Ontem à noite, a nostalgia bateu forte. Peguei uma garrafa de um bom vinho tinto, daqueles que envelhecem com classe, e deixei a vitrola rodar. O dia foi pesado, mas a política segue mais intensa do que nunca, e nada melhor do que um fundo musical para dar ritmo às palavras. Entre uma taça e outra, enquanto as harmonias de Chico Buarque, Belchior, Gilberto Gil e Rita Lee ecoavam pela sala, as peças da sucessão de 2026 começaram a se encaixar na minha mente.
A política, assim como a música, tem suas notas bem marcadas, seus silêncios estratégicos e seus acordes dissonantes. E foi nesse embalo que as análises fluíram. Entre o xadrez de Mitidieri e Moura, as articulações silenciosas de Alessandro Vieira, a espera paciente de Rogério Carvalho, o lamento sertanejo de Marcos Oliveira e os desencontros institucionais entre Emília e Fábio, tudo parecia uma grande sinfonia do poder – algumas partes bem afinadas, outras ainda desafinadas e cheias de ruídos.
Foi nesse clima que esta coluna foi escrita: entre a bruma leve de Alceu Valença, a poesia irônica de Chico Buarque e a rebeldia de Rita Lee. Porque, na política, assim como na música, cada um tem sua melodia – e o desafio é saber quem vai reger a orquestra quando os holofotes se acenderem. Então, aumente o volume, escolha seu vinho e acompanhe os próximos capítulos dessa trilha sonora chamada política sergipana. Vamos à dança:
Fábio Mitidieri e André Moura: aliança consolidada para 2026, mas com sinais da política no ar – Nos bastidores da política, a relação entre Fábio Mitidieri (PSD) e o ex-deputado federal André Moura (UB) se fortalece como peça-chave para a formação da chapa majoritária em 2026. A aliança, construída com base na gratidão e lealdade, foi determinante na eleição de Mitidieri em 2022, quando Moura entrou no segundo turno e garantiu apoio decisivo. Agora, o cenário começa a dar sinais mais claros. O governador já demonstra que está na “bruma leve das paixões que vêm de dentro”, esperando que André Moura venha “no seu cavalo, peito nu, cabelo ao vento”, como na icônica canção de Alceu Valença. A espera tem um motivo: Mitidieri sabe que Moura tem peso eleitoral e foi peça-chave em sua vitória, o que justifica a promessa da vaga ao Senado. Enquanto isso, Mitidieri busca apoio do PT, tentando consolidar uma frente mais ampla. Nos bastidores, já se especula que Alessandro Vieira (MDB), hoje senador e aliado do governador, pode ser convencido a disputar uma vaga como deputado federal, abrindo espaço para um petista na corrida pelo Senado. Os sinais estão no ar e a política sergipana se movimenta. A relação entre Mitidieri e Moura parece consolidada, mas o jogo ainda tem cartas a serem viradas. O governador articula, aguarda e prepara seu quintal. Agora, resta saber se André virá no galope ou se a bruma levará os planos para outro rumo.
André Moura sabe o tempo da política: sem pressa, mas sempre no tom certo – A política tem seu ritmo, e André Moura (UB) conhece bem essa melodia. “Não se afobe, não, que nada é pra já”, já cantava Chico Buarque, e é assim que Moura conduz seus passos: sem precipitação, mas com a certeza de quem sabe a hora exata de entrar em cena. Ao anunciar sua pré-candidatura ao Senado para o dia 17 de março, Moura não está apenas marcando uma data no calendário eleitoral. Ele está ditando a harmonia do jogo, obrigando Fábio Mitidieri a definir o tom da disputa dentro da base aliada. Com sua movimentação, ele antecipa a sinfonia política de 2026, onde os acordes das articulações começam a soar mais altos. Além disso, Moura já confirmou que sua filha, a deputada federal Yandra Moura (UB), buscará a reeleição. A composição está em andamento, e ele segue conduzindo cada nota com a precisão de um maestro. Mas André não tem pressa. Ele pode esperar em silêncio, no fundo de armário, pois sabe que a política, como a boa música, precisa de tempo para atingir seu ápice. E quando chegar a hora certa, o solo será dele.
