A eleição para a presidência da OAB/SE reflete um cenário de fragmentação interna, que favorece diretamente a continuidade do atual presidente Daniel Costa no poder. A fábula do Leão Astuto e os Ratos Divididos ilustra essa realidade, onde a oposição, desunida, enfraquece suas chances enquanto o leão usa táticas para consolidar seu domínio.
Cada personagem da fábula representa as chapas reais em disputa. Sem uma aliança forte e coesa, o resultado será previsível: a falta de união deixará mais uma vez o leão no comando e a desejada renovação ficará apenas no campo da fantasia.
Fábula
Numa floresta cheia de leis, intrigas e promessas vazias, reinava o leão astuto Costa que, apesar de sua liderança estagnada, dominava a selva com táticas habilidosas. Quando percebia o descontentamento entre os pequenos animais, o leão agia rapidamente: dobrava o número de comissões de coelhos jovens, oferecendo-lhes cargos e pequenas recompensas. Assim, ele atraía os animais mais inexperientes, mantendo sua base de apoio e o controle sobre a floresta.
Em meio ao descontentamento, surgiu um rato audacioso chamado Abes, que prometia renovar a selva. Com discursos inspiradores, Abes afirmava que a hora da mudança havia chegado e que os pequenos animais poderiam, finalmente, romper o domínio do leão Daniel. Mesmo após ser convidado para ser juiz na caverna dos juízes, ele insistia que seu foco estava na liderança da floresta. No entanto, apesar de sua coragem e vontade de unir os ratos e outros pequenos animais em torno de uma aliança sólida, a divisão interna foi maior do que sua capacidade de liderança. Cada animal lutava por seu próprio pedaço de queijo, e a esperada união não se concretizou. Desmotivado, Abes anunciou sua desistência no programa do papagaio Narcísio, surpreendendo e frustrando seus seguidores.
Com a retirada de Abes, o tigre Roberti entrou em cena, tentando ocupar o espaço deixado pelo rato. Roberti tinha um rugido poderoso e buscou unir os animais em torno de seu nome, assim como Abes havia tentado. Porém, a selva dividida e os interesses conflitantes dos pequenos animais dificultaram a formação de uma aliança verdadeira. Mesmo assim, o tigre decidiu ir para o combate com bravura, desafiando o leão em uma disputa de grande monta. Apesar de sua coragem, ele não conseguiu vencer o jogo do poder que mantinha o leão no trono.
Ao mesmo tempo, a lebre Ana, conhecida por sua sabedoria e personalidade forte, também tentou desafiar o leão. Ana, que já havia sido vice-rei da selva em gestões passadas, usou sua experiência e promessas de ética e seriedade para atrair os animais cansados das antigas práticas do leão Costa. No entanto, suas alianças com as velhas raposas da floresta levantaram dúvidas sobre sua capacidade de realmente trazer a mudança esperada. Apesar de sua determinação e combatividade, a lebre Ana não conseguiu abalar o domínio de Costa, que mantinha seu poder com habilidade e estratégias astutas.
Entre os desafiantes também estava a coruja Clara, que, diferente dos demais, não tinha experiência nas batalhas da selva. Clara era uma acadêmica dedicada, mais focada no estudo das leis do bosque do que na luta diária pelo poder. Ela entrou na corrida acreditando que seu conhecimento teórico poderia transformar a floresta, mas logo percebeu que, na selva do poder, as boas intenções não são suficientes. Sem uma base forte e sem habilidade para enfrentar as feras mais experientes, Clara acabou sendo mais uma tentativa frustrada de recuperação de antigos grupos de poder.
Moral da Fábula
A lição desta fábula é simples e implacável: na política da OAB/SE, coragem e boas intenções não bastam sem uma verdadeira união dos pequenos animais. Tanto Abes quanto Roberti tentaram, com bravura, desafiar o leão Costa, mas suas tentativas foram frustradas pela fragmentação da selva. A lebre Ana, mesmo com sua experiência como vice-rei, não conseguiu superar as artimanhas do leão, que conhecia cada detalhe do jogo político. A coruja Clara, com seu idealismo acadêmico, não conseguiu traduzir suas ideias em força prática, sucumbindo ao mesmo ciclo de manipulação que há anos desilude a floresta.
Enquanto os pequenos animais não entenderem que a união é a única força capaz de romper o domínio do leão, a selva permanecerá nas mãos de quem conhece melhor as regras do poder e sabe manipular a divisão dos adversários. O leão, mais uma vez, segue no trono não por mérito, mas por astúcia – e a selva, como sempre, fica à mercê de interesses pessoais e jogos de poder.