“Déjà vu”, “eu já vi” e a teoria das confabulações

FAUSTO LEITE

“Déjà vu”, “eu já vi” e a teoria das confabulações

Instituições e poderes constituídos sergipanos vem despertando na população um fenômeno intrigante, uma espécie de “déjà vu”, aquela sensação nítida de que determinada experiência ou sensação não é tão surpreendente e original quanto deveria ser, com forte e inegável veste do passado. Digo isso agora quando me refiro aos bastidores e conspirações políticas no âmbito das organizações políticas de estado. Estratégias, alianças, golpes e conchavos podem até parecer novos, mas na verdade trazem à tona relações de poder de grupos sócio-políticos, parentes vizinhos e afins, com um tom especialmente provinciano, fiel ao estilo de Sergipe Del Rei. Em todos os cantos do poder, caciques institucionais criam seus tabuleiros de xadrez e suas próprias regras do jogo, ganha quem se mantém ou se estabelece no poder, ganham também toda a galera dos bastidores, que demonstram prestígio e destreza na arte de confabular.

No Executivo, apenas nos seis primeiros meses, já presenciamos dois “déjà vus”. Na verdade duas pedras cantadas, há tempos na boca do povo. O primeiro foi a presidência da Alese entregue ao deputado Jeferson Andrade. Nada mais justo. Jeferson está em seu terceiro mandato e seu pai, o Conselheiro Ulisses Andrade, era o preferido dos sergipanos para disputar o governo. Logo, o acordo para que Ulisses continuasse no TCE seria a presidência da ALESE, fato assimilado com muita naturalidade e sem objeções dos deputados eleitos.

O segundo, muito mais rápido do que se esperava, aconteceu no início do mês de maio, quando da indicação e consequente nomeação do advogado José Carlos Felizola, genro de Belivaldo, para o TCE. Fruto de mais um acordo, a disputada cadeira foi prometida ao ex-governador em campanha política. Nas duas situações o governador Fábio Mitidieri provou ser um homem de palavra.

Nas eleições da OAB/SE, sentimos falta de nomes mais proeminentes e representativos na disputa de cargos da briosa instituição. Mais uma vez a estratégia, os interesses e as conversas de bastidores deram o tom da campanha. Não fosse isso, teríamos mais efusivos e independentes nomes motivados ao pleito, não se questionando aqui, e que fique claro, o talento profissional do jovem eleito.

Outra verdade é que os marechais dos grandes escritórios estão de olho nas vagas dos Tribunais que deverão aparecer. Aqui me recordo do sonoro sobrenome familiar que fez carreira na OAB sergipana e emplacou parentes em Tribunais Superiores, passando por cima da indicação do então governador Marcelo Déda, que teve preterido o nome do seu cunhado Edson Ulisses.

Vivenciaremos assim outro “déjà vu” para a vaga do desembargador Edson Ulisses de Melo que completa 75 anos no próximo dia 24 de agosto. Nos bastidores e corredores da Ordem, como diz o grande criminalista Antônio Correia de Mattos, se apresentam como “desembargadáveis”: Márcio Conrado, Cristiano Barreto, Evânio Moura, Carlos Augusto Monteiro, Lenora Assis, Teresa Cachico, Cristiano Cabral, América Benjain, Henry Clay, Fabiano Feitosa, Maria da Purificação (Purinha), Inácio Krauss e mais pelo menos uma dúzia de outros nomes que pretendem chegar ao Palácio de Justiça Tobias Barreto de Menezes, através do Quinto Constitucional.

À guiza das articulações e falsetes, o Conselho Seccional da OAB/SE terá em mãos a lista sêxtupla dos advogados habilitados no respectivo processo seletivo rumo a uma cadeira vitalícia do TJSE. A Casa da Democracia ganhará especial proeminência na condução desse certame, sendo responsável pela primeira e mais importante peneira dessa disputa de gente grande, ficando a decisão final na mão do nosso governador e chefe político Mitidieri. É lógico que nesse caso o trabalho de bastidor é muito mais complexo pois há nomes que não podem faltar e tudo tem que ficar combinado em três esferas de poder, pelos quais são submetidas a “lista”.

Da mesma forma o Ministério Público se articula para outra vaga do mesmo quinto constitucional, fruto da aposentadoria de Luís Mendonça. Muito embora LM só complete 75 anos em dezembro de 2024, sua cadeira já vem despertando o imaginário de muitos Ministeriais e haja bastidor.

Plagiando novamente o advogado Correia Matos, os possíveis “desembargadáveis” do MP são: Jorge Murilo, Carlos Augusto Alcântara, Etélio Prado, Bruno Melo, João Rodrigues, Fábio Viegas, Cecília Nogueira e mais uma dúzia de nomes. Por outro lado, existe um grupo de promotores de primeira linha que tem serviços prestados à sociedade sergipana, não cogitados nos burburinhos, igualmente oportunos à vaga constitucional como: Euza Missano, Henrique Cardoso, Deijaniro Jonas, Felix Carballal, Paulo José Filho, Ricardo Souza Sobral, Gilton Feitosa, Luís Fausto Valois, Lenilde Nascimento Araújo, Maria Helena Sanhes Lisboa, Sandro Luiz Costa, Verônica Lazar, Orlando Rochadel, Jarbas Adelino, Eduardo Mattos, Renato Vieira e outros.

A novela parece conhecida, mas aguardemos as cenas dos próximos capítulos!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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