As eleições para a presidência da OAB/SE, marcadas para 19 de novembro de 2024, representam um momento decisivo para a advocacia sergipana. Neste pleito, é fundamental que cada advogado analise criteriosamente os currículos dos candidatos antes de definir seu voto. Embora as pesquisas mais recentes apontem para a possível recondução do atual presidente, Daniel Alves, o cenário permanece incerto, com um número significativo de advogados ainda indecisos. Além disso, mesmo com a oposição dividida, a escolha dos eleitores pode ser influenciada por propostas de renovação e mudança.
Neste contexto, conhecer a trajetória e as propostas de cada candidato é essencial para garantir que a Ordem seja conduzida por um líder que verdadeiramente represente os interesses e as necessidades da classe. As diferenças entre as candidaturas vão além dos discursos; estão também nas experiências profissionais, no compromisso com a advocacia e na visão de futuro para a OAB/SE. Portanto, este é o momento de avaliar cuidadosamente os perfis, as ideias e os planos de cada candidato, assegurando que a escolha seja feita de forma consciente e voltada para o fortalecimento da advocacia sergipana.
Eduardo Torres Roberti, Clara Machado, Daniel Alves e Ana Lúcia representam não apenas trajetórias diferentes, mas também visões distintas para o futuro da advocacia sergipana. Vamos analisar o confronto de ideias e o que cada candidato traz à mesa.
Eduardo Torres Roberti (Chapa 01): A Voz da Representatividade
Roberti é advogado com mais de 20 anos de atuação e professor universitário. Sua candidatura enfatiza a necessidade de uma OAB voltada para a inclusão e fortalecimento dos advogados em início de carreira. Propõe apoio à criação de escritórios, capacitação contínua e consultoria jurídica, posicionando-se como um defensor da “representatividade” e do resgate da advocacia sergipana. Sua abordagem busca romper com o status quo, prometendo inovação tecnológica e maior participação social da OAB em temas que impactam a sociedade.
No embate das ideias, Eduardo aposta na reconstrução da OAB como entidade representativa e no enfrentamento dos desafios da profissão, indo além das iniciativas já conhecidas. Sua proposta de criar uma estrutura mais acessível para jovens advogados.
Daniel Alves Alves(Chapa 02): A Continuidade com Expansão
Daniel Alves, atual presidente da OAB/SE, busca a reeleição para dar continuidade às ações iniciadas em sua gestão. Ele traz à tona o trabalho de modernização administrativa, a construção de novas sedes para advogados do interior e a implementação de políticas de proteção às mulheres advogadas, como o Protocolo Unificado de Combate à Violência e a criação da Procuradoria Especial da Mulher. Daniel apresenta-se como um candidato de “continuidade aprimorada”, comprometido em aprofundar as políticas de interiorização e inovação tecnológica na OAB.
No embate com os demais candidatos, argumenta que sua gestão já implementou mudanças significativas e que há projetos em curso que não podem ser interrompidos. Foca na eficácia de suas realizações e na necessidade de uma gestão que mantenha o que foi conquistado. Porém, seu discurso de continuidade pode encontrar resistência entre os que buscam uma mudança mais radical e reformas estruturais mais rápidas.
Ana Lúcia Dantas Souza Aguiar (Chapa 03): A Líder Inclusiva e de Base
Ana Lúcia tem uma longa trajetória na advocacia sergipana, já tendo ocupado cargos de destaque na OAB/SE, como vice-presidente e Presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de Sergipe (CAASE). Ela aposta em uma campanha baseada na inclusão, na igualdade de gênero e na ampliação de benefícios concretos para os advogados, especialmente para os mais vulneráveis. Foca na devolução do valor da anuidade em forma de serviços tangíveis e na integração entre jovens e experientes advogados.
Ana Lúcia se destaca ao propor uma liderança mais empática, prometendo uma OAB “da advocacia para a advocacia”. Ela enfrenta seus concorrentes ao questionar a falta de políticas de integração mais efetivas e de medidas práticas para devolver o investimento feito pelos advogados na Ordem. Sua candidatura é marcada por um discurso mais emocional e pelo compromisso com o fortalecimento das bases da advocacia.
Clara Cardoso Machado Jaborandy (Chapa 05): A Acadêmica da Modernização
Clara possui um forte perfil acadêmico, com doutorado e mestrado pela UFBA e ampla experiência no ensino de Direitos Humanos. Sua candidatura propõe uma gestão descentralizada e democrática, centrada no advogado, com foco em governança, compliance e transparência. Clara se inspira em práticas de sucesso, como o programa “Anuidade de Volta” da OAB São Paulo, e prioriza a inclusão de jovens advogados e o protagonismo no debate público.
