Amor, paixão, ódio e traições em Socorro

Data Vênia

* Fausto Leite

Amor, paixão, ódio e traições em Socorro

A política de Socorro não tem uma fórmula exata. Os padrões se renovam a cada pleito eleitoral. Muito dessa montanha russa política decorre da origem plural de seus moradores, que não espelham os interesses dos legítimos socorrenses. Essa mistura rende muitas emoções nas urnas da cidade e incita paixões, ódio e traições em seus bastidores. Definitivamente, não temos em Socorro o bairrismo de Itabaiana ou de Lagarto, mesmo sendo o município mais importante de Sergipe.

Lembro que Socorro “pariu” o prefeito da Bahia (Frei Edson Luís), o prefeito de Areia Branca (Zé Franco), o prefeito das Alagoas (Padre Inaldo), o prefeito de Simão Dias (Fábio Henrique) e um único filho da terra à frente do Executivo Municipal, Tonho da Caixa, cuja administração foi considerada sofrível. Essa característica sempre despertou o interesse dos políticos “forasteiros”. Seguindo essa “onda”,já ensaiam disputar as próximas eleições em Socorro, Valmir de Francisquinho (Itabaiana), Yandra de André (Aracaju) e outros.

Uma curiosidade é que todos os socorrenses consideram-se lideranças políticas locais e, com o apoio das mídias sociais, a toda hora arriscam palpites sobre o próximo mandatário municipal. Para se ter uma ideia, os grupos “Socorro Notícias” e “Gazeta de Socorro” reuniram nesta semana mais de 50 prefeituráveis, dentre eles meu amigo Alex Gordo. Pasmem!!!

De acordo com as manifestações dos grupos – “Socorro Notícias” e “Gazeta de Socorro” é fácil chegar à conclusão que Fábio Henrique foi o melhor prefeito de Socorro nos últimos anos, superando Zé Franco. Deixemos claro que o governo do Pe. Inaldo não foi avaliado, podendo ser considerado, ao término do seu mandato, o melhor dos últimos 20 anos, bastando-lhe apenas alguns ajustes.

Deixando de lado essa avaliação, o conceito de Fábio Henrique é resultado de longo plantio político. Em seu primeiro mandato em 2008, Fábio Henrique cumpriu seu dever de casa: manteve uma administração popular, valorizava seus “gurus” políticos como Zé Franco, cercou-se de lideranças locais e ainda mantinha seu programa de rádio, levado nas costas pelo saudoso Jason Neto.

Todavia, em 2010, Fábio resolveu mudar seu projeto de liderança que poderia levá-lo ao Palácio Olímpio Campos em 2022, para dar início ao projeto pessoal/familiar, quando elegeu sua esposa, Silvinha Fontes, para a Assembleia Legislativa. Em 2012 reelegeu-se como Prefeito de Socorro e, por tabela, elegeu o irmão Adilson Júnior, vice-prefeito de São Cristóvão. Em 2016, praticamente deixou às soltas as eleições de Socorro, entregando o mandato ao Pe. Inaldo sob a perspectiva de voltar ao cargo municipal como o “Salvador de Socorro”. Ledo engano. Em 2018, elegeu-se deputado federal depois de romper com o governo Belivaldo, indo para os braços dos Valadares (foi sua maior jogada). Em 2020, amargou sua primeira derrota, ficando em terceiro lugar nas eleições municipais socorrenses, perdendo até pra o neófito deputado Samuel Carvalho. Em 2022, não conseguiu reeleger-se deputado federal, ficando como 1º Suplente do partido.

Três novos acontecimentos envolvendo Fábio Henrique essa semana fizeram eclodir, dentre as lideranças políticas locais, a máxima de que Fábio está colhendo o que plantou:

  1. A ruptura da aliança política com Samuel Carvalho. Parafraseando a Bíblia, Samuel 7:12 “… então Samuel pegou uma pedra e a ergueu entre Mispá e Sem; e deu-lhe o nome de Ebenézer, dizendo: “Até aqui o Senhor nos ajudou”. À luz dessa passagem bíblica, declarou Samuel Carvalho: “… Fábio Henrique já deu sua contribuição para Socorro. É preciso renovar … o tempo de Fábio Henrique na prefeitura de Socorro já passou…”. Fábio Henrique foi crucial para reeleição de Samuel Carvalho (“Até aqui o Senhor nos ajudou”.), mas já era previsto que na primeira oportunidade a aliança Fábio e Samuel seria rompida.

  1. Pronunciamento de Kleverton Siqueira: “Conversamos com Fábio Henrique, mas o PT terá candidato próprio. Caso queira venha se somar ao grupo”. Siqueira foi um dos mais importantes e prestigiados secretários de Fábio Henrique. Dizem até que existem dois Siqueiras: um antes de FH e outro depois. Kleverton, com seu jeito popular, virou celebridade quando foi indicado para vice na chapa de Zé Franco. Em 2020, foi candidato a prefeito de Socorro e obteve 4.253 votos, suficientes para a vitória de Fábio Henrique no último pleito. A criatura voltou-se contra o criador.

