. Corram à vontade. Nos vemos no topo… eventualmente.
O Caçador deu de ombros, com um sorriso afiado:
— Justo, Krauss. Mas não demora muito, viu? Ou a floresta vai precisar de um calendário só pra você.
E assim, a Preguiça, com sua calma inabalável, lembrou a todos que, na selva jurídica, mais vale um bom plano do que pressa sem direção. Enquanto isso, o Pavão ajeitava as penas e o Caçador seguia rindo, pronto para observar quem realmente chegaria lá primeiro
O Macaco: A Juventude Ágil
Getúlio Sobral, o Macaco, entrou na clareira com sua energia de sempre, balançando-se de galho em galho como se a floresta fosse seu playground pessoal. Ao chegar ao centro, fez uma pirueta digna de aplausos (ou pelo menos de um leve sorriso do Tucano).
— Sou jovem, dinâmico e capaz de dialogar com todos os animais desta floresta! — proclamou, enquanto gesticulava freneticamente.
A clareira ficou em silêncio por um momento, até que o Caçador, encostado em uma árvore com seu arco, não resistiu à provocação:
— Jovem, dinâmico e… hiperativo, né? Mas, ó, Getúlio, pra alcançar essa vaga você vai precisar de mais do que piruetas. Já pensou em sentar e ler um pouco? Quem sabe, evitar fazer só… macacada?
A floresta explodiu em risadas, enquanto o Macaco, sem perder o ritmo, rebateu:
— E quem disse que eu não leio, Caçador? Aliás, meu dinamismo é tão grande que consigo ler enquanto balanço nos galhos. Já você, tá sempre parado, só observando.
O Caçador riu, com a calma de quem sabia que não precisava provar nada:
— Ler enquanto balança? Interessante. Mas cuidado pra não confundir “movimento” com “progresso”. A vaga não vai pro mais agitado, mas pro mais preparado.
Os veteranos, que já murmuravam sobre a necessidade de mais estratégia no jovem Macaco, assentiram em silêncio. Getúlio, no entanto, fez mais uma pirueta e completou:
— Preparado eu tô. Só falta a floresta perceber que agilidade é tão importante quanto qualquer outro talento aqui.
O Caçador deu de ombros, deixando no ar sua última provocação:
— Só espero que o próximo galho que você pegue não seja frágil demais. Porque, meu amigo, nessa floresta, quem cai não volta pro topo tão fácil.
E assim, o Macaco continuou a ser o símbolo da juventude e energia na disputa, enquanto o Caçador seguia no seu canto, sempre atento e com suas alfinetadas precisas. Afinal, na selva jurídica, agilidade é boa — mas estratégia sempre vence o dia.
O Leopardo Invisível: A Sombra da Competição
Edem Augusto Pimentel, o Leopardo Invisível, surgiu como quem não queria nada, espreitando à distância, sem fazer barulho. Ele se movimentava como uma sombra, observando cada detalhe sem se revelar. Quando finalmente decidiu falar, sua voz era baixa, quase um sussurro:
— Não é porque estou quieto que não estou preparado. Às vezes, o melhor ataque é o invisível.
E antes que alguém pudesse responder, ele desapareceu novamente na mata, deixando um mistério no ar. Os outros animais trocaram olhares intrigados, enquanto o Pavão, é claro, não podia deixar essa passar.
— Invisível, é? — disse o Pavão, ajeitando suas penas brilhantes. — Querido Leopardo, desculpe, mas na selva jurídica ser invisível é o mesmo que ser irrelevante. Como você espera impressionar as águias do tribunal se ninguém sequer sabe que você existe?
A clareira explodiu em risadas. O Tucano tentou abafar um sorriso, e até a Preguiça levantou uma sobrancelha. Mas o Leopardo, ainda escondido, não se abalou. Sua voz ecoou de algum lugar na floresta:
— Pavão, enquanto você brilha e se expõe, eu me preparo. Lembre-se, quem é visto demais também vira alvo.
O Pavão, fingindo-se desinteressado, bufou:
— Alvo? Meu caro, eu sou o desfile, o espetáculo! Quem precisa de mistério quando se tem presença?
E assim, o Leopardo manteve sua aura enigmática, enquanto o Pavão continuava desfilando seu ego pela clareira. Os outros animais apenas esperavam para ver se o ataque invisível do Leopardo seria tão eficaz quanto ele prometia ou se o Pavão, com toda sua teatralidade, continuaria roubando a cena. Afinal, na selva jurídica, tanto quem brilha quanto quem espreita pode ser perigoso — só depende de quem joga melhor suas cartas.
A Cabra: A Resiliente Montanhista
Tatiana Silvestre, a Cabra, chegou à clareira com passos firmes e controlados, como quem já sabia que nenhuma montanha era grande demais para ela. Sem floreios ou discursos exagerados, apontou para o topo da colina onde ficava o Conselho e declarou:
— A montanha é íngreme, mas já enfrentei desafios maiores. Quem tenta me parar, fica para trás.
Os outros animais cochichavam, admirados com sua confiança. Mas, no meio deles, a Cutia, sempre ágil e cheia de energia, não deixou passar a chance de provocar:
— Montanha, Cabra? Isso aí é coisa do passado! Eu faço atalhos. Enquanto você escala devagarzinho, eu já dei a volta na montanha e tô lá no topo, descansando e comendo minha folhagem.
A Cabra, sem perder o ritmo, virou-se para a Cutia com um sorriso que dizia “tente mais”:
— Ah, Cutia, isso explica por que você sempre tá com pressa… pra comer e voltar pro mesmo lugar. Atalhos não levam longe. Eu subo com firmeza, e quando chego, ninguém me tira.
A clareira caiu na risada, mas a Cutia não se intimidou. Com um pulo rápido, foi para outro galho e retrucou:
— Firmeza, né? Vamos ver se você não cansa antes de chegar lá. Eu sou rápida porque sei que a selva não espera por quem anda devagar.
A Cabra, ainda focada na montanha, respondeu com tranquilidade:
— Cutia, rapidez sem direção é só correria. E vamos ser sinceros, ninguém vai te dar a vaga só porque você chegou sem fôlego primeiro.
As risadas ecoaram novamente, enquanto a Cutia fazia cara de quem tinha mais uma resposta pronta, mas optou por mordiscar um galho em vez disso.
E assim, a Cabra e a Cutia mostraram que, na selva jurídica, havia espaço para quem escalava devagar e para quem corria rápido. O verdadeiro desafio seria ver quem chegava ao topo… e ficava lá.
O Tucano: A Elegância Equilibrada
Victor Barreto, o Tucano, pousou em um galho próximo com a precisão de quem acha que o mundo inteiro precisa admirá-lo. Ajustou seu bico com um toque dramático e, com a postura impecável de quem frequenta apenas os galhos mais altos, anunciou:
— A floresta precisa de equilíbrio e técnica. Meu bico afiado simboliza a precisão que levarei ao tribunal.
Os outros animais, já acostumados com a postura altiva do Tucano, balançaram a cabeça. Era inegável que ele tinha calma e eloquência, mas os cochichos começaram a circular. Muitos já comentavam que, assim como o Pavão, o Tucano parecia mais preocupado com a aprovação das águias nos galhos de cima do que com os problemas das formigas lá embaixo.
Foi aí que a Coruja, com seus olhos brilhantes e sempre disposta a um debate, alfinetou:
— Ah, Tucano, tão técnico, tão equilibrado… mas me diga: equilíbrio é não se envolver com o chão da floresta? Porque, até agora, sua precisão parece ótima para escolher os melhores galhos — e não muito mais do que isso.