Diferenciando-se de seus concorrentes, ao defender uma OAB mais ativa no cenário político-jurídico, integrando tecnologia e direitos fundamentais na rotina da advocacia. Sua proposta de “reestruturação democrática” contrasta com as candidaturas de continuidade, destacando a necessidade urgente de reinventar a instituição para evitar a perda de relevância.
Quem melhor se posicionou na pergunta “Por que eu quero ser presidente da OAB/SE?”
Nesta questão, Clara Machado apresentou a resposta mais estruturada e contundente. Sua proposta é clara como ela: transformar a OAB em uma entidade mais ativa, moderna e inclusiva. Clara articula bem a urgência de uma gestão transparente e democrática, destacando a necessidade de uma reestruturação profunda para enfrentar desafios tanto internos quanto externos. Sua resposta foi a mais direta e inspiradora, com um apelo forte à inovação e ao protagonismo.
Por outro lado, Eduardo Roberti trouxe um discurso igualmente persuasivo, mas mais voltado à representatividade e ao apoio aos jovens advogados, prometendo uma OAB mais acessível e integrada às necessidades iniciais da carreira. Sua resposta foi prática, com foco na inclusão e inovação.
Daniel Alves, em contraste, apostou na continuidade de uma gestão que já obteve resultados. Apresentou-se como o candidato da segurança e estabilidade, o que pode atrair eleitores que desejam manter as políticas atuais. Porém, faltou um toque mais arrojado na sua resposta, especialmente diante das críticas por maior modernização e transparência.
Já Ana Lúcia apresentou uma visão mais emocional e de base, enfatizando a inclusão e a devolução do valor da anuidade. Seu discurso foi forte em aspectos de empatia e humanização da gestão, mas careceu de uma abordagem mais detalhada sobre modernização e inovação tecnológica, o que pode ser uma expectativa dos advogados mais jovens.
Conclusão
As eleições da OAB/SE deste ano apresentam um confronto de ideias e perfis claramente distintos. Roberti busca uma OAB mais representativa e acessível; Clara defende uma instituição modernizada e ativa; Daniel foca na continuidade de uma gestão consolidada; e Ana Lúcia aposta na inclusão e empatia como pilares de uma nova liderança.
Cabe à advocacia sergipana escolher entre uma renovação mais profunda, como propõem Clara e Eduardo, ou uma continuidade com avanços graduais, como Daniel e Ana defendem. Seja qual for o resultado, o futuro presidente terá a responsabilidade de unir a classe e fazer a OAB/SE mais atuante, inclusiva e relevante no cenário jurídico e social. Veja a respostas dos candidatos:
Currículo Eduardo Torres Roberti
Eduardo Torres Roberti, advogado há mais de 20 anos, sócio gestor do Roberti Advogados com atuação a nível Estadual e Nacional, Mestre em Direitos Humanos pela Universidade Tiradentes, Especialista em Direito do Trabalho pela UFBA, professor universitário há 12 anos na Universidade Tiradentes nas cadeiras de Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Prática Trabalhista. Candidato a Presidência da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Sergipe para o triênio de 2025/2027.
Por que decidiu disputar a eleição à Presidência da OAB/SE?
A candidatura para a Presidência da OAB/SE foi por mim recebida com bastante entusiasmo, pois é fruto de uma construção de ideais e propósitos que tem como prioridade toda a advocacia do nosso Estado. A REPRESENTATIVIDADE é a resposta da necessidade do efetivo resgate da advocacia, é reconectar com advogados e advogadas que há muito tempo vêm sendo colocados em segundo plano a despeito de interesses de pequenos grupos, é a verdadeira missão que estou enfrentando com um time de profissionais – advogados e advogados/professores – de respeito e responsável por formar milhares de advogados e advogadas. Com isso, para mim ser o Presidente da OAB/SE é ter um olhar voltado para as necessidades da advocacia do nosso Estado promovendo o seu fortalecimento, fazendo com que a OAB/SE efetivamente assuma o seu papel de Entidade Representativa quebrando todo o tipo de segregação. É incentivar o primeiro escritório dos advogados e advogadas no início de carreira, implementando programas de apoio e oferecendo consultoria e incentivos para a abertura de escritórios, com capacitação e formação continuada, oferecendo cursos, workshops e parcerias com as instituições de ensino. É proteger e fortalecer a atuação da advocacia para que as nossas prerrogativas sejam respeitadas, enaltecendo a importância da advocacia para o Estado Democrático de Direito. É construir uma gestão com inovações tecnológicas, facilitando o trabalho dos advogados e a gestão da própria entidade. É reassumir o papel da OAB na defesa dos direitos fundamentais, tendo uma atuação de forma mais ativa e participativa nas questões sociais e jurídicas que afetam a sociedade.