  1. Rasteira do vereador Felipe Eliel. Felipe foi office boy de Fábio Henrique, quando este era vereador de Aracaju. Depois secretário de importantes pastas da administração de Fábio. Mesmo assim, o vereador cedeu aos encantos do prefeito Pe. Inaldo em 2020, e já ensaia possível candidatura à prefeitura de de Socorro.

Resta a Fábio Henrique uma sincera reflexão política e a retomada dos seus verdadeiros parceiros de vida pública, resgatando assim sua identidade e crédito popular. Certamente, Fábio ainda goza da simpatia de um considerável colégio eleitoral em Socorro e tem muito a agregar nas campanhas daquele município, falta-lhe apenas um bom grupamento. Quem sabe aceitar ser o vice de Yandra e articular as lideranças locais em prol de um Novo Socorro o colocaria de volta ao cenário público, agora mais experiente e preparado para trilhar os desafios da política moderna.

Miúdas

FÁBIO MITIERI. O governador Fábio Mitidieri, que torce para os times do Confiança e do Botafogo, esteve no Batistão no último dia 02 para assistir ao jogo do Sergipe x Botafogo, tendo sido muito bem recebido pelo torcida colorada. Foi com uma camisa branca evitando assim qualquer tipo de descortesia com os torcedores do Sergipe. Corajosamente demonstrou sua revolta ao afirmar que o futebol sergipano foi lesado pela arbitragem. Mais uma vez mostrou aos sergipanos serenidade para tratar assuntos polêmicos sem muito populismo.

CASSADOS. Recentemente o TSE cassou o mandato de quatro vereadores sergipanos por fraude à cota de gênero nas eleições 2020, sendo dois do Partido Avante de Nossa Senhora do Socorro (Pastor Joanan e Pastor Robson) e os outros dois do PT de Maruim (Ney Maruim e Lobedo). Estão na marca do pênalti mais 2 vereadores do PP de Socorro (Elmo Paixão e Felipe Eliel). Em ambos os casos, o Tribunal reconheceu a figuração de nomes femininos apenas para preencher a chamada cota de gênero dos partidos, sem qualquer atuação como candidatas. Esses inusitados casos deve-se à irresponsabilidade dos presidentes de partidos políticos que não encontram limites para driblar a legislação.

PARTIDO DOS TRABALHADORES. O ministro Márcio Macedo deve ser o escolhido do PT para disputar à prefeitura de Aracaju em 2024, graças à proximidade com o presidente Lula, pelo bom trânsito junto aos militantes do partido e à amizade que nutre com Eliane Aquino. Ao contrário, o senador Rogério Carvalho, que não é bem visto pelos pares da sigla, precisa entrar de corpo e alma nas eleições de Márcio para não dividir a chapa de senador com o ministro.

ALESSANDRO VIEIRA. O senador mais uma vez atirou no próprio pé ao defender o ministro Fernando Haddad quanto ao aumento dos combustíveis, com isso aumentou mais ainda o número de sergipanos arrependidos pelo voto dado ao Delegado Vieira.

DISPUTA DO MDB. O MDB sergipano continua órfão, muito embora muitos políticos procuram sua adoção. Marcos Franco, Luciano Bispo e Jeferson Andrade disputam a presidência do partido, mas ainda não há uma definição concreta. Quem ensaiou a volta para o MDB foi Sérgio Reis, que logo foi convencido pelo governador Fábio Mitidieri a continuar no PSD.

REPUBLICANOS. Já no Republicanos o clima é de muito amor; o objetivo principal é o fortalecimento da sigla no estado. Possivelmente o deputado Gustinho Ribeiro assuma nos próximos meses o comando estadual da sigla, com a finalidade de fortalecer o partido no interior do Estado com a formação de Comissões Provisórias no interior e eleger um maior número de prefeitos e vereadores em 2024.

UNIÃO BRASIL. Existe a possibilidade do ex-deputado André Moura perder a direção do Partido União Brasil para o senador Laércio Oliveira (PP), graças à fusão dos dois partidos. Não porque André não seja capaz de presidir a sigla, mas sim porque um senador da república tem a preferência de comandar a sigla em seu Estado.

MUDANÇAS DE SECRETARIADO. O prefeito Edvaldo Nogueira depois das merecidas férias retorna à chefia do executivo municipal. Comenta-se que os dias de descanso serviram de para uma autoanálise de sua gestão. Aliados mais próximos dizem que há uma forte probabilidade de mudanças do secretariado para impulsionar ainda mais a administração da capital.

AUDIÊNCIAS PRESENCIAIS. Muitos advogados têm reclamado da volta das audiências presenciais no interior do Estado, principalmente as audiências de conciliação. O fim da advocacia remota é um retrocesso para a categoria, que tem uma agenda corrida de compromissos e prazos processuais para cumprir. Fica aqui a dica para a presidência da Ordem. As audiências virtuais além de eficazes foram incorporadas à rotina dos militantes da advocacia, devendo a OAB subscrever essa causa junto ao TJ/SE. Os Juizados Especiais já sinalizaram a possibilidade de audiência “100% digital”.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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