Rodovia estadual esquecida: Marcos Oliveira cobra providências enquanto o sertão lamenta o descaso – O sertão sergipano já viu muitos vaqueiros valentes partirem sem que seus nomes fossem lembrados, como na canção imortalizada por Luiz Gonzaga, “A Morte do Vaqueiro”. Hoje, o deputado Marcos Oliveira (PL), filho do sertão, ergue sua voz como um aboio solitário, cobrando providências para a recuperação da rodovia estadual SE-438, a Rodovia Santa Clara, que cedeu com as chuvas de janeiro, levando três vidas consigo. “Ei, gado, oi”, parece ecoar na voz dos sertanejos que ainda esperam a promessa do governo de substituir as velhas manilhas por uma ponte. Mas o tempo passa, a poeira assenta e nada é feito. A estrada esquecida se tornou um lamento, como o gado que muge “sem parar, lamentando seu vaqueiro que não vem mais aboiar”. O deputado, como um vaqueiro que não abandona sua terra, questiona até quando essa espera vai continuar. Enquanto isso, os moradores de Capela seguem sem respostas, temendo que novas tragédias aconteçam. O sertão já perdeu muitas vidas, e Marcos Oliveira insiste: não deixará que essa história se repita como um aboio que se perde no vento, esquecido nas quebradas do sertão.
Zezinho Sobral: o ‘vice abandonado’ de 2026 – A política, como o amor, tem seus ciclos. Um dia, os holofotes brilham intensos, promessas são feitas e alianças parecem inabaláveis. No outro, o tempo passa, os interesses mudam, e quem já foi essencial se vê esquecido. Zezinho Sobral vive agora essa fase: foi deixado de lado, sem espaço na chapa majoritária, como mulher abandonada na canção de Rota Luminosa. “Cuidado pra não se arrepender do que você faz”, canta a música, e talvez seja um aviso para quem descarta aliados tão estratégicos. Zezinho Sobral, antes peça central no governo de Fábio Mitidieri, se vê sem espaço e pode acabar disputando apenas uma cadeira na Alese. Mas, como a letra sugere, “só se dá valor depois que se perde alguém”. No jogo político, descartados podem voltar mais fortes, “mais lindos do que nunca”, prontos para surpreender quem os negligenciou. Zezinho ainda têm tempo para reescrever essa história – e talvez mostrar que, na política, ninguém fica esquecido para sempre.
Alessandro Vieira: o amante traído da política sergipana? – Alessandro Vieira (MDB) vinha se sentindo seguro na relação política com Fábio Mitidieri, acreditando que sua vaga ao senado estava garantida. Mas, nos bastidores, cresce o burburinho de que ele pode ser “trocado” por um nome do PT, caso Mitidieri feche acordo com os petistas para garantir o apoio à sua reeleição. A situação lembra a letra da música “O Amante Traído”, da Banda Karisma: “Não vou negar que me sinto traído por ele”, poderia cantar Alessandro, caso realmente seja deslocado para disputar uma vaga de deputado federal, enquanto um petista assume sua posição ao Senado. A jogada política tem lógica: o PT quer consolidar espaço na chapa governista e, para isso, pode ser que o senador tenha que “voltar para os braços daquele bandido”, ou melhor, abrir mão da vaga para um aliado mais forte dentro da conjuntura eleitoral. O dilema de Alessandro é claro: ele ama o Senado, mas não pode largar o governo Mitidieri, que lhe dá estrutura e segurança política. O problema é que, na política, nem sempre juras de amor garantem um final feliz. E se o cenário se confirmar, Vieira pode perceber que, assim como na música, “só lhe juraram amor na cama”, mas a aliança verdadeira já estava firmada com outro.
Rogério Carvalho e Lula: quem beija a filha, adoça o pai – Na política, alianças são construídas não apenas com palavras, mas com gestos simbólicos. E o senador Rogério Carvalho (PT) parece entender bem esse jogo. Ao levar Lurian Cordeiro Lula da Silva, filha do presidente, para sua equipe no Senado, ele não apenas reforça sua proximidade com Lula (PT), mas também adoça o caminho para garantir o apoio do partido em 2026. A movimentação lembra os versos de Gilberto Gil em Pai e Mãe: “Quem beija a bica da minha filha, adoça a minha”. Ao dar espaço a Lurian, Rogério manda um recado claro: está alinhado com o Planalto e sabe como conquistar a confiança de quem realmente decide os rumos do PT. Enquanto isso, o ministro Márcio Macedo, que também sonha com a vaga ao Senado, vê seu espaço se estreitar. Na política, como na vida, há gestos que falam mais do que discursos. E ao fortalecer seu laço com a família presidencial, Rogério mostra que não quer apenas beijar a mão de Lula, mas garantir um lugar ao seu lado no tabuleiro petista de 2026
Paulo Júnior: fiel às raízes, mas olhando para o futuro – Na política, como no samba, é preciso ritmo, cadência e lealdade às origens. E o deputado estadual Paulo Júnior (PV)tem tudo isso de sobra. Defensor da união da oposição em 2026, ele busca construir um caminho sólido, mantendo os valores que aprendeu com o tempo, mas sempre olhando para frente. Os versos de Diogo Nogueira em Do Jeito Que Sou parecem traduzir o espírito do parlamentar: “Eu sou a semente mais pura que papai plantou, regado por velhos costumes que vovô deixou”. Paulo Júnior vem de uma tradição política de compromisso e coerência, respeitando seus aliados, sua base e os valores que carrega no peito. Ele sabe que a política é feita de ciclos, que “hoje eu tenho um grande amor, amanhã, quem sabe, Deus dará”, mas nunca abre mão daquilo que acredita. Agora, com a responsabilidade de articular a oposição para 2026, ele marca “no surdo as batidas de um coração”, mostrando que sua liderança não é apenas de palavras, mas de ação. Defendendo nomes como André Moura e Rogério Carvalho para o Senado, ele segue regendo um futuro com mais união, com leveza, estratégia e inspiração para compor o destino da oposição. Vai que vai!