Currículo Daniel Alves Costa
Daniel Alves Costa formou-se em Direito em 2006, em Aracaju. É casado com a arquiteta Patrícia de Aguiar F. Costa, com quem tem duas filhas, Marcela e Natália. Inspirado pela mãe, uma advogada atuante em Direito de Família, decidiu seguir a carreira jurídica, com a vocação para advocacia surgindo ainda na adolescência. Especializou-se em Direito Eleitoral e Improbidade Administrativa, atuando nos tribunais superiores em Brasília e em tribunais regionais pelo Brasil. É pós-graduado em Direito Processual Civil e em Direito Civil e Processo Civil, com especializações adicionais em Direito Eleitoral, Constitucional e Direito Público. Além disso, é membro do Instituto Sergipano de Direito Eleitoral (Isede). Foi procurador-geral dos municípios de Neópolis, Riachão do Dantas e São Cristóvão, além de atuar como assessor jurídico na Assembleia Legislativa e câmaras municipais em Sergipe. De perfil conciliador e líder nato, preside a OAB/SE desde 2022. É sócio e coordenador do Núcleo de Direito Público do MACAP – Advogados Associados, e integra o corpo diretivo do Fundo de Integração e Desenvolvimento Assistencial dos Advogados (FIDA) e do Comitê Regulador do Marketing Jurídico do Conselho Federal da OAB.
Por que decidiu disputar a reeleição à Presidência da OAB/SE?
O trabalho realizado nesses dois anos e dez meses para manter a OAB independente, forte e acolhedora tem feito diferença na trajetória profissional de muitos advogados e advogadas. A OAB/Sergipe mantém as portas abertas à classe com ações que valorizam todos os núcleos da advocacia em Sergipe, desde a jovem advocacia até a sênior, além de promover uma marcante presença da mulher advogada no papel institucional da Ordem. Concretizou os compromissos assumidos em 2021, mas ainda há muito por fazer. Estando em processo de interiorização da OAB, é essencial para assegurar à advocacia do interior condições adequadas ao pleno exercício da profissão, com novas sedes em construção, reformas de unidades antigas e introdução de escritórios compartilhados (coworking), além da reforma de diversas Salas da Advocacia e da conquista de novas varas de Justiça em fóruns de vários municípios.
A OAB também passa por uma modernização administrativa e tecnológica, que a coloca em pé de igualdade com as melhores seccionais do país. No campo político-institucional, destaca-se a criação do Protocolo Unificado de Combate à Violência Contra a Mulher – sendo a primeira seccional a desenvolver esse documento inovador, que serve de base para o protocolo nacional em desenvolvimento pelo Conselho Federal da OAB. Outro avanço significativo foi a implementação da primeira Procuradoria Especial da Mulher do sistema OAB e da Ouvidoria da Mulher, antigos anseios das advogadas de Sergipe. Por tudo isso – e citei apenas algumas das iniciativas mais relevantes – acredito que estamos no caminho certo, no caminho de valorização da advocacia. Esse trabalho não pode parar. Precisamos seguir em frente, conectados a esse projeto de uma nova e verdadeiramente legítima OAB.
Currículo de Ana Lúcia Dantas Souza Aguiar
Advogada, especialista em direito material e processual do trabalho; processual civil; gestão pública e empresarial. Atua na área do Direito Trabalhista, Empresarial, Financeiro, Meios Eletrônicos de Pagamentos e Tecnologia, Família e Sucessões.