O Tucano, com seu ar superior, inclinou o bico em direção à Coruja:
— E você, Coruja? Fica no mesmo galho escrevendo seus artigos enquanto eu, pelo menos, voo por toda a floresta, analisando tudo. Não confunda altitude com distância.
A Coruja deu uma risadinha afiada:
— Ah, claro, voo por toda a floresta… entre os galhos mais elitizados, onde ninguém tem problemas reais. Porque, veja bem, Tucano, não é voando alto que se conhece o chão. Aliás, já resolveu alguma coisa por aqui ou tá só colecionando elogios dos galhos de cima, como o Pavão?
Os outros animais soltaram um “Oooh!” coletivo, enquanto o Tucano ajeitava o bico, tentando manter a pose. Ele, claro, não se deixaria abater:
— Querida Coruja, eu trabalho com precisão, não com barulho. E o que você chama de elitizado, eu chamo de visão estratégica. Se você acha que isso é ruim, talvez precise ajustar suas lentes.
A clareira caiu na risada, enquanto a Coruja, com um brilho nos olhos, murmurava para si mesma:
— Estratégico ou não, ele esqueceu que na selva jurídica, quem não conhece o chão acaba caindo nele.
E assim, o Tucano e a Coruja continuaram seu duelo de palavras, enquanto os outros animais observavam quem realmente saberia descer dos galhos mais altos para resolver os problemas da floresta… ou se ambos ficariam confortáveis demais nas alturas.
A Cutia: A Pequena Gigante
Carla Caroline, a Cutia, entrou na clareira a toda velocidade, correndo de um lado para o outro como se a selva inteira estivesse atrasada para algo importante. Parou para mordiscar um galho e, com o peito cheio de orgulho, declarou:
— Sou pequena, mas extremamente ágil. Enquanto vocês discutem sobre o Quinto Constitucional, eu já estou três passos à frente, pronta pra conquistar meu lugar!
Os animais maiores riram baixinho, mas ninguém podia negar que a Cutia era cheia de energia e surpresa. Foi então que Tatiana Silvestre, a Cabra, que observava tudo do alto, resolveu dar sua alfinetada, com a tranquilidade de quem não perde o equilíbrio nem em terrenos escorregadios.
— Três passos à frente, Cutia? — começou a Cabra, com um sorriso provocador. — Pelo que eu vejo, você corre muito, mas parece que sempre termina no mesmo lugar. Agilidade é ótima, mas no Quinto Constitucional o topo não é pra quem só dá voltas.
A Cutia, ainda mordendo o galho, rebateu rapidamente:
— Ah, Cabra, enquanto você escala sua montanha devagar, eu já explorei tudo ao redor. Você vai chegar lá, mas eu já conheço todos os caminhos.
A Cabra soltou uma risadinha calma, ajustou os cascos e respondeu com firmeza:
— Explorar? Pode até ser, mas de que adianta conhecer os atalhos se você nunca para pra construir nada sólido? No Quinto Constitucional, não basta correr; é preciso saber aonde quer chegar e, principalmente, como se manter lá.
A Cutia, ligeiramente irritada, tentou disparar mais uma:
— Pelo menos eu não fico presa numa montanha, subindo devagar! Sou livre pra ir onde quiser, e é isso que me faz diferente.
A Cabra, com um olhar de quem já ouviu todas as desculpas possíveis, finalizou com elegância:
— Livre, Cutia? Pode ser. Mas o Quinto Constitucional não é sobre quem corre mais, e sim sobre quem sabe pisar firme. Enquanto você desvia, eu subo. E quando eu chegar ao topo, vai ser para ficar.
A clareira explodiu em risadas e cochichos, enquanto a Cutia, ágil como sempre, se retirava rapidamente — talvez para pensar em como direcionar sua energia. A Cabra, por sua vez, seguiu firme e concentrada, mostrando que, na selva jurídica, o Quinto Constitucional não é para os que correm em círculos, mas para os que sabem escalar com propósito e consistência.