Mitidieri e Emília: parceria institucional ou amor que não aconteceu? – O encontro entre Fábio Mitidieri e Emília Corrêa (PL), na última segunda-feira (10), teve um tom institucional, mas, nos bastidores, ficou a sensação de que essa relação não nasceu para ser um grande amor político. Assim como na música “Não Seria Justo”, do Exaltasamba, os dois gestores tentam se entender, mas sabem que estão em lados opostos. “Tá chegando a hora de te encontrar, e eu não sei como vou falar pra você, que eu vou embora e eu vou voltar, pra quem meu coração não quis esquecer”. Mitidieri abre as portas do governo para parcerias com a Prefeitura de Aracaju, mas seu coração político segue preso ao seu grupo. Já Emília, por mais que busque um tom conciliador, carrega a essência da oposição e sabe que, na hora certa, o rompimento pode ser inevitável. Os dois se tratam com respeito, como naqueles relacionamentos em que um tenta se entregar, mas no fundo sente falta de alguém do passado. O problema é que a política, assim como o amor, não se sustenta apenas na boa vontade. E, ao fim desse ciclo, pode ser que cada um siga seu caminho, voltando para os braços do próprio grupo.
Capela segura sua história e conquista o título de Capital da Cana-de-Açúcar – O município de Capela acaba de conquistar oficialmente o título de Capital Sergipana da Cana-de-Açúcar, um reconhecimento mais do que merecido para uma terra que há séculos sustenta sua economia e sua cultura no doce sabor dessa tradição. A lei, aprovada pela Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) e proposta pelo deputado Cristiano Cavalcante (União Brasil), chega para reforçar o protagonismo do município na produção canavieira. E como já dizia Martinho da Vila em Segure Tudo: “Segure tudo que for conquistado, segure tudo que não for de mais”. Capela soube segurar o que construiu ao longo dos anos. A cana-de-açúcar não é apenas um produto agrícola, mas parte da identidade do povo capelense, que fez da plantação, do caldo, da rapadura e da cachaça símbolos de desenvolvimento e sustento. A cidade trabalhou com vontade, não largou sua tradição e agora colhe os frutos dessa valorização. Curiosamente, o maior plantador de cana do município não é Cristiano Cavalcante, mas seu adversário político, Ezequiel Leite. Enquanto Cristiano conseguiu o reconhecimento oficial da cidade como polo da cana, Ezequiel é quem mais movimenta o setor na prática, gerando empregos e fortalecendo a economia local. O título pode ser do município, mas o protagonismo na produção tem nome e sobrenome – e, na disputa política, isso certamente será lembrado. Assim como na música, esse reconhecimento é um sinal de que quem assegura o que tem, fortalece o futuro. Capela, com sua história doce e resiliente, não pretende terminar no “bloco da saudade”, mas seguir firme, construindo oportunidades e mantendo a cultura que a fez grande.
IPTU em Socorro: quem paga direitinho recebe o amor de volta – O município de Nossa Senhora do Socorro já começou a enviar os carnês do IPTU 2025, e, como diz a música de Chico Rey & Paraná, “amor, com amor se paga”. Quem mantém os tributos em dia ganha 15% de desconto na cota única, enquanto aqueles que têm alguma pendência ainda podem garantir 7,5% de abatimento. Mas, assim como no amor, quem esquece suas obrigações pode acabar sofrendo as consequências. “Lhe dei todo meu carinho e recebi só ingratidão”, canta a música, e talvez seja assim que a Prefeitura se sinta ao cobrar os inadimplentes que, ano após ano, deixam de contribuir para os investimentos na cidade. Para evitar desgastes nessa relação, a gestão municipal criou facilidades para o pagamento. Quem quiser, pode emitir o boleto online, pagar via Pix ou utilizar os bancos credenciados, garantindo que o dinheiro volte em forma de melhorias para a cidade. No fim das contas, o IPTU segue a mesma lógica da vida: quem retribui com compromisso e responsabilidade, recebe os benefícios de volta. Quem não colabora… bom, pode acabar sentindo no bolso aquilo que na música se sente no coração.