Responsável pela implantação do Departamento Jurídico da SEAC – Sergipe Administradora de Cartões e Serviços LTDA, empresa administradora do Cartão de Crédito BANESE Card. Março de 2005. Foi Conselheira da ASSAT – Associação Sergipana dos Advogados Trabalhistas nos biênios 2008/2010; 2011/2013 e 014/2016; Presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de Sergipe – CAASE no triênio 2016/2018; Presidente da Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica em Sergipe – ABMCJ/SE, Vice-presidente da AJUCAT – Associação de Juristas Católicos da Arquidiocese de Aracaju/SE, triênio 2020/2023; Vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Sergipe – OAB/SE triênio 2019/2021; Membro Voluntária, Devota das Obras Sociais Santa Dulce dos Pobres em Sergipe. Sócia do Aguiar Beltrão Advocacia e Consultoria; Sócia Idealizadora da ACELERASE Adventure.
Por que decidiu disputar a eleição à Presidência da OAB/SE?
Minha candidatura à presidência da OAB Sergipe surge do desejo da advocacia sergipana, que se vê refletida em minha trajetória de quase 20 anos, marcada por coragem, empatia e compromisso. Já ocupei posições estratégicas, como Vice-Presidente da OAB/SE, onde fui a segunda mulher a ocupar esse cargo, sempre abrindo portas para toda advocacia. Também liderando a Caixa de Assistência dos Advogados de Sergipe (CAASE), implementei ações de inclusão, ampliação de benefícios e cuidado com a saúde e bem-estar dos colegas, devolvendo para o advogado e advogada o valor de sua anuidade por meio de serviços concretos e abrangentes.
Como Presidente da Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica em Sergipe, defendo diariamente a promoção da igualdade de gênero e inclusão para todas as raças, credos e orientações sexuais, pois acredito que uma advocacia forte é uma advocacia igualitária. Sei que a OAB deve ser um espaço de integração entre toda advocacia, preparando a classe para os desafios tecnológicos e contemporâneos.
Estou pronta para liderar uma OAB comprometida com a valorização e defesa dos interesses de todos nós, advogados e advogadas sergipanos. Meu objetivo é resgatar o respeito pela Ordem, unindo a classe com ética e visão de futuro. Por uma OAB/SE formada pela advocacia e para toda advocacia!
Currículo Clara Cardoso Machado Jaborandy
Doutora e Mestre em Direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Especialista em Direito Público. Graduada em Direito pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Professora do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos da Universidade Tiradentes (UNIT/SE), na linha “Direitos Humanos, Novas Tecnologias e Desenvolvimento Sustentável”, da
Graduação em Direito da Universidade Tiradentes e de cursos de pós-graduação da Universidade Tiradentes e da Escola Judicial de Sergipe. Coordenadora do grupo de pesquisa “Direitos Fundamentais, Novos Direitos e Evolução Social”, presente no diretório do CNPq. Advogada militante em Direito Público e Empresarial. Certified Information Privacy Manager (CIPM) pela Associação Internacional de Profissionais de Privacidade (IAPP).
Por que decidiu disputar a eleição à Presidência da OAB/SE?
Após 12 anos atuando na advocacia e no ensino, sinto que é hora de servir a todos os advogados e advogadas, sem distinções entre situação e oposição. Meu propósito é resgatar o verdadeiro espírito da nossa instituição: cuidar da advocacia e transformar a realidade que vivemos.
Minha candidatura busca aproximar novamente a OAB-SE da advocacia e colocar o advogado no centro do sistema de Justiça. Quero que a OAB volte a ser uma referência respeitada, com protagonismo no debate público e posicionamento firme frente aos desafios locais e nacionais. Além disso, acredito na necessidade de implementar ações concretas para fortalecer a nossa classe, como uma rede de proteção às prerrogativas que inclua formação técnica, suporte material e respaldo institucional.
Também pretendo modernizar a gestão da OAB. Precisamos representar com excelência nossos 18 mil inscritos, o que implica promover uma cultura de participação democrática — descentralizando o poder, ampliando o espaço para jovens, adotando transparência e diversificando as oportunidades de trabalho para os advogados. Defenderemos o fim da reeleição, otimizaremos os recursos e integraremos a tecnologia nas rotinas da entidade. Buscaremos ainda nos inspirar nas boas práticas de outras seccionais, como o programa “Anuidade de Volta” da OAB São Paulo e políticas de governança e compliance.
Ao final da gestão, quero que cada advogado e advogada sinta que sua vida melhorou por meio da OAB-SE, a ponto de reconhecer o valor indispensável da entidade. A Ordem precisa retomar seu papel de vanguarda na sociedade, sendo uma defensora ativa da democracia e da união da advocacia. Não podemos mais assistir à nossa profissão e à nossa instituição perderem relevância. A OAB-SE precisa se reinventar — ou corre o risco de desaparecer.