O Caçador da Floresta e a Disputa (Cômica) pelo Quinto Constitucional
Carlos Augusto Monteiro, o Caçador da Floresta, chegou à clareira com a confiança de quem já conhece cada atalho, armadilha e esconderijo. Sem metáforas ou firulas, ele era um predador nato, mas com o charme de quem sabia que inteligência valia mais do que força.
— Enquanto vocês escolhem símbolos, eu escolho estratégias. Já passei por essa selva antes e sei exatamente onde pisar — declarou, lançando um olhar direto ao Pavão, ao Lobo e ao Elefante.
Mas antes que o silêncio pudesse se instalar, o Pavão, com suas penas impecáveis, abriu o bico:
— Estratégias? Meu caro Caçador, se você conhece tanto a selva, então sabe que a única escolha sensata é apoiar a minha candidatura ao Quinto Constitucional. Afinal, quem melhor do que eu para deslumbrar o tribunal com charme, elegância e… bom, eu mesmo?
O Caçador ergueu uma sobrancelha, claramente se divertindo, mas antes que pudesse responder, a Raposa, sempre sarcástica, se intrometeu:
— Ah, Pavão, claro que todos vamos apoiar você. Afinal, o tribunal precisa mesmo de alguém que gaste mais tempo desfilando do que resolvendo problemas. Acho que o Quinto Constitucional tem até um espelho esperando por você no gabinete.
A clareira explodiu em risadas, mas o Macaco, como sempre, não deixou a chance passar:
— Apoiar o Pavão? Só se for pra organizar uma campanha de moda no tribunal! E olha, Pavão, cuidado pra não escorregar nas suas próprias penas enquanto tenta brilhar mais do que a justiça.
O Pavão, fingindo que não se abalava, estufou o peito:
— Meu brilho é um serviço público, queridos. Vocês podem rir, mas sabem que meu talento para impressionar é exatamente o que o tribunal precisa. E, sinceramente, vocês todos deveriam estar ao meu lado, porque ninguém quer um tribunal sem glamour.
Enquanto o Pavão tentava recuperar o controle da conversa, o Caçador, com sua calma característica, finalmente interveio:
— Pavão, enquanto você cobra fidelidade e faz pose, eu estou aqui fazendo alianças reais. O Quinto Constitucional não é passarela, é campo de batalha. Pode continuar desfilando; no final, quem sabe pisar firme sempre chega mais longe.
A clareira explodiu novamente em risadas, e o Pavão, embora sem perder a pose, virou as costas com um ar de desdém teatral. A Raposa piscou para o Macaco, que balançava de galho em galho cantando:
— Desfile, Pavão! A justiça adora uma pluma bem alinhada!
E assim, a disputa pelo Quinto Constitucional seguia com provocações, ironias e egos inflados, enquanto o Caçador, experiente e estratégico, continuava a observar tudo com a precisão de quem sabia exatamente onde — e quando — agir.
No fim, a selva jurídica nos mostrou que cada candidato traz um pouco de si — às vezes em excesso. O Pavão, com sua paixão por aplausos; o Lobo, sempre à frente do jogo; o Elefante, calmo, mas imponente; e até o Macaco, provando que mesmo quem faz “macacadas” pode ter seu lugar. O que aprendemos? Que no Quinto Constitucional, não basta brilhar como o Pavão ou ser ágil como a Cutia. É preciso ter a sabedoria da Coruja, a estratégia do Tamanduá, e talvez até a resiliência da Cabra para realmente marcar a floresta.
Quem será escolhido? Só o tempo — e um bocado de articulação — dirão. Enquanto isso, seguimos observando essa competição digna de uma crônica, com cada animal contribuindo para o humor e a seriedade da selva. Afinal, o Quinto Constitucional não é para amadores; é para quem sabe se adaptar, seja voando, escalando ou simplesmente planejando no ritmo da Preguiça.