Política sergipana em ebulição: apesar de tudo, a eleição vem aí – As eleições de 2026 ainda estão distantes, mas a classe política sergipana já sente a temperatura subir. As peças começam a se mover, os acordos são costurados nos bastidores e, como na música de Chico Buarque, “apesar de você, amanhã há de ser outro dia”. Fábio Mitidieri acendeu o pavio da sucessão e agora observa com atenção os movimentos dentro de sua base. As duas vagas ao Senado são o prêmio mais cobiçado, com nomes como André Moura, Rogério Carvalho e Márcio Macedo tentando se consolidar. Enquanto isso, na direita, o ex-senador Eduardo Amorim (PL) deseja voltar ao Congresso, mas teme ser atropelado pelo bolsonarista Rodrigo Valadares (UB). “Você que inventou esse estado, e inventou de inventar toda a escuridão”, Chico já cantava, e no jogo político sergipano, muitos tentam definir o cenário, mas ninguém tem controle absoluto. A disputa pelo Senado e pelas cadeiras da Câmara Federal deve acelerar ainda mais quando André Moura oficializar sua pré-candidatura. O PT acompanha tudo de perto, e há quem sonhe com um grande acordão para garantir a reeleição de Mitidieri. Só que, como já sabemos, na política, “você vai se amargar vendo o dia raiar sem lhe pedir licença”. As estratégias estão sendo montadas, mas o eleitor, aquele que realmente decide, ainda tem dois anos para mostrar que no tabuleiro da democracia, nenhuma jogada é definitiva até que a última peça seja movida.
Ônibus elétricos em Aracaju: modernidade para quem? Emília Corrêa (PL), anunciou com entusiasmo um Projeto de Lei para a compra de 30 ônibus elétricos. A proposta parece, à primeira vista, um avanço na modernização do transporte público da capital. Mas, ao olhar mais de perto, surge a pergunta que não quer calar: comprar ônibus com dinheiro público para ceder a empresas privadas? A prefeita, que sempre criticou o modelo de concessão e o sistema de transporte coletivo da cidade, agora propõe um investimento milionário para beneficiar as mesmas empresas que, há anos, operam com veículos precários e um serviço de qualidade duvidosa. Bela, como na música de Belchior? Talvez. Mas a beleza se esconde nos detalhes. “Ela, o avesso do verso, o processo”, canta Belchior. E o que vemos aqui é justamente um processo invertido: ao invés de exigir que as concessionárias cumpram suas obrigações e renovem a frota com recursos próprios, a gestão municipal assume para si a responsabilidade que deveria ser das empresas. Se o sistema de transporte está falido, não seria o caso de rever contratos e concessões antes de injetar dinheiro público? Se os ônibus elétricos forem mesmo adquiridos, a Prefeitura precisa garantir que eles sejam 100% públicos, operados pela gestão municipal e não apenas um presente para empresários do setor. Caso contrário, a medida pode acabar soando como um subsidio disfarçado para empresas privadas que, até agora, não demonstraram compromisso real com a melhoria do serviço. No fim das contas, o que a população quer não é só ônibus novos, mas um sistema que funcione de verdade. Porque, de boas intenções, o transporte público de Aracaju já está lotado – e não é de passageiros satisfeitos.
Katarina Feitoza e o tal de feminismo em Nova York – A deputada federal Katarina Feitoza (PSD) embarcou para Nova York para participar da 69ª Sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW), na ONU. O evento discute igualdade de gênero e empoderamento feminino, temas importantes e necessários, mas que levantam um questionamento inevitável: qual será o impacto real da viagem da parlamentar para as mulheres brasileiras – e, em especial, para as sergipanas? A situação lembra os versos de Rita Lee em Esse Tal de Roque Enrow: “Ela agora está vivendo com esse tal de Roque Enrow”. No caso de Katarina, ela agora está vivendo com esse tal de feminismo internacional, enquanto, aqui no Brasil, as mulheres seguem enfrentando desafios diários, da falta de políticas públicas eficientes à violência de gênero. O evento tem seu valor, mas será que não seria mais produtivo trabalhar diretamente na implementação de medidas concretas para as mulheres sergipanas? “Eu procuro estar por dentro, doutor, dessa nova geração”, canta Rita Lee. E Katarina parece querer se conectar com as pautas globais. Mas, ao voltar, vai traduzir esse conhecimento em ações concretas ou o feminismo de evento ficará restrito aos discursos e fotos em solo americano? Enquanto isso, muitas mulheres seguem sem creche para deixar seus filhos, sem emprego digno, sem acesso a políticas de proteção e enfrentando desigualdade salarial. No final, a grande questão é: essa viagem será uma bomba que estourou ou só mais uma moda que